segunda-feira, 27 de abril de 2009

A Unidade Aberta não pode se fechar


A Umbanda possui uma metodologia que está na vanguarda da sociedade. Afinal, assim como o discurso acadêmico, percebemos o nosso movimento como uma Unidade Aberta em Construção. Porém nem sempre isto foi compreendido por parte da nossa comunidade.

Alguns irmãos planetários na dificuldade de compreenderem o que os próprios sacerdotes de seus terreiros afirmavam, adotaram as ideologias de outras religiões. Como exemplo, vamos citar aqueles que importaram a mensagem espírita "kardecista" e observar quais foram as suas conseqüências.

A primeira, e talvez mais óbvia, é entender a Umbanda como uma religião confusa e desorganizada devido ao fato de não possuirmos uma codificação, um codificador. Quantos livros nós não vimos na prateleira das livrarias com temas do tipo "código de umbanda"? Só esqueceram de avisar aos Guias que baixam no terreiro como funciona este código feito por encarnados...

Outro fator não menos importante é a tentativa de reconhecer na influência africana da Umbanda uma forma primitiva ou mesmo "incivilizada" de expressão religiosa. Tantas vezes escutamos a história do Zélio de Moraes na Federação Espírita de Niterói e mesmo assim observamos a persistência de alguns neste discurso etnocêntrico. Até quando?

Para não estender muito assunto, fiquemos em último aspecto. Muitos irmãos procuram extirpar o mestiço na Umbanda, evocando um "purismo" utópico, simplesmente pelo fato de não aceitarem o sincretismo religioso como algo positivo. Tudo entrou na classificação de folk, superstições e crendices. Usaram o nosso imaginário para nos achincalhar.

Neste sentido, lembro o "Livro dos Espíritos" e a seguinte passagem racista: "(...)dir-se-á, sem dúvida, que o Hotentote é de uma raça inferior; então, perguntaremos se o Hotentote é um homem ou não. Se é um homem, por que Deus o fez, e à sua raça, deserdado dos privilégios concedidos à raça caucásica? Se não é um homem, porque procurar fazê-lo cristão?" (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Instituto de Difusão Espírita, Araras, São Paulo, sem data, capítulo V, p. 127 – Grifo nosso).

Já no livro "Missão do Espiritismo", 6ª edição da Livraria Freitas Bastos, Ramatís coloca a Umbanda como religião inferior quando comparada ao Espiritismo. Observemos o "Capítulo IX - Espiritismo e Umbanda", mas especificamente os seguintes trechos: "Pergunta) Os espíritas criticam a Umbanda porque é doutrina demasiadamente apegada aos fenômenos da vida material! Que dizeis? Resposta) Não há dúvida. A Umbanda ainda é culto fetichista(...)" (Página 145) e "O Espiritismo, como sistema o doutrina dos espíritos, firma os seus postulados nas bases principais transmitidas do Além, enquanto a Umbanda, na atualidade, ainda é sincretismo religioso, amálgama de concepções heterogêneas de crenças, folclores, superstições, ritos e costumes religiosos de diversas raças e povos(...)" (página 150). Grifo nosso.

Respeitamos os confrades espíritas, mas não podemos nos calar. Somos umbandistas e a visão desde dentro da Umbanda precisa ocupar lugar central no entendimento da própria Umbanda. Ou estaria certo entender o "Kardecismo" sob a ótica de uma doutrina externa ao Espiritismo?

domingo, 19 de abril de 2009

“A constante da Tradição Umbandista é a contínua mudança, logo a Umbanda é uma Unidade Aberta em construção”


Aranauam, Saravá meus amigos listeiros,

A FTU lançou no final do ano passado a 16ª vídeo-aula que encerrou ciclo de 2008. Diversos temas foram tratados nesta vídeo-aula e para não ficar muito extenso o nosso texto, vamos abordar a questão de Raiz por dentro do movimento umbandista.

Antes de mais nada, gostaria de trazer um conceito esposado por Pai Rivas desde muito tempo que foi ratificado nesta última aula: "A constante da Tradição Umbandista é a contínua mudança, logo a Umbanda é uma Unidade Aberta em construção". Esta idéia abre um leque de possibilidades permitindo ao umbandista viver em profundo respeito com a diversidade religiosa.

Neste instante surge um questionamento natural: o porquê e como isso acontece.

O porquê se dá pela característica essencial do Universo que também é a constante mudança. Aliás, seu equilíbrio é dinâmico e não estático. Da mesma forma o homem em seus múltiplos aspectos. Logo, se a Umbanda fechasse uma única e exclusiva forma de espiritualizar o cidadão planetário, estaria a mesma engessando uma doutrina que só possuiria aplicabilidade em grupos específicos e em contextos históricos também específicos.

O método, ou seja como isso se dá, pode ser explicado pelo conceito de Raiz. Raiz nada mais é do que Escola. A vídeo-aula foi muito clara. A Umbanda é uma idéia e esta se expressa através de diversas linguagens. Cada linguagem, entenda-se forma de compreensão e vivência da Umbanda, é uma Raiz ou Escola. Com isso, Pai Rivas afirma que não existe uma única Raiz ou Raiz melhor que outra. Existe a Raiz de Guiné, Raiz de Urubatão da Guia, Raiz de Pai Julião, Raiz de Tupanzinho, enfim toda entidade tem raiz.

Esta dinâmica da vida ocorre dentro das próprias Escolas. Cada Escola, por pertencer à Umbanda, também é uma Unidade Aberta em Construção. Com isso a evolução do homem – que requer mudanças constantes – não é frenada, mas acelerada pela Raiz que pertence.

A própria palavra "Raiz" é simbólica. Lembrando a vídeo-aula de número 15, temos que o solo guarda a morte e revela a vida através das plantas. Seguramente a raiz é responsável pela transformação destes elementos e condução da vida. Da mesma forma a Raiz/Escola funciona da mesma forma para o Homem através de processos atraumáticos que encontram na diversidade a sua Unidade.

E deixa a Gira girar!

Observação: As vídeo-aulas estão disponíveis no sítio www.ftu.edu.br

sábado, 11 de abril de 2009

Vídeo-aulas da FTU e Terapêutica Umbandista


Aranauam, Saravá meus amigos,

Para quem assistiu gratuitamente a 15ª vídeo-aula da FTU, disponível no sítio: http://www.ftu.edu.br/, encontramos na parte III um assunto de importância fundamental para o Homem e a Sociedade: Terapia e Liturgia dos Minerais, Vegetais e Animais. Uma abordagem da cura do Espírito através de princípios naturais.

Nesta vídeo-aula Pai Rivas nos ensina os diversos relacionamentos entre Orixá, Ancestrais Ilustres, Natureza e o Homem. No gráfico acima podemos trabalhar conceitos interessantes.

Olhando-o atentamente, encontramos o Mundo Sobrenatural e Natural. No primeiro temos os Orixás e os Ancestrais Ilustres e no segundo a Natureza e o Homem. Assim temos uma interação imediata e dialética do Homem com a Natureza e, também, do Homem com o Ancestral Ilustre. De forma mediata, o Homem se relaciona com o Orixá tendo o Ancestral Ilustre e a Natureza como meio de contato mais comum.

Dentro desta lógica afirmamos que todas as vídeo-aulas abordaram a terapia da alma. Se as três últimas discorreram sobre o assunto objetivamente, as demais contribuíram de forma significativa quando propuseram discutir a etiologia da doença em nível espiritual, cultural, social, político e econômico. Entendamos o porquê.

A Escola de Síntese preconiza o encontro do Homem consigo, com o Próximo, com a Sociedade, com a Natureza e com o sagrado. Aí está a higidez do corpo físico, emocional e mental de todos nós, seres encarnados. As vídeo-aulas trataram inúmeros destes aspectos que vão desde a Origem do Universo até a Origem do Homem Planetário, levando em consideração as questões individuais e comunitárias.

Esta feliz abordagem trazida pela teologia umbandista nos faz concordar com o prof. F. Rivas Neto quando afirma sobre os aspectos da Iniciação (conhecer a origem); seja mergulhando no seu interior através da reflexão (interioridade), seja percebendo o exterior através da atenção que quando aplicado ao outro, surge a alteridade.

Os terreiros com suas linhas de transmissão concretizadas na mediunidade e na iniciação são expressões vivas destes conceitos. A Umbanda e suas Escolas nos proporcionam meios reais para reestabelecer a saúde. Os Guias quando estão no "reino" agem como verdadeiros terapeutas descalços...

domingo, 5 de abril de 2009

A Umbanda mostra como relacionar Teoria com Prática

Mestre Canindé acostado em Pai Rivas produzindo a cura dos males físicos e espirituais

Aranauam, Saravá !

Recentemente temos trazido alguns conceitos sobre a Umbanda, o movimento umbandista e seu relacionamento com a Sociedade desde seus aspectos superficiais até os mais essenciais de forma a não privilegiar nenhum ângulo de interpretação. Somos a favor de todas as formas de se compreender e praticar a Umbanda.

Também não poderia deixar de comentar que boa parte dos conceitos trazidos neste blog foram desdobramentos naturais de dois presentes que o nosso movimento umbandista recebeu da FTU(Faculdade de Teologia Umbandista): Vídeo-aulas gratuitas e I Congresso de Umbanda do Século XXI.

Estes bens socializáveis só foram concretizados por um motivo simples: as pessoas que participam destas iniciativas possuem uma profunda vivência naquilo que apresentam. Ou seja, só existe uma teoria com qualidade, pois ela é praticada dentro e fora das dependências da faculdade.

A 15ª vídeo-aula, disponível no sítio http://www.ftu.edu.br/, é simbólica neste sentido. Após uma profunda explanação sobre conceitos metafísicos, por exemplo ao demonstrar a vida através dos Orixás e Ancestrais no mundo sobrenatural e da Natureza e do Homem no mundo natural, Pai Rivas apresenta como estes podem ser aplicados na saúde dos irmãos planetários através de Garrafadas, Rezas, Mandingas e Simpatias. Tudo de forma gratuita! Disponíveis para quem quiser buscar a saúde espiritual, profissional, emocional e material. Também não podemos esquecer da explanação de 75 ervas com suas propriedades medicinais e, principalmente, rituais.

E como poderíamos deixa de lado o Centro de Cultura Viva das Tradições Afro-brasileiras? Esta casa espiritual busca na vivência dos ritos de Candomblé de Caboclo, Catimbó, Encantaria, Pajelança, Toré, Xambá, Terekô, Babaçuê, Xangô do Nordeste, Mabassa, Culta ao Exu, além das diversas Escolas Umbandistas, resgatar a essência das Tradições com respeito pelas diferenças.

Finalizando, sobre o movimento oscilatório da Umbanda entre o Centro e a Periferia, gostaríamos de disponibilizar um link onde nossa apresentação poderá ser acessada visando uma melhor compreensão dos conceitos esposados: www.conub.org.br/material/Grafico_Umbanda.pps