Mostrando postagens com marcador diversidade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador diversidade. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Escolas Umbandistas - Entre a Tradição e a Inovação

As Escolas Umbandistas se relacionam de maneira muito interessante com a Tradição e a Inovação. É um conceito tradicional, pois retrata com clareza as diferentes formas de compreender e praticar as Religiões Afro-brasileiras ao longo do tempo. Ao mesmo tempo é inovador, na justa medida que consegue resolver questões que giravam em um ciclo vicioso no movimento umbandista: “Qual a melhor Umbanda?” “Qual a Umbanda Verdadeira?”.


Estas perguntas só faziam sentido se a codificação expressasse a solução. Esta alternativa perdeu força até mesmo entre aqueles que eram seus ferrenhos defensores porque "esqueceram" de combinar isto com todos os terreiros de Umbanda e, principalmente, como os Guias espirituais. O raciocínio é simples e não menos importante: Se a codificação é uma necessidade de “cima para baixo”, por que as entidades ainda não a concretizaram?


Voltemos às Escolas Umbandistas. Os Senhores da Aruanda estabeleceram no movimento umbandista uma forma, nas palavras de Pai Rivas, inteligente e espiritualizada de se bem viver. Considerando que todas as Escolas são boas e válidas, podemos caminhar com a certeza de que apesar do método ser diferente o objetivo é único: o (Re)Encontro com o Sagrado. Logo, se todas as Umbandas são boas, podemos sentar e conversar. Podemos trocar conhecimento, enfim podemos dialogar.


A proposta trazida pelas entidades durante todo este tempo e tão bem expressa e vivenciada na idéia de Escolas Umbandistasvaticinada por Pai Rivas é um divisor de águas. Não por quem a professou, mas pelo o que ela representa e permite a todos nós umbandistas realizarmos em pleno século XXI. É uma idéia sinárquica que facilita o encontro de diversas correntes de pensamento, aceita a diversidade porque a compreende e reconhece sua importância no processo coletivo e espiritual, auxilia a alcançar a tão falada, mas raramente praticada, Paz Mundial.


Se a defesa de idéias como: descentralização do poder na Umbanda de um indivíduo para todos participantes da grande rede social e espiritual que são as Religiões Afro-brasileiras, diálogo, Paz Mundial, Amor e Sabedoria Cósmicos, Unidade na Diversidade é considerada por quem nos critica um ato “fundementalista”, no que pese existir um erro crasso de nominação dos mais básicos, eu aceito o rótulo sem problemas.


Estou mais preocupado com o que está por de trás do véu e quem pode me mostrar um caminho para alcançá-lo pelo exemplo. Graças aos Orixás encontrei um Mestre que tem Raiz com muitos frutos e tenho igual certeza que muitos irmãos de outros terreiros e escolas também encontraram. Como não sou pela codificação e vivo o conceito de Escolas posso reconhecer esta pluralidade e mais do que isso: Unir esforços para construirmos algo melhor para mim e para o próximo consubstanciado na Ética Umbandista.


Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)

Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

domingo, 12 de julho de 2009

Cursos exclusivistas prejudicam a diversidade umbandista

O conceito de Escolas realmente estimula uma visão muito mais pacifista e convergente da diversidade umbandista. Neste sentido, entender Escolas como formas de interpretar e manifestar o Sagrado é respeitar esta tão propalada pluralidade, pois ficam estabelecidos relacionamentos harmoniosos com o outro (alteridade).
Aqueles que pensam que seus grupos estão em um patamar maior, ou melhor, imputam uma visão exclusivista. A pluralidade é trocada pela singularidade. Deixamos de ser unos e passamos a estarmos únicos. Normalmente estes grupos traduzem estas visões distorcidas da Umbanda como um todo em cursos para a comunidade, mas prevalecendo uma forma única sobre as demais. Para este tipo de curso, mesmo que fosse gratuito, o prejuízo à união do nosso movimento religioso é evidente.
Academicamente sabemos que quanto maior a extensão, menor será a profundidade. Ou, analogicamente, quanto maior a escala do mapa, mais espaço eu enxergo com menor especificidade. O inverso é verdadeiro. Quanto menor a escala de um mapa, maiores detalhes da região são coletadas. Dado este conceito, fica fácil entender que esta profusão de cursos oferecidos por aí com uma carga horária pequena pouco ou quase nada conseguem passar mesmo dentro de um escopo exclusivista. A questão sai do aprendizado e entra no clientelismo. Sai o foco da informação da qualidade e preza-se pela quantidade de pessoas que farão o curso.
Pior do que estes cursos são os cultos pagos. Sim meus irmãos, existem pessoas que estão divulgando cultos "umbandistas" cobrando ingresso, como se fosse um show ou teatro.
Para estes não basta utilizarem o rótulo "Umbanda". Querem utilizar o mote dela. Por isso, afirmam em um curso específico de um grupo que o mesmo será dado em caráter universalista e panorâmico. Já comentamos isto, mas o que era para ser vivido dentro do terreiro e discutido com outras Escolas passa a ser visto como uma relação clientelista. Quer aprender sobre um assunto específico? Não precisa bater cabeça no congá, basta colocar a assinatura em um cheque.
Estes grupos andam mudando subitamente de opinião. Até ontem achavam a idéia da Umbanda produzir conteúdo acadêmico e respeitoso com a diversidade equivocado. Agora falam como se possuíssem a primazia. Longe estamos de disputar quem falou ou quem pensou primeiro. Para nós, as boas idéias vêm de Aruanda e ponto. Cabe a nós, filhos de fé do terreiro exercitá-las no dia-a-dia.
Felizmente existem casas espirituais espalhadas pelo mundo que não se deixam levar por esta propaganda vazia. O que vale para esses inúmeros cavalos de Umbanda é fazer valer a vontade do Caboclo, do Pai-Velho, da Criança, do Boiadeiro, do Baiano, do Marinheiro, do Exu, do Cigano, enfim do Ancestral Ilustre. Neste sentido, o Astral orientou a construção de uma faculdade que possua em seu bojo não só o respeito, mas principalmente a vivência da diversidade. Para estes irmãos abnegados damos o nosso Paó e rogamos aos Orixás que as construções socializáveis e inclusivas continuem!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

A origem das Escolas Umbandistas e suas aplicações práticas





Um dos conceitos que melhor conseguiu expressar a diversidade umbandista é certamente o de “Escolas”, tal qual cunhado por Pai Rivas, sacerdote com quatro décadas de experiência e reitor da FTU(Faculdade de Teologia Umbandista).

Escola Umbandista é uma forma de compreender e vivenciar o Sagrado. Cada Escola é formada por um conjunto de conhecimento (Epistemologia), uma conduta (Ética) e uma forma de transmissão destes dois últimos (Metodologia). Mas como surgiram as primeiras Escolas Umbandistas?

Para responder esta pergunta, a FTU nos remete as três matrizes formadoras do nosso povo: português (europeu), o indío (autóctone brasileiro) e o negro(africano). Essas três matrizes são as Escolas primordiais da Umbanda. Através do processo sincrético conhecido por todos nós no Brasil surgiram novas releituras, verdadeiras relaborações que deram origem a todas as Escolas Umbandistas hoje existentes. Por isso que é comum afirmamos que um terreiro possui mais características dos cultos afros outros da pajelança indígena e ainda outros mais com os cultos católicos e “kardecistas”.

Esta compreensão profunda sobre o movimento umbandista é fruto de muitos anos de prática e estudo da Escola de Síntese, fundada e conduzida por Pai Rivas(Mestre Arhapiagha). Podemos entender isto de uma forma simples, mas não menos importante, ao compararmos cada cor com uma Escola de Umbanda.

Suponhamos que a Escola Esotérica, iniciada por Pai Matta(Mestre Yapacany), seja a cor verde. Estar cor é belíssima, mas não é superior ou inferior quando apreciamos outras cores. Algumas pessoas podem até preferir esta cor, mas em nada invalida as demais.

Assim existem irmãos que por falta dessa visão de todas as cores, ou seja do todo, não compreendem o atual trabalho desenvolvido por Pai Rivas quando no início do terceiro milênio instituiu sete ritos diferenciados e representativos da Umbanda como um todo.

Este trabalho foi ampliado originando a FTU e o Centro de Cultura Viva das Tradições Afro-brasileiras. Mesmo vivenciando e explicando a importância de todas as cores, Pai Rivas não descaracterizou o verde. Dito de outra forma, ao buscar a Convergência entre as diferentes Escolas a Umbanda Esotérica não foi negada, mas de fato ampliou as possibilidades de construção de uma Umbanda de Todos Nós, a Proto-Síntese Cósmica.

Utilizamos a palavra “possibilidades” e a mesma é muito pertinente ao se tratar de Movimento Umbandista. Suas Escolas permitem várias percepções da realidade que marcham de forma irrefutável para a Realidade última e Absoluta que é o Espírito. Nesta abordagem surgem os variados ângulos de interpretações de cada umbandista, fruto direto de suas experiências na atual e pregressas encarnações que originam as múltiplas afinidades.

Com um modelo tão inteligente, inclusivo e abrangente, como poderíamos pensar em codificação? Codificar é engessar, limitar este movimento. Dada a manifestação e manutenção da Umbanda através de formas coletivas de expressão, para codificar a Umbanda invariavelmente seria necessário codificar cada um de nós.

Neste sentido ousamos afirmar que as Escolas “umbandizam” seus filhos de fé, enquanto a codificação “robotizam” nossos pensamentos, sentimentos e ações. Nas palavras de Pai Rivas: "A Umbanda vive da diversidade, na diversidade, com a diversidade. A Umbanda é a própria diversidade"