Aranauan, Saravá, Axé,
Em sua última publicação "Religiões afro-brasileiras - Filosofia das massas e preconceito" (http://sacerdotemedico.blogspot.com.br/2013/06/religioes-afro-brasileiras-filosofia.html), Pai Rivas discute as relações de poder que vão de uma ponta a outra, ou seja, tanto no caso da copa quando o estádio dos populares se transforma em "arena" moderna das elites; quanto ao pensamento político que faz da filosofia liberal o pilar central de uma filosofia das massas.
Este modus operandi atual, que em essência continua bebendo das mesmas chagas espirituais e sociais, cria roupagens simbólicas, caso da tecnologia, para impor uma ideologia simples e nefasta: exclusão. Sim, esse preconceito que marginaliza, é direcionado aos negros, índios, mestiços, gays, adeptos das religiões de transe, mas no fundo o pobre é o ponto comum. Dito de outra forma, o câncer para as elites de nossa sociedade são expressas naqueles que não podem atender aos anseios de um consumismo desenfreado. Portanto, para resolver, basta eliminá-lo (sic). É isso que os estádios, ou melhor as "arenas" (as mesmas que no passado significavam o ópio do povo, que recebiam lutas entre gladiadores), acabam consolidando com seus preços impeditivos. O mesmo acontece quando queremos acessar saúde e educação. Só quem tem poder aquisitivo consegue usufruir de tais itens essenciais com qualidade.
E onde entra o povo de santo nisso? Fazemos parte desta mesma sociedade. Nossas atitudes e comportamentos são influenciados e influenciam o todo. Segundo, porque ritualizamos o viver coletivo. Essa vida em comunidade nos leva a cada vez mais equilibrar público e privado, individual e social, sempre calcado na ética dos Orixás que se apresenta como uma contra-cultura, logo indo de encontro ao status quo.
O terceiro, e não menos importante, são as ações que exercitamos dentro do ambiente religioso afro-brasileiro. Enfrentamos o preconceito endógeno e exógeno. Lutamos contra esse "embranquecimento" das Religiões Afro-brasileiras, porque sabemos que nossa fé não tem cor ou etnia. Nossa crença aceita a todos. Apresentamos nosso estilo de vida para a sociedade, seja pela academia, seja pelo terreiro, sem homogeneizar ou hegemonizar. Não somos melhores, nem piores, somos apenas diferentes. Natural rechaçar qualquer carta que queira codificar o povo de santo. Se aprendemos isso dentro do terreiro, podemos fazer militância fora dele. Sem querer "europeizar" o Brasil, sem querer impor um código de conduta ao nosso jeito de ser brasileiro. Sermos o que somos. Simples assim.
Essas ideias extraídas do blog de Pai Rivas que permitiram as minhas breves palavras, levam a admitir que isso é verdadeiramente fazer política. Não no sentido partidário, de obter cargo ou função política. Para Ele, não é necessário parecer político, mas sim ser político. Sua atuação como pai de santo com décadas de casa aberta e ação em favor de todas as religiões afro-brasileiras demonstra de forma indelével que um filá de Babalawô pode fazer muito mais do que um mandato político.... E deixa a Gira girar!
Nenhum comentário:
Postar um comentário