Karl Marx afirma no livro "Crítica da Filosofia do Direito de Hegel": "Religion ist das Opium des Volkes".Entendemos o contexto e o direcionamento que Max quis dar a esta idéia, mas com convicção afirmamos que a Umbanda que vivencio está longe deste conceito.
A sociedade brasileira através de suas elites ao longo do tempo, procurou manter o status quo de quaisquer formas e métodos. Para eles, dentro de um pensamento maquiavélico, os fins justificam os meios... Será?
Peguemos o exemplo da escravidão do negro africano. Se por um lado foi horrível a forma como os nossos irmãos d'África aportaram no Brasil, pior ainda observamos seus últimos momentos antes da lei de "abolição da escravatura". Alguns pensadores umbandistas falaram sobre isto e, neste sentido, gostaria de trazer as palavras do sacerdote F. Rivas Neto:
"Não venhamos a entender com isto, que sejamos a favor da vergonhosa e tormentosa escravatura negra. Mas acreditamos que até hoje existe a dita escravatura, independente da tez. Vejamos o porquê de nossas assertivas: Na época da escravatura muitas leis foram para prevalecerem os próprios senhores de engenho e classes dominantes. Assim aconteceu com a Lei do Sexagenário (não era mais produtivo) e a Lei do Ventre Livre (era mais fácil deixá-los à própria sorte que sustentá-las até a idade produtiva). Como vimos, na época, foi um grande engodo. Finalmente, a "libertação dos escravos" foi outro engodo, pois libertou-se o negro sem nenhum planejamento, simplesmente porque ficava "mais barato", não havia necessidade de ônus com alimentação, vestimenta, etc. Mudou-se apenas a nomenclatura. Davam um salário que não dava para a alimentação, quanto mais para as outras necessidades básicas". In: Lições Básicas de Umbanda – 3ª Ed. – Complemento Especial – Aspectos Moral – Esotéricos da Umbanda – pág. 200.
Dentro da lógica de mercado existe produto e serviço. A diferença basilar entre ambos é que o primeiro é um bem tangível e o outro, naturalmente, intangível. O que acontece é justamente isto que Pai Rivas escreveu. O capitalismo selvagem trocou o "produto" miséria, calcado na cor da pele, pelo "serviço" miséria, onde a população é massificada e classificada como "minorias"(!?!?).
A Umbanda auxilia no processo de libertação real da escravatura em todos os dois casos supracitados. Seja percebendo o preto-velho como Mestre da Sabedoria e da Humildade, seja desconstruindo as relações de riqueza como sinal de aperfeiçoamento humano. Dentro do terreiro o Cooperativismo venceu o Corporativismo.
Para o sociólogo Peter Berger* "a institucionalização ocorre sempre que há uma tipificação recíproca de ações habituais por tipos de atores". Na Umbanda constatamos que através de seus terreiros (no âmbito religioso) e da FTU (no âmbito acadêmico) transformou-se em hábito a contra-ideologia de "desmassificação" da miséria e acentuamento dos nobres valores espirituais. Tudo isso através de um processo profundo de Educação para uma Cultura de Paz.
Como disse outrora, a Umbanda trocou a papoula pela Arruda e,com isto, age em parceria com outras áreas da Gnose Humana curando os chagas de ordem espiritual, cultural, social, política e econômica.
* A Construção Social da Realidade – II. A Sociedade como realidade objetiva – pág. 79.
Excelente a Matéria.Parabéns João Luiz
ResponderExcluirSaravá Mãe Maria e Pai Solano!
ResponderExcluirAgradeço o carinho das palavras.
Uma ótima semana para ti.
Caro João Luiz, faltou-lhe um R no sobrenome do Sr. Karl Heinrich Marx, Karl MARX, com R. Ademais, cometeste ligeira tervigersação do sentido proposto por nosso querido renano, o eró marxiano é outro...
ResponderExcluirOlá André! Obrigado pela gentileza do aviso. Já fiz a correção. Quanto contestar o que escrevi, seria mais fácil se colocasse sua visão.
ResponderExcluirSaravá!