Aranauan, Saravá, Axé!
"Assim uns reconhecem e outros negam as várias Umbandas, creio que podemos trilhar um caminho do meio, no qual a Umbanda é una na essência e diversa nas formas de praticá-la. O UM da Unidade e a BANDA da Diversidade".
Diante desta citação muitos irmãos poderiam achar que evocamos palavras de Pai Rivas. De fato, estas ideias são expressas por nosso pai espiritual há alguns anos para não dizer décadas de forma inédita, é bom registrar. Porém estas palavras foram escritas pelo Cumino o que nada temos contra, apenas mostra a inconsistência e uma oscilação entre vários pensamentos por falta de uma base sólida que não encontrou no Saraceni. Não sabe onde se apoiar, então começa a atirar para todos os lados, no melhor estilo "o que colar colou". Porém precisamos evocar os fatos e como se diz no jargão popular: contra fatos não há argumentos.
O leitor que não conhece os livros do Saraceni poderia até achar interessante suas obras quando o Cumino o cita:
"Não consideramos nenhuma das correntes melhor ou pior e nem mais ou menos importante para a consolidação da Umbanda, Todas foram, são e sempre serão boas e importantes, pois só assim não se estabelecerá um domínio e uma paralisia geral na assimilação e incorporação de novas práticas ou conceitos renovadores"(Formulário de Consagrações Umbandistas, pág. 19. Rubens Saraceni)
Acontece que isto é plágio das ideias da FTU (que já estava regulamentada desde 2003) e, principalmente de seu fundador, Pai Rivas que com os 7 ritos e outras atividades do seu terreiro já disseminava estes conceitos.
No entanto, o discurso codificador é defendido pelo mesmo Saraceni das palavras acima, em franca oposição a sua proposta claramente homogeneizante a ponto de ficar registrado no livro Código de Umbanda (sem comentários sobre o nome) e em outros livros do pai de santo do Cumino. Vejamos com atenção:
"As idealizações, ainda que sejam divergentes, são necessárias pois mais dia menos dias, uma delas se imporá em definitivos sobre todas as outras e, daí em diante, todos os umbandistas rezarão pela mesma "cartilha"" (Código de Umbanda, pág. 31. Rubens Saraceni)
"Pai Benedito de Aruanda e mestre Seiman Hamiser Yê, de fato, revolucionaram o repetitivismo existente até os anos 90 do século XX e deram início à abertura dos mistérios da Umbanda e a uma codificação ampla e ilimitada, pois nas sete vibrações divinas estão todos os orixás, nas sete linhas..." (Tratado Geral de Umbanda, pág. 19. Rubens Saraceni)
Estas são apenas algumas das citações que, literalmente, poderíamos trazer outras dezenas para reforçar o exposto. Não obstante, em 2004 o Saraceni fundou a AUEESP. Uma Associação de Umbanda que tem, entre outros objetivos, conforme estatuto registrado no 7º Cartório de Documentos de SP e com mesmo endereço do Colégio de Umbanda (acessível por todos por se tratar de cartório):
"Depurar das práticas de umbanda elementos de cultos estranhos a ela"; "Normatizar gradativamente seu culto e liturgia , doutrina e práticas mediúnicas e ritualísticas para que todos falem a mesma "língua"" e "Separá-la dos outros cultos Afro-brasileiros, fato este que beneficiará a todos e tornará cada culto responsável por seu rebanho de fiéis"
Diante do exposto, como é possível para alguém que deseja separar a Umbanda dos demais cultos Afro-brasileiros, inclusive encarando o mesmo como benefício, defender diversidade? Usar a expressão Una em essência, notadamente copiada sem a devida citação do Pai Rivas?
Além disto, o Cumino apresenta um livro seu de 2010 que se dispõe a falar nada mais nada menos que a História da Umbanda e deixa de lado inúmeros fatos que serão tratados em trabalho nosso futuro. Mas só o fato de olvidar a história, um livro que quer descrevê-la denota a limitação do autor. Pois bem, neste mesmo livro o Cumino tenta falar de várias "umbandas" separando em branca, cristã (sendo que além dos seus praticantes, até mesmo os acadêmicos consideram a mesma coisa), tradicional, pura, sagrada ou natural, jurema, esotérica, entre outras. Claramente numa tentativa de associação com o conceito de Escolas, porém o faz com erros crassos.
Como defender, por exemplo, uma Umbanda de Jurema, se o pai de santo do autor que ele se baseia afirma ser necessário separar a Umbanda dos demais cultos afro, no qual a Jurema está claramente integrada? Não dá, a não ser que abandonasse as ideias do seu pai de santo e estudasse os conceitos mais elementares da teologia umbandista como o de Escolas. Mas para aprofundar não tem jeito, precisaria cursar a Faculdade e parar de ministrar conceitos errados em curso livre. Porém como largar o osso, não é mesmo?
Ainda no raciocínio cita Umbanda Esotérica sem falar de W. W. da Matta e Silva e F. Rivas Neto, sacerdotes que são respectivamente introdutor e detentor da Raiz. Isto mostra o despeito, a falta de respeito e o descompromisso com a verdade.
Também cita uma própria umbanda sagrada ou natural que seria de Rubens Saraceni. Mas por tudo que o autor defende e principalmente as citações que trouxemos, este grupo quando muito poderia ser caracterizado como seita. Não como Escola. Nenhuma Escola quer codificar a Umbanda, muito menos ser maior que as demais. As citações trazidas são indiscutíveis.
Além disto, preservar a unidade da Umbanda indo contra a tradição keto quando coloca Oyá, Yansã e Egunitá como Orixás diferentes? Também afronta a tradição angola ao considerar o Inkice Tempo como Orixá e tendo outra definição. Quem não faz Umbanda natural do Saraceni é anti-natural?
Mais do que isto, qual Umbanda não é Sagrada ou Natural? Pasmem, o próprio Cumino chega a dizer isto no seu texto, mas mantém a estapafúrdia classificação. Insisto para que os irmãos observem a limitação das ideias e desconexões publicadas em um livro!
Mas se não existe legitimação neste pensar codificante, a ponto do próprio seguidor (Alexandre Cumino) agora apontar para outras ideias mais universalistas claramente copiadas do Pai Rivas, mesmo o Cumino não conseguindo compreender bem, qual seria a forma que o Saraceni optou para se colocar com codificador?
Simples, evocando Deus. "Alguém até poderá contestar-me indagando sobre quem me iniciou. E eu só tenho uma resposta: Deus me iniciou e tornou-me um "iniciador natural" de Magias".(O Código da Escrita Mágica Simbólica, pág. 104. Rubens Saraceni) – Sem comentários.
Assim gostaríamos de deixar claro que não basta falar sobre diversidade. Não adianta fazer email dizendo uma coisa, mas no dia seguinte dar aula em curso livre colocando a sua visão de umbanda como sagrada, natural, melhor que as demais. Até para ensinar uma criança, precisamos dar o exemplo. Dentro das religiões afro-brasileiras que são pela tradição oral não pode ser diferente. Nas palavras do Pai Rivas é preciso saber, fazer, viver e ser.
De fato existem várias "umbandas" que preferimos usar o termo Escolas por ser mais adequado como linguagens de uma mesma ideia em essência que é a Umbanda ou religiões Afro-brasileiras. Pegar o conceito do meu pai e mudar algumas palavras para tomar para si é antes de tudo antiético e destituído de razão. Demonstra total descompromisso com os leitores e subestima a inteligência de todos nós. É preciso sair da aparência e viver em essência. Ainda há tempo, mas contra fatos não há argumentos!
Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)
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