domingo, 17 de maio de 2009

Umbanda e Academia


Dentro da abordagem acadêmica que a Umbanda introduz em sua comunidade através da FTU(Faculdade de Teologia Umbandista), gostaria de desdobrar alguns conceitos trazidos pelo Prof. Dsc. Pierucci quando considera o desenraizamento como fator de sucesso para as religiões acompanharem as necessidades da pós-modernidade e como ele enxerga a Umbanda neste contexto.

Para o prof. Pierucci a Umbanda é uma religião extremamente enraizada e esta pode ser definida como a matriz brasileira. Neste sentido, sua abordagem é que o movimento umbandista perde mercado religioso, devidamente registrado no senso do IBGE, por justamente não conseguir acompanhar a dinâmica do pensamento hodierno que faz com que os indivíduos experimentem inúmeras religiões sem um compromisso específico.

O que podemos dizer disto? Ao nosso ver, a Umbanda não possui uma única Tradição de "matriz brasileira", ou considerando as palavras do Prof. F. Rivas Neto "A constante da Tradição Umbandista é a contínua mudança, logo a Umbanda é uma Unidade Aberta em construção". Com isso entendemos que a Umbanda acompanha a "pós-modernidade", apesar de termos algumas ressalvas sobre esta expressão, por ser justamente desenraizada.

A Umbanda e sua aproximação da visão identitária brasileira se dá muito mais pelo fato do DNA mestiço que possuímos, do que uma compreensão exclusivamente regionalista. O que esta última, fatalmente, levaria ao nacionalismo.

Não é por menos que a Umbanda rejeita a idéia de ser nacionalista. Nas palavras de Pai Rivas: "Enquanto não banirmos a ignorância e o ódio que separam nações, povos, etnias e tradições filosófico-religiosas, não neutralizaremos os apegos do "egoísmo coletivo" (nacionalismo) e do "egoísmo individual" (exclusivismo), ambos mantenedores das misérias físicas e morais". In: Sacerdote, Mago e Médico- Cura e Autocura Umbandista- Parte III – Capítulo: Casos Clínicos e Nosológicos Espirituais – pág. 247.

A força da Umbanda está na sua matriz Universo-descendente, onde nós umbandistas não excluímos as culturas de outras nacionalidades. Ao contrário, dentro deste movimento – que é uma Unidade Aberta em Construção – todas as expressões do Sagrado tem voz e vez.

O que ganharíamos se olvidássemos a nossa diversidade (plural) em troca de uma forma única (singular)? Querem imputar um caráter exclusivista à Umbanda, enquanto nós continuamos na militância de terreiro em prol da Inclusão.

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