Blog voltado para exposição de idéias sobre o movimento umbandista e sua influência na sociedade.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Todo Terreiro é uma Escola Umbandista?
Como Pai Rivas diz até o mundo tem pelo menos 4 direções (N, S, L, O) e isso nos faz pensar como um terreiro pode receber influências ou até mesmo realizar ritos de diferentes Escolas. Tudo vai depender da vontade do Astral que comanda aquele agrupamento e a capacidade do Sacerdote de compreender e externar corretamente as várias formas de se fazer e praticar a religião expressos em suas Ordens e Direitos de trabalho.
Se entendermos que todas as Escolas são boas e abertas ao diálogo, seus limites não são definitivos ou estagnados. Peguemos o exemplo trazido por Pai Rivas nas vídeo-aulas*. O que separa uma Escola da outra são linhas tênues, quase inexistentes, repletas de “poros” que permitem o trânsito de informações. Este trânsito é bidirecional, permitindo uma Escola levar o que compreende para outro setor e concomitantemente receber o mesmo do outro. Contudo, o corpo de conhecimento umbandista não está totalmente dado e, para isto, novas Escolas surgirão. Seja por meio de fusões das Escolas existentes ou ampliação de conceitos trazidos pelas primeiras em novos páramos. Isto é Inclusão Total, onde todas as formas de se fazer e praticar Umbanda tem vez e voz em igualdades de condições, pois o Poder vem apenas de cima para baixo e descentralizado na rede social que vivemos.
Isto é diferente de seita que se caracteriza por uma visão etnocêntrica (privilegiar um sobre os demais) milenarista (salvacionista), misoneísta (aversão à mudança); enfim, que transmitem visões exclusivistas onde seus conceitos são fechados e indiscutíveis promovendo um afastamento das Ciências, Artes, Religiões e Filosofias.
Em nada também se aproxima de algumas iniciativas descabidas de fazer uma Umbanda “virtual”, onde muitos se intitulam sacerdotes. Para não gerar melindres ao citar outras tradições, que não é meu objetivo, comentarei o que tentam fazer com a Escola de Umbanda Esotérica, base da Escola de Síntese refletindo o processo que citei anteriormente de ampliação e fusão de Escolas. Alguns se arvoram em escrever na internet que são legítimos sucessores da Raiz de Guiné ativada no último século pelo meu avô de santé sem sequer tê-la conhecido. Vejam bem meus irmãos, não é que a pessoa foi ou não iniciada por Mestre Yapacany, simplesmente não O conheceu. Sem falar do desrespeito à orientação do próprio quando transmitiu a Raiz para Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)**. Novamente evoco as palavras de meu Pai quando afirma que para eles talvez a Umbanda Esotérica seja tão “esotérica” que ocultaram de si próprios. Sem casa, sem discípulos, sem referência. Mãos vazias que transformam suas palavras em uma estrutura que na primeira brisa desmorona por não ter fundamento.
Veja que respeitar as diferenças não significa tolerar o erro. Aceitamos e vivenciamos todas as Religiões Afro-brasileiras porque encontramos no Sagrado o ponto comum e convergente de todos os sistemas filosófico-religiosos, dentro e fora das Tradições Afro-ameríndia-brasileiras. O que não podemos é deixar que seitas utilizem o Sagrado nome da Umbanda para impor algo que as nossas próprias entidades não orientaram ou aceitar pseudo-iniciações realizadas por portas e travessas. A forma de verificação é simples: Vejam os frutos da raiz. Onde baixa Caboclo só pode existir trabalho e felicidade para todos.
* http://www.ftu.edu.br/videoaulas2009.php
** mms://wm01.mediaservices.ws/ftu12-ondemand/FTU_Pronunciamento_42.wmv
quarta-feira, 13 de maio de 2009
A origem das Escolas Umbandistas e suas aplicações práticas

Um dos conceitos que melhor conseguiu expressar a diversidade umbandista é certamente o de “Escolas”, tal qual cunhado por Pai Rivas, sacerdote com quatro décadas de experiência e reitor da FTU(Faculdade de Teologia Umbandista).
Escola Umbandista é uma forma de compreender e vivenciar o Sagrado. Cada Escola é formada por um conjunto de conhecimento (Epistemologia), uma conduta (Ética) e uma forma de transmissão destes dois últimos (Metodologia). Mas como surgiram as primeiras Escolas Umbandistas?
Para responder esta pergunta, a FTU nos remete as três matrizes formadoras do nosso povo: português (europeu), o indío (autóctone brasileiro) e o negro(africano). Essas três matrizes são as Escolas primordiais da Umbanda. Através do processo sincrético conhecido por todos nós no Brasil surgiram novas releituras, verdadeiras relaborações que deram origem a todas as Escolas Umbandistas hoje existentes. Por isso que é comum afirmamos que um terreiro possui mais características dos cultos afros outros da pajelança indígena e ainda outros mais com os cultos católicos e “kardecistas”.
Esta compreensão profunda sobre o movimento umbandista é fruto de muitos anos de prática e estudo da Escola de Síntese, fundada e conduzida por Pai Rivas(Mestre Arhapiagha). Podemos entender isto de uma forma simples, mas não menos importante, ao compararmos cada cor com uma Escola de Umbanda.
Suponhamos que a Escola Esotérica, iniciada por Pai Matta(Mestre Yapacany), seja a cor verde. Estar cor é belíssima, mas não é superior ou inferior quando apreciamos outras cores. Algumas pessoas podem até preferir esta cor, mas em nada invalida as demais.
Assim existem irmãos que por falta dessa visão de todas as cores, ou seja do todo, não compreendem o atual trabalho desenvolvido por Pai Rivas quando no início do terceiro milênio instituiu sete ritos diferenciados e representativos da Umbanda como um todo.
Este trabalho foi ampliado originando a FTU e o Centro de Cultura Viva das Tradições Afro-brasileiras. Mesmo vivenciando e explicando a importância de todas as cores, Pai Rivas não descaracterizou o verde. Dito de outra forma, ao buscar a Convergência entre as diferentes Escolas a Umbanda Esotérica não foi negada, mas de fato ampliou as possibilidades de construção de uma Umbanda de Todos Nós, a Proto-Síntese Cósmica.
Utilizamos a palavra “possibilidades” e a mesma é muito pertinente ao se tratar de Movimento Umbandista. Suas Escolas permitem várias percepções da realidade que marcham de forma irrefutável para a Realidade última e Absoluta que é o Espírito. Nesta abordagem surgem os variados ângulos de interpretações de cada umbandista, fruto direto de suas experiências na atual e pregressas encarnações que originam as múltiplas afinidades.
Com um modelo tão inteligente, inclusivo e abrangente, como poderíamos pensar em codificação? Codificar é engessar, limitar este movimento. Dada a manifestação e manutenção da Umbanda através de formas coletivas de expressão, para codificar a Umbanda invariavelmente seria necessário codificar cada um de nós.
Neste sentido ousamos afirmar que as Escolas “umbandizam” seus filhos de fé, enquanto a codificação “robotizam” nossos pensamentos, sentimentos e ações. Nas palavras de Pai Rivas: "A Umbanda vive da diversidade, na diversidade, com a diversidade. A Umbanda é a própria diversidade"
domingo, 22 de março de 2009
A Umbanda produz Harmonia, Estabilidade e Equilíbrio de forma interdependente

(2) O Poder Operante ou Volitivo dos Arashas Solares aplicado à Substância Solar conferiu-lhes ciclos e ritmos particulares. Estes se expressam através de: Equilíbrio, Estabilidade e Harmonia Planetárias.
(3) O Poder Operante ou Volitivo dos Arashas Planetários ou "Ancestrais" aplicado à Setessência da Matéria confere-lhe ciclos e ritmos particulares. Sua expressão dá-se através dos: Organismo Mental, Organismo Astral e Organismo Etéreo-Físico.
Aranauam, Saravá meus amigos,
No último texto abordamos como a Umbanda se relaciona com a Ecosofia citando a interdependência entre o Cosmos, o Planeta e o Homem. Estes conceitos foram retirados do livro "Sacerdote, Mago e Médico – Cura e Autocura Umbandista" do autor Francisco Rivas Neto.
Visando outros desdobramentos dentro contexto, gostaria de pedir Agô ao referido escritor e transcrever um trecho do livro em questão situado na "Parte II – Medicina de Síntese", mas precisamente no Capítulo "Fisiologia da Energia Sutil: Canais – Chakras":
A Medicina de Síntese, o médico ou o curador tântrico procuram harmonizar o Homem com sua essência, não se esquecendo, porém, que o mesmo possui Organismos Dimensionais. Não fragmenta o binômio Espírito-Corpo; ao contrário, procura incrementar-lhe a unidade.
Lendo o excerto, pediria a atenção do atento leitor às idéias de Equilíbrio, Estabilidade e Harmonia Planetárias. Seguindo o raciocínio de interdependência, e considerando a existência no Homem com seus Organismos Etéreo-Físico, Astral e Mental, temos:
· Harmonia de Pensamentos (Mental)
· Estabilidade de Sentimentos (Astral)
· Equilíbrio de Ações (Físico)
Esta é a proposta da metafísica umbandista: relacionar o Cosmos, o Planeta e o Homem.