domingo, 12 de julho de 2009

Cursos exclusivistas prejudicam a diversidade umbandista

O conceito de Escolas realmente estimula uma visão muito mais pacifista e convergente da diversidade umbandista. Neste sentido, entender Escolas como formas de interpretar e manifestar o Sagrado é respeitar esta tão propalada pluralidade, pois ficam estabelecidos relacionamentos harmoniosos com o outro (alteridade).
Aqueles que pensam que seus grupos estão em um patamar maior, ou melhor, imputam uma visão exclusivista. A pluralidade é trocada pela singularidade. Deixamos de ser unos e passamos a estarmos únicos. Normalmente estes grupos traduzem estas visões distorcidas da Umbanda como um todo em cursos para a comunidade, mas prevalecendo uma forma única sobre as demais. Para este tipo de curso, mesmo que fosse gratuito, o prejuízo à união do nosso movimento religioso é evidente.
Academicamente sabemos que quanto maior a extensão, menor será a profundidade. Ou, analogicamente, quanto maior a escala do mapa, mais espaço eu enxergo com menor especificidade. O inverso é verdadeiro. Quanto menor a escala de um mapa, maiores detalhes da região são coletadas. Dado este conceito, fica fácil entender que esta profusão de cursos oferecidos por aí com uma carga horária pequena pouco ou quase nada conseguem passar mesmo dentro de um escopo exclusivista. A questão sai do aprendizado e entra no clientelismo. Sai o foco da informação da qualidade e preza-se pela quantidade de pessoas que farão o curso.
Pior do que estes cursos são os cultos pagos. Sim meus irmãos, existem pessoas que estão divulgando cultos "umbandistas" cobrando ingresso, como se fosse um show ou teatro.
Para estes não basta utilizarem o rótulo "Umbanda". Querem utilizar o mote dela. Por isso, afirmam em um curso específico de um grupo que o mesmo será dado em caráter universalista e panorâmico. Já comentamos isto, mas o que era para ser vivido dentro do terreiro e discutido com outras Escolas passa a ser visto como uma relação clientelista. Quer aprender sobre um assunto específico? Não precisa bater cabeça no congá, basta colocar a assinatura em um cheque.
Estes grupos andam mudando subitamente de opinião. Até ontem achavam a idéia da Umbanda produzir conteúdo acadêmico e respeitoso com a diversidade equivocado. Agora falam como se possuíssem a primazia. Longe estamos de disputar quem falou ou quem pensou primeiro. Para nós, as boas idéias vêm de Aruanda e ponto. Cabe a nós, