domingo, 31 de maio de 2009

Ramatís e Umbanda


Sobre Ramatís gostaria de abordar 3 aspectos: Ramatís e seus médiuns; Umbanda versus Aumbandan e importação de conceitos estrangeiros.

Ramatís utilizou diversos médiuns. Hercílio Maes, Marcio Godinho, Norberto Peixoto, América Paoliello Marques, Maria Margarida Liguori, isto só para ficar nos principais. O autor que mais chegou perto da abordagem trazida pelo Hercilio Maes foi a América Paoliello Marques, tanto que seu livro foi prefaciado pelo próprio. Os demais autores produziram conhecimentos muito distantes entre si. Fiquemos no exemplo da Umbanda. Se para Ramatís/Hercilio Maes a Umbanda é culto fetichista, para Ramatís/Norberto Peixoto é a religião do terceiro milênio.

Dado este fato, não podemos olvidar duas coisas. Ou Ramatís mudou radicalmente o seu pensar sobre a Umbanda ou existe uma influência predominante sobre um ou mesmo os dois médiuns em questão sobre a entidade. Em quaisquer possibilidades, fica evidente que devemos evitar Ramatís como referência para compreender o movimento umbandista.

Sobre Aumbandan. Lembremos que Ramatís/Hercilio Maes não nega este conceito. Muito pelo contrário. Senão vejamos: "Etimologicamente, o vocábulo Umbanda provém do prefixo AUM e o do sufixo "BANDHÃ", ambos do sânscrito, cuja raiz encontra-se nos famosos livros da Índia, nos Upanishads e nos Vedas, há alguns milênios". "Aum é o próprio símbolo sonoro significativo da Trindade do Universo representando Espírito, Energia e Matéria (...)". "Bandhã,em sua expressão mística e iniciática, significa o movimento incessante, força centrípeta emanada do Criador, o Ilimitado, exercendo atração na criatura para o despertamento da consciência angélica. Mais tarde também passou a significar a "Lei Maior Divina", poder emanado do Absoluto." – Missão do Espiritismo -6ª Ed. – Cap. Espiritismo e Umbanda - páginas 132 e 133

Durante todo esse capítulo, o pensamento de Ramatís é muito claro. Para ele a Umbanda é um culto que distorceu bastante as relações com o Sagrados da antiga Aumbandan e, apesar de possuir ainda a atuação de alguns Guias de "escol", encontra-se em uma fase muito primitiva devido à influência da magia do negro (ele afirma que a feitiçaria é oriunda desta etnia). Como atua em um plano muito "denso" da magia, a Umbanda limita-se a uma espécie de faxineiro do baixo astral.

Vejamos agora a idéia de Aumbandan e Umbanda trazida por Pai Guiné/Mestre Yapacany, devidamente corroborada e aprofundada por Caboclo Urubatão/Mestre Arapiaga. Para esta Escola umbandista a Aumbandan é o Conjunto de Leis Divinas – a Proto-síntese Cósmica, mas ao contrário do que afirma Ramatís ela não veio do Oriente. Ela surge em plena Raça Lemuriana (que dentro da Escola de Síntese é reconhecida como a primeva Raça Vermelha de nome Tupy), mais especificamente no planalto brasileiro. Depois, por migrações físicas e reencarnatórias, chega ao Oriente e inicia sua volta para o Ocidente até os dias atuais. Perceba que nesta visão a Aumbandan não é nem uma importação de conceitos orientais, nem uma visão nacionalista/ufanista do brasileiro. O conjunto de leis divinas são Universo-descendentes, como bem diz Pai Rivas.

Já a Umbanda é um movimento (no sentido de ser dinâmico, aberto e em construção) religioso que visa através do sincretismo e da convergência restaurar esta condição primeva de harmonia, equilíbrio e estabilidade do Homem com o Cosmos através da Síntese da Gnose Humana. Assim, como foi explicitado nas vídeo-aulas da FTU, a Umbanda consegue agir desde os princípios mais espirituais até a matéria mais densa.

