domingo, 28 de junho de 2009

A importância das vídeo-aulas para todos nós umbandistas


A vontade do umbandista em discutir temas que realmente importam e impactam diretamente na união do nosso movimento religioso é grande e, neste sentido, devemos reconhecer a importância das vídeo-aulas para este processo.

As vídeo-aulas produzidas pela FTU e disponibilizadas na web pelo sítio http://www.ftu.edu.br/videoaulas2009.php, fizeram com que muitos irmãos, umbandistas ou não, revisitassem seu corpo de conhecimento (epistemologia) e abrissem novas percepções revigoradas sobre o papel do movimento umbandista para a própria sociedade. Tudo isto de forma gratuita e dentro de um canal de comunicação que cada vez se socializa mais pelo mundo com baixo custo de acessibilidade, a internet.

Isto sem deixar de reconhecermos como a Ciência foi trabalhada e relacionada à Umbanda. Lembremos que em cada vídeo-aula, assistimos conceitos profundos das ciências exatas, humanas, sociais, biológicas, entre tantas outras, além da metafísica e seus desdobramentos míticos, místicos e cósmicos. Esta iniciativa que começou no mês de julho do ano passado e concluiu sua primeira fase no final de dezembro permitiu a real aproximação entre os Saberes Acadêmico e Religioso, contemplando também a Arte e a Filosofia.

Como isto foi construído? Com a vivência templária e sacerdotal de anos. Pai Rivas reitor e fundador da FTU, durante 4 décadas vem exercitando o Sagrado em harmonia com os 4 pilares da Gnose Humana (Religião, Arte, Filosofia e Ciência). Este contato de quase meio século com a coletividade umbandista e a sociedade como um todo culminou com a apresentação de uma Faculdade de Teologia Umbandista devidamente credenciada e autorizada pelo MEC. Por sua vez, dentro da faculdade todas as Escolas foram contempladas.

Vale lembrar que a FTU deixou evidente que as vídeo-aulas não representam todo o conhecimento que é elaborado na Faculdade e, muito menos, da Umbanda. Cada vídeo apresenta uma visão sumarizada do teor discutido por seus professores e alunos. Isto também se explica nas palavras ditas constantemente por Pai Rivas e reforçado por ele diversas vezes nas vídeo-aulas: "Não temos a última resposta, pois não temos a última pergunta".

Aliás, é exatamente por isso que a Umbanda é uma Unidade Aberta e em contínua construção. O conjunto de vídeo-aulas mostrou bem isto e foi importantíssimo para preparar um dos principais eventos de diálogo com a sociedade civil neste milênio: o I Congresso de Umbanda do Século XXI. Apesar dos problemas que o nosso planeta sofre hoje nos aspectos espirituais, culturais, sociais, políticos e econômicos, a Umbanda apresenta uma visão renovadora consubstanciada em bens sociais como as vídeo-aulas.

Façamos a nossa parte ao assistir e procurar exercitar dentro de nossos templos este farto material que representa por si só um curso de caráter panorâmico, abrangente e gratuito de fato. As vídeo-aulas apresentam idéias que procuram transformar a humanidade pela Educação.

domingo, 21 de junho de 2009

O SACERDÓCIO UMBANDISTA - Entre a Tradição e a Massificação


Aranauan, Saravá meus amigos,

Estamos colocando a introdução do nosso artigo acadêmico publicado na Faculdade de Teologia Umbandista(FTU): "O SACERDÓCIO UMBANDISTA - Entre a Tradição e a Massificação". O trabalho foi orientado pelo professor da FTU Antonio J. V. da Luz.

INTRODUÇÃO
É inegável a importância do sacerdote e a sua formação em qualquer religião e para a Umbanda, bem como as Tradições Afro-brasileiras, não poderia ser diferente. Principalmente se levarmos em conta a oralidade existente em ambas. A transmissão do conhecimento, da iniciação e também a comunicação interdimensional se dá por meio dela. Na Umbanda, o sacerdote umbandista é o elemento chave para a compreensão de uma determinada vivência da experiência mística que interpreta o Sagrado e cria formas específicas de entendimento e transmissão a qual Rivas Neto (2003) denomina Escolas Umbandistas. Estas últimas, portanto, definem e refletem a experiência do Sagrado em cada determinada comunidade de adeptos.
O presente artigo tem como objetivo central compreender a formação sacerdotal e discuti-la com a proposta de cursos pagos de sacerdócio, alguns até mesmo sem o pré-requisito da mediunidade, propostos recentemente por grupos inseridos no Movimento Umbandista.
Na obra “O Sagrado e o Profano” de Mircea Eliade (1957), um importante historiador e filósofo das religiões da contemporaneidade, é resgatado para a literatura acadêmica dois conceitos fundamentais: a hierofania, ou como é o Sagrado ser no Mundo, e a epifania como manifestação deste mesmo Sagrado.
Sobre a mediunidade usamos dois autores de referência para o Movimento Umbandista - Matta e Silva (1956) e Rivas Neto (1989). Através da investigação da mediunidade realizada pelo primeiro e aprofundada nas obras de Rivas Neto é que podemos entender a especificidade da modalidade mediúnica do espaço religioso umbandista, distinguindo-a claramente das propostas apresentadas pelo espiritismo de Kardec (1857), que até Matta e Silva eram paradigmas na literatura umbandista.
Concomitante à visão do Sagrado e do profano eliadeanos, da mediunidade e do sacerdócio, de Matta e Silva e Rivas Neto, articulamos também as proposições de Prandi (2004) sobre uma perspectiva mercadológica das religiões, que parece ser referencial para grupos existentes no Movimento Umbandista. Acreditamos que o ferramental teórico fornecidos por estes autores concorrem para um aprofundamento do debate proposto neste artigo.
Para avaliar se existe correspondência empírica no meio umbandista aos ensinamentos dos referidos autores, optamos por realizar uma pesquisa de campo sobre o tema mediunidade e sacerdócio com os dirigentes de um dos templos de Umbanda mais antigos do Brasil registrado em cartório: a Tenda Nossa Senhora da Piedade. A partir daí, discorremos sobre as possíveis consequências e impactos dos cursos de de sacerdócio, considerando dois aspectos que reputamos essenciais: o modus operandi tradicional da formação sacerdotal no Movimento Umbandista versus os cursos pagos de sacerdócio, recentemente inventados sem nenhuma relação com as práticas comuns das diversas escolas umbandistas.
Para ler o artigo na íntegra, acesse: http://www.ftu.edu.br/producoes/Artigo_Academico_-_Formacao_Sacerdotal.pdf

domingo, 14 de junho de 2009

Identidade Umbandista e seus efeitos sociais


A identidade umbandista é construída pelas inúmeras influências de tradições e culturas existentes em praticamente todos os pontos do nosso orbe. Não é por menos que a Umbanda é tida como Matriz Religiosa Brasileira, onde seu povo pelos diversos processos de miscigenação representa a síntese do nosso planeta.

Isso é totalmente diferente de utilizar outras religiões como padrão para a nossa. Procuraram imitar o catolicismo por muito tempo, simplesmente adotando algumas de suas práticas. Depois, imitaram o Espiritismo criando falsas necessidades de codificação da nossa religião. Agora querem imitar os Neopentecostais, colocando como salvação a adoção de suas práticas no meio político e econômico.

Dito de outra forma, o umbandista é influenciado a reproduzir soluções de outras religiões dentro de sua comunidade. Ao utilizar soluções próprias da Umbanda, no entanto, é taxada de importar conceitos. Veja como invertem o papel da Umbanda para a humanidade.

Por que classificar a estrutura Umbandista como um prédio sem síndico ou como amontoado de misturas? A Umbanda não é exótica, mas heróica por ser um instrumento importante de renovação da sociedade. A FTU é um exemplo vivo e emblemático desta transformação.

A FTU representa um avanço, uma mudança de patamar, para todos nós umbandistas. Com Ela, a Umbanda demonstrou a importância que dá para a Educação e como Ela pode colaborar com a diminuição das desigualdades religiosas, culturais, sociais, políticas e econômicas.

Podemos afirmar isto ao analisar a realização do I Congresso de Umbanda do Século XXI em suas dependências no ano passado. Acadêmicos e Sacerdotes de todos os cantos do país foram para dentro do terreiro produzir e ouvir conteúdo de peso sobre a Umbanda em aspectos acadêmicos e religiosos que socializam o conhecimento e reconhecem no Homem a solução para os problemas sociais.

Infelizmente muitos criticaram a FTU simplesmente por despeito ou por não terem eles construído a idéia. A visão corporativista já é considera anacrônica para o movimento umbandista, pois as Escolas de Umbanda estão cônscias a cada dia que passa da importância de dialogar e construir meios que dignifiquem a Totalidade de Escolas, respeitando a especificidade de cada Uma. Haja vista que felizmente observamos nas listas de discussão na internet irmãos que criticavam esta aproximação da Umbanda com a Academia através da FTU, reproduzirem textos acadêmicos.

A Umbanda respeita todas as religiões e, por isso mesmo, não se arvora em criticar pejorativamente nenhuma delas. Seus valores são fortes o suficiente para não imitarmos os outros segmentos religiosos. Lembremos que a Igreja Católica e Protestantismo, por exemplo, não acreditam na Reencarnação. Logo, suas abordagens no campo religioso e político são de certa forma justificáveis. O movimento umbandista é essencialmente reencarnacionista e desenvolve caminhos mais abrangentes na solução dos problemas de ordem espiritual e social.

domingo, 7 de junho de 2009

AUMBANDHAN E UMBANDA


Ainda preocupado com a visão de aproximação do saber acadêmico do religioso e vice-versa, vamos dar continuidade ao tema: Aumbandhan.

Dentro do ponto de vista acadêmico, volto a afirmar: Por mais que a Academia não consiga confirmar todos os ensinamentos trazidos por esta Escola sobre a Origem das Origens, com certeza ela não consegue negar. E se compararmos esta visão de Mundo a de outras respeitosas filosofias religiosas, certamente a Umbanda possui uma visão mais próxima da Ciência. Afinal, o Cristianismo não crê que o mundo foi criado em 7 dias e que Eva, literalmente, nasceu da costela de Adão?"

Dentro do ponto de vista religioso vamos aos conceitos metafísicos e lógicos. Tanto Diamantino Coelho Fernandes, como Mestre Yapacany e Mestre Arhapiagha afirmam que o conceito de Aumbandhan é muito antigo. Para o primeiro veio do Oriente. Já para os dois últimos ele é ainda mais antigo: veio em pleno solo brasileiro através da primeva raça Tupy muito antes de chegar ao Oriente.

Dentro desta própria linha de raciocínio, observaremos que nenhum dos autores em questão buscam patentear ou criar exclusivismo para o termo. Ao contrário, Mestre Yapacany faz questão de demonstrar no livro "Umbanda de Todos Nós" a existência do vocábulo nas antigas religiões e, neste caso, invariavelmente cita as tradições orientais e alguns escritores ocidentais que estudaram o assunto com afinco, por exemplo Eugênio Bournoff e Arhtur Shopenhauer.

Mestre Yapacany faz citações do Budismo, tomando como base livros antiqüíssimos na língua Zend, da expressão "Kumbanda" que por processos filológicos e semânticos veio de Aumbandhan e deu origem ao vocábulo Umbanda.

Mesmo assim Mestre Yapacany afirma que o conceito ainda não foi o mais antigo encontrado nos registros históricos. Ele afirma que o mesmo é Universal e era conhecido e venerado antes mesmo do cisma de Yrschú há 8600 anos!

A própria Tenda Espírita Mirim(TEM) não visa exclusivismo no termo. Muito pelo contrário. Essa valorosa Escola possui laços sinceros de amizade com a Escola conduzida por Pai Rivas, corroboradas pelo relacionamento fraterno dele com o Sr. Mirim (dirigente da TEM) como pode ser visto na sua última visita ao RJ; onde ambos participaram de uma gira de Confraternização que conseguiu reunir inúmeras Escolas umbandistas do Estado do Rio de Janeiro.

Finalizando, não podemos olvidar que a teoria da Aumbandhan foi pela primeira vez construída com corpo teológico de profundidade pelo Mestre Yapacany e aprofundado pelo Mestre Arhapiagha. No entanto, ambos os escritores não estão preocupados como patentes ou marcas, mas como este conceito pode auxiliar o movimento umbandista e a sociedade hodierna a alcançar patamares mais justos e igualitários.