O templo umbandista é local consagrado para realização da rito-liturgia específica da Tradição que o estabeleceu e não necessariamente expressa uma Escola. A Escola representa uma Raiz que por sua vez é transmitida por um Mestre-raiz (Linha de Transmissão) constituindo a família de santo. Isso poderia levar a outra questão: Um terreiro que não tem uma Escola definida não é Umbanda? Concluir isto a partir da idéia de Escolas é dar um tom codificador à mesma, o que em hipótese alguma se aplica ao caso. Enxergar as Escolas Umbandistas é abrir um horizonte de compreensão da nossa diversidade de maneira pacífica.
Como Pai Rivas diz até o mundo tem pelo menos 4 direções (N, S, L, O) e isso nos faz pensar como um terreiro pode receber influências ou até mesmo realizar ritos de diferentes Escolas. Tudo vai depender da vontade do Astral que comanda aquele agrupamento e a capacidade do Sacerdote de compreender e externar corretamente as várias formas de se fazer e praticar a religião expressos em suas Ordens e Direitos de trabalho.
Se entendermos que todas as Escolas são boas e abertas ao diálogo, seus limites não são definitivos ou estagnados. Peguemos o exemplo trazido por Pai Rivas nas vídeo-aulas*. O que separa uma Escola da outra são linhas tênues, quase inexistentes, repletas de “poros” que permitem o trânsito de informações. Este trânsito é bidirecional, permitindo uma Escola levar o que compreende para outro setor e concomitantemente receber o mesmo do outro. Contudo, o corpo de conhecimento umbandista não está totalmente dado e, para isto, novas Escolas surgirão. Seja por meio de fusões das Escolas existentes ou ampliação de conceitos trazidos pelas primeiras em novos páramos. Isto é Inclusão Total, onde todas as formas de se fazer e praticar Umbanda tem vez e voz em igualdades de condições, pois o Poder vem apenas de cima para baixo e descentralizado na rede social que vivemos.
Isto é diferente de seita que se caracteriza por uma visão etnocêntrica (privilegiar um sobre os demais) milenarista (salvacionista), misoneísta (aversão à mudança); enfim, que transmitem visões exclusivistas onde seus conceitos são fechados e indiscutíveis promovendo um afastamento das Ciências, Artes, Religiões e Filosofias.
Em nada também se aproxima de algumas iniciativas descabidas de fazer uma Umbanda “virtual”, onde muitos se intitulam sacerdotes. Para não gerar melindres ao citar outras tradições, que não é meu objetivo, comentarei o que tentam fazer com a Escola de Umbanda Esotérica, base da Escola de Síntese refletindo o processo que citei anteriormente de ampliação e fusão de Escolas. Alguns se arvoram em escrever na internet que são legítimos sucessores da Raiz de Guiné ativada no último século pelo meu avô de santé sem sequer tê-la conhecido. Vejam bem meus irmãos, não é que a pessoa foi ou não iniciada por Mestre Yapacany, simplesmente não O conheceu. Sem falar do desrespeito à orientação do próprio quando transmitiu a Raiz para Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)**. Novamente evoco as palavras de meu Pai quando afirma que para eles talvez a Umbanda Esotérica seja tão “esotérica” que ocultaram de si próprios. Sem casa, sem discípulos, sem referência. Mãos vazias que transformam suas palavras em uma estrutura que na primeira brisa desmorona por não ter fundamento.
Veja que respeitar as diferenças não significa tolerar o erro. Aceitamos e vivenciamos todas as Religiões Afro-brasileiras porque encontramos no Sagrado o ponto comum e convergente de todos os sistemas filosófico-religiosos, dentro e fora das Tradições Afro-ameríndia-brasileiras. O que não podemos é deixar que seitas utilizem o Sagrado nome da Umbanda para impor algo que as nossas próprias entidades não orientaram ou aceitar pseudo-iniciações realizadas por portas e travessas. A forma de verificação é simples: Vejam os frutos da raiz. Onde baixa Caboclo só pode existir trabalho e felicidade para todos.
* http://www.ftu.edu.br/videoaulas2009.php
** mms://wm01.mediaservices.ws/ftu12-ondemand/FTU_Pronunciamento_42.wmv
A Umbanda não é sectária, não é discriminatória ... mas sim Ordeira, Respeitosa e Caridosa ... e isto também exigiremos daqueles que vierem de alguma maneira se relacionar conosco .. e podemos sim começar desmascarando os donos/inventores da verdade.... a Umbanda é extremamente simples, basta olhar, estudar e aprender ...(por favor, não me entendam mal quando digo simples ...)
ResponderExcluirUm abraço a todos
João Luiz,
ResponderExcluirtomei a liberdade de recomendar a leitura deste artigo em meu blog. Caso você tenha alguma restrição eu retiro o post.
http://discutindocomofreitas.blogspot.com
Um grande abraço,
Aranauan, Saravá Freitas!
ResponderExcluirFique a vontade para divulgar nossas idéias. Aliás é por este motivo que confio tanto nas redes sociais como fomentadoras do diálogo.
Quanto ao movimento umbandista compreendo o contexto que o irmão cita caridade, mas não a considero suficiente. Caridade é importante e necessária, mas emergencial. Nas palavras de meu pai espiritual a Umbanda vai além, configurando-se como Responsabilidade Social que é estrutural
Um grande abraço,
Yabauara
João Luiz,
ResponderExcluirVacilei, só vi teu comentário hoje ...
Mas estamos falando da mesma coisa ... estamos completamente de acordo (meu conceito de Caridade é o mesmo do Apóstolo Paulo).
Um grande abraço e continue escrevendo.