Por mais que a Academia não consiga confirmar todos os ensinamentos trazidos por esta Escola sobre a Origem das Origens, com certeza ela não consegue negar. E se compararmos esta visão de Mundo a de outras respeitosas filosofias religiosas, certamente a Umbanda possui uma visão mais próxima da Ciência. Afinal, o Cristianismo não crê que o mundo foi criado em 7 dias e que Eva, literalmente, nasceu da costela de Adão?

Não devemos confundir o que é "importação de valores estrangeiros" de conceitos para a Umbanda. Lembremos que o conceito de Orixá foi trazido da África, as práticas católicas e espíritas foram importadas da Europa, algumas Escolas Umbandistas importaram dos indígenas norte-americanos suas práticas. Enfim, se construirmos uma visão ufanista da Umbanda certamente perderemos todas essas ricas colaborações devidamente reelaboradas no seio do terreiro e a nossa melhor qualidade identitária: a diversidade!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Queremos a papoula ou a arruda?


Karl Marx afirma no livro "Crítica da Filosofia do Direito de Hegel": "Religion ist das Opium des Volkes".Entendemos o contexto e o direcionamento que Max quis dar a esta idéia, mas com convicção afirmamos que a Umbanda que vivencio está longe deste conceito.
A sociedade brasileira através de suas elites ao longo do tempo, procurou manter o status quo de quaisquer formas e métodos. Para eles, dentro de um pensamento maquiavélico, os fins justificam os meios... Será?
Peguemos o exemplo da escravidão do negro africano. Se por um lado foi horrível a forma como os nossos irmãos d'África aportaram no Brasil, pior ainda observamos seus últimos momentos antes da lei de "abolição da escravatura". Alguns pensadores umbandistas falaram sobre isto e, neste sentido, gostaria de trazer as palavras do sacerdote F. Rivas Neto:
"Não venhamos a entender com isto, que sejamos a favor da vergonhosa e tormentosa escravatura negra. Mas acreditamos que até hoje existe a dita escravatura, independente da tez. Vejamos o porquê de nossas assertivas: Na época da escravatura muitas leis foram para prevalecerem os próprios senhores de engenho e classes dominantes. Assim aconteceu com a Lei do Sexagenário (não era mais produtivo) e a Lei do Ventre Livre (era mais fácil deixá-los à própria sorte que sustentá-las até a idade produtiva). Como vimos, na época, foi um grande engodo. Finalmente, a "libertação dos escravos" foi outro engodo, pois libertou-se o negro sem nenhum planejamento, simplesmente porque ficava "mais barato", não havia necessidade de ônus com alimentação, vestimenta, etc. Mudou-se apenas a nomenclatura. Davam um salário que não dava para a alimentação, quanto mais para as outras necessidades básicas". In: Lições Básicas de Umbanda – 3ª Ed. – Complemento Especial – Aspectos Moral – Esotéricos da Umbanda – pág. 200.
Dentro da lógica de mercado existe produto e serviço. A diferença basilar entre ambos é que o primeiro é um bem tangível e o outro, naturalmente, intangível. O que acontece é justamente isto que Pai Rivas escreveu. O capitalismo selvagem trocou o "produto" miséria, calcado na cor da pele, pelo "serviço" miséria, onde a população é massificada e classificada como "minorias"(!?!?).
A Umbanda auxilia no processo de libertação real da escravatura em todos os dois casos supracitados. Seja percebendo o preto-velho como Mestre da Sabedoria e da Humildade, seja desconstruindo as relações de riqueza como sinal de aperfeiçoamento humano. Dentro do terreiro o Cooperativismo venceu o Corporativismo.
Para o sociólogo Peter Berger* "a institucionalização ocorre sempre que há uma tipificação recíproca de ações habituais por tipos de atores". Na Umbanda constatamos que através de seus terreiros (no âmbito religioso) e da FTU (no âmbito acadêmico) transformou-se em hábito a contra-ideologia de "desmassificação" da miséria e acentuamento dos nobres valores espirituais. Tudo isso através de um processo profundo de Educação para uma Cultura de Paz.
Como disse outrora, a Umbanda trocou a papoula pela Arruda e,com isto, age em parceria com outras áreas da Gnose Humana curando os chagas de ordem espiritual, cultural, social, política e econômica.
* A Construção Social da Realidade – II. A Sociedade como realidade objetiva – pág. 79.

domingo, 17 de maio de 2009

Umbanda e Academia


Dentro da abordagem acadêmica que a Umbanda introduz em sua comunidade através da FTU(Faculdade de Teologia Umbandista), gostaria de desdobrar alguns conceitos trazidos pelo Prof. Dsc. Pierucci quando considera o desenraizamento como fator de sucesso para as religiões acompanharem as necessidades da pós-modernidade e como ele enxerga a Umbanda neste contexto.

Para o prof. Pierucci a Umbanda é uma religião extremamente enraizada e esta pode ser definida como a matriz brasileira. Neste sentido, sua abordagem é que o movimento umbandista perde mercado religioso, devidamente registrado no senso do IBGE, por justamente não conseguir acompanhar a dinâmica do pensamento hodierno que faz com que os indivíduos experimentem inúmeras religiões sem um compromisso específico.

O que podemos dizer disto? Ao nosso ver, a Umbanda não possui uma única Tradição de "matriz brasileira", ou considerando as palavras do Prof. F. Rivas Neto "A constante da Tradição Umbandista é a contínua mudança, logo a Umbanda é uma Unidade Aberta em construção". Com isso entendemos que a Umbanda acompanha a "pós-modernidade", apesar de termos algumas ressalvas sobre esta expressão, por ser justamente desenraizada.

A Umbanda e sua aproximação da visão identitária brasileira se dá muito mais pelo fato do DNA mestiço que possuímos, do que uma compreensão exclusivamente regionalista. O que esta última, fatalmente, levaria ao nacionalismo.

Não é por menos que a Umbanda rejeita a idéia de ser nacionalista. Nas palavras de Pai Rivas: "Enquanto não banirmos a ignorância e o ódio que separam nações, povos, etnias e tradições filosófico-religiosas, não neutralizaremos os apegos do "egoísmo coletivo" (nacionalismo) e do "egoísmo individual" (exclusivismo), ambos mantenedores das misérias físicas e morais". In: Sacerdote, Mago e Médico- Cura e Autocura Umbandista- Parte III – Capítulo: Casos Clínicos e Nosológicos Espirituais – pág. 247.

A força da Umbanda está na sua matriz Universo-descendente, onde nós umbandistas não excluímos as culturas de outras nacionalidades. Ao contrário, dentro deste movimento – que é uma Unidade Aberta em Construção – todas as expressões do Sagrado tem voz e vez.

O que ganharíamos se olvidássemos a nossa diversidade (plural) em troca de uma forma única (singular)? Querem imputar um caráter exclusivista à Umbanda, enquanto nós continuamos na militância de terreiro em prol da Inclusão.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

A origem das Escolas Umbandistas e suas aplicações práticas





Um dos conceitos que melhor conseguiu expressar a diversidade umbandista é certamente o de “Escolas”, tal qual cunhado por Pai Rivas, sacerdote com quatro décadas de experiência e reitor da FTU(Faculdade de Teologia Umbandista).

Escola Umbandista é uma forma de compreender e vivenciar o Sagrado. Cada Escola é formada por um conjunto de conhecimento (Epistemologia), uma conduta (Ética) e uma forma de transmissão destes dois últimos (Metodologia). Mas como surgiram as primeiras Escolas Umbandistas?

Para responder esta pergunta, a FTU nos remete as três matrizes formadoras do nosso povo: português (europeu), o indío (autóctone brasileiro) e o negro(africano). Essas três matrizes são as Escolas primordiais da Umbanda. Através do processo sincrético conhecido por todos nós no Brasil surgiram novas releituras, verdadeiras relaborações que deram origem a todas as Escolas Umbandistas hoje existentes. Por isso que é comum afirmamos que um terreiro possui mais características dos cultos afros outros da pajelança indígena e ainda outros mais com os cultos católicos e “kardecistas”.

Esta compreensão profunda sobre o movimento umbandista é fruto de muitos anos de prática e estudo da Escola de Síntese, fundada e conduzida por Pai Rivas(Mestre Arhapiagha). Podemos entender isto de uma forma simples, mas não menos importante, ao compararmos cada cor com uma Escola de Umbanda.

Suponhamos que a Escola Esotérica, iniciada por Pai Matta(Mestre Yapacany), seja a cor verde. Estar cor é belíssima, mas não é superior ou inferior quando apreciamos outras cores. Algumas pessoas podem até preferir esta cor, mas em nada invalida as demais.

Assim existem irmãos que por falta dessa visão de todas as cores, ou seja do todo, não compreendem o atual trabalho desenvolvido por Pai Rivas quando no início do terceiro milênio instituiu sete ritos diferenciados e representativos da Umbanda como um todo.

Este trabalho foi ampliado originando a FTU e o Centro de Cultura Viva das Tradições Afro-brasileiras. Mesmo vivenciando e explicando a importância de todas as cores, Pai Rivas não descaracterizou o verde. Dito de outra forma, ao buscar a Convergência entre as diferentes Escolas a Umbanda Esotérica não foi negada, mas de fato ampliou as possibilidades de construção de uma Umbanda de Todos Nós, a Proto-Síntese Cósmica.

Utilizamos a palavra “possibilidades” e a mesma é muito pertinente ao se tratar de Movimento Umbandista. Suas Escolas permitem várias percepções da realidade que marcham de forma irrefutável para a Realidade última e Absoluta que é o Espírito. Nesta abordagem surgem os variados ângulos de interpretações de cada umbandista, fruto direto de suas experiências na atual e pregressas encarnações que originam as múltiplas afinidades.

Com um modelo tão inteligente, inclusivo e abrangente, como poderíamos pensar em codificação? Codificar é engessar, limitar este movimento. Dada a manifestação e manutenção da Umbanda através de formas coletivas de expressão, para codificar a Umbanda invariavelmente seria necessário codificar cada um de nós.

Neste sentido ousamos afirmar que as Escolas “umbandizam” seus filhos de fé, enquanto a codificação “robotizam” nossos pensamentos, sentimentos e ações. Nas palavras de Pai Rivas: "A Umbanda vive da diversidade, na diversidade, com a diversidade. A Umbanda é a própria diversidade"

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A diversidade umbandista pode ser com preendida por um único estudo de caso?


Aranauam, Saravá meus irmãos planetários,

Nos últimos emails que escrevemos, procurei demonstrar um pouco do que a FTU transmite para seus alunos e a sociedade civil tomando como referência materiais produzidos por esta instituição de ensino superior e pelo contato que tenho obtido com o seu reitor F. Rivas Neto, meu Pai de Santé.

Se os irmãos observaram bem, o tema focal de nossas discussões foram a diversidade umbandista e seus relacionamentos com a Gnose Humana, exemplificado na relação Ciência X Religião. Pois bem, através da abordagem trazida pelo prof. Dsc. Sulivan Charles Barros no artigo: "Possessão, gênero e sexualidade transgressora: Análise biográfica de uma pomba-gira da Umbanda", gostaríamos de produzir algumas reflexões. O mesmo pode ser acessado através do sítio: http://www.fazendogenero8.ufsc.br/sts/ST30/Charles_%20Barros_Sulivan_30.pdf

Peço aos irmãos interessados no assunto que antes de continuar a leitura de nosso texto, por gentileza, leiam o artigo.

Todos nós temos observado a ótima repercussão nas listas do conceito de Escolas Umbandistas. Somos sabedores que alguns distorceram e outros mudaram os nomes para alegarem uma pseudo-autoria, mas de uma maneira geral o mesmo tem sido discutido com freqüência nos fóruns.

Pois bem, o conceito de Escola Umbandista vem reforçar a importância de entendermos o nosso movimento religioso como uma demonstração harmônica da diversidade religiosa. Cada terreiro possui um papel importantíssimo na construção e perpetuação dos valores trazidos pelo Astral Superior e, para isso, não precisamos estabelecer uma relação de concorrência. Todas as Escolas são importantes para a Umbanda que é uma Unidade Aberta em Construção, como afirma Pai Rivas.

Diante desses fatos, será que conseguiríamos entender toda a Umbanda sem considerar o profundo imbricamento de suas Escolas? Somos apologistas da interdependência e, nesse sentido, não podemos assumir para a totalidade as particularizações trazidas pelo médium da pomba-gira Milena que foram interpretadas e desdobradas pelo prof. Barros na sua produção acadêmica.

Nós que possuímos a visão "desde dentro", precisamos analisar com muito critério tudo que foi dito no artigo em questão para colocarmos nossas considerações utilizando não só o senso comum, mas principalmente o senso crítico como um contra-ponto ao olhar "desde fora". Por tudo isso, os teólogos formados pela FTU possuem e cada vez mais possuirão uma importância capital para dialogar com este importante setor da sociedade.

Dentro deste contexto, corroboramos as palavras do Prof. Reginaldo Prandi no I Congresso de Umbanda do Século XXI realizado pela FTU: A faculdade é o fórum privilegiado para a discussão de profundidade sobre a Umbanda e o seu futuro.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Cursos exclusivistas prejudicam a diversidade umbandista


O conceito de Escolas realmente estimula uma visão muito mais pacifista e convergente da diversidade umbandista. Neste sentido, entender Escolas como formas de interpretar e manifestar o Sagrado é respeitar esta tão propalada diversidade, pois ficam estabelecidos relacionamentos harmoniosos com o outro (alteridade).

Aqueles que pensam que seus grupos estão em um patamar maior ou melhor, imputam uma visão exclusivista. A pluralidade é trocada pela singularidade. Deixamos de ser unos e passamos a estarmos únicos. Normalmente estes grupos traduzem estas visões distorcidas da Umbanda como um todo em cursos para a comunidade, mas prevalecendo uma forma única sobre as demais. Para este tipo de curso, mesmo que fosse gratuito, o prejuízo à união do nosso movimento religioso é evidente.

Academicamente sabemos que quanto maior a extensão, menor será a profundidade. Utilizando o exemplo do email do Araobatan: quanto maior a escala do mapa, mais espaço eu enxergo com menor especificidade. O inverso é verdadeiro. Quanto menor a escala de um mapa, maiores detalhes da região são coletadas. Dado este conceito, fica fácil entender que esta profusão de cursos oferecidos por aí com uma carga horária pequena pouco ou quase nada conseguem passar mesmo dentro de um escopo exclusivista. A questão sai do aprendizado e entra no clientelismo. Sai o foco da informação da qualidade e preza-se pela quantidade de pessoas que farão o curso.

Pior do que estes cursos são os cultos pagos. Sim meus irmãos, existem pessoas que estão divulgando cultos "umbandistas" cobrando ingresso, como se fosse um show ou teatro.

Para estes não basta utilizarem o rótulo "Umbanda". Querem utilizar o mote dela. Por isso, afirmam em um curso específico de um grupo que o mesmo será dado em caráter universalista e panorâmico. Já comentamos isto, mas o que era para ser vivido dentro do terreiro e discutido com outras Escolas passa a ser visto como uma relação clientelista. Quer aprender sobre um assunto específico? Não precisa bater cabeça no congá, basta colocar a assinatura em um cheque.

Estes grupos andam mudando subitamente de opinião. Até ontem achavam a idéia da Umbanda produzir conteúdo acadêmico e respeitoso com a diversidade equivocado. Agora falam como se possuíssem a primazia. Longe estamos de disputar quem falou ou quem pensou primeiro. Para nós, as boas idéias vêm de Aruanda e ponto. Cabe a nós, filhos de fé do terreiro exercitá-las no dia-a-dia.

Felizmente existem casas espirituais espalhadas pelo mundo que não se deixam levar por esta propaganda vazia. O que vale para esses inúmeros cavalos de Umbanda é fazer valer a vontade do Caboclo, do Pai-Velho, da Criança, do Boiadeiro, do Baiano, do Marinheiro, do Exu, do Cigano, enfim do Ancestral Ilustre. Neste sentido, o Astral orientou a construção de uma faculdade que possua em seu bojo não só o respeito, mas principalmente a vivência da diversidade. Para estes irmãos abnegados damos o nosso Paó e rogamos aos Orixás que as construções socializáveis e inclusivas continuem!