As Escolas Umbandistas se relacionam de maneira muito interessante com a Tradição e a Inovação. É um conceito tradicional, pois retrata com clareza as diferentes formas de compreender e praticar as Religiões Afro-brasileiras ao longo do tempo. Ao mesmo tempo é inovador, na justa medida que consegue resolver questões que giravam em um ciclo vicioso no movimento umbandista: “Qual a melhor Umbanda?” “Qual a Umbanda Verdadeira?”.
Estas perguntas só faziam sentido se a codificação expressasse a solução. Esta alternativa perdeu força até mesmo entre aqueles que eram seus ferrenhos defensores porque "esqueceram" de combinar isto com todos os terreiros de Umbanda e, principalmente, como os Guias espirituais. O raciocínio é simples e não menos importante: Se a codificação é uma necessidade de “cima para baixo”, por que as entidades ainda não a concretizaram?
Voltemos às Escolas Umbandistas. Os Senhores da Aruanda estabeleceram no movimento umbandista uma forma, nas palavras de Pai Rivas, inteligente e espiritualizada de se bem viver. Considerando que todas as Escolas são boas e válidas, podemos caminhar com a certeza de que apesar do método ser diferente o objetivo é único: o (Re)Encontro com o Sagrado. Logo, se todas as Umbandas são boas, podemos sentar e conversar. Podemos trocar conhecimento, enfim podemos dialogar.
A proposta trazida pelas entidades durante todo este tempo e tão bem expressa e vivenciada na idéia de Escolas Umbandistasvaticinada por Pai Rivas é um divisor de águas. Não por quem a professou, mas pelo o que ela representa e permite a todos nós umbandistas realizarmos em pleno século XXI. É uma idéia sinárquica que facilita o encontro de diversas correntes de pensamento, aceita a diversidade porque a compreende e reconhece sua importância no processo coletivo e espiritual, auxilia a alcançar a tão falada, mas raramente praticada, Paz Mundial.
Se a defesa de idéias como: descentralização do poder na Umbanda de um indivíduo para todos participantes da grande rede social e espiritual que são as Religiões Afro-brasileiras, diálogo, Paz Mundial, Amor e Sabedoria Cósmicos, Unidade na Diversidade é considerada por quem nos critica um ato “fundementalista”, no que pese existir um erro crasso de nominação dos mais básicos, eu aceito o rótulo sem problemas.
Estou mais preocupado com o que está por de trás do véu e quem pode me mostrar um caminho para alcançá-lo pelo exemplo. Graças aos Orixás encontrei um Mestre que tem Raiz com muitos frutos e tenho igual certeza que muitos irmãos de outros terreiros e escolas também encontraram. Como não sou pela codificação e vivo o conceito de Escolas posso reconhecer esta pluralidade e mais do que isso: Unir esforços para construirmos algo melhor para mim e para o próximo consubstanciado na Ética Umbandista.
Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
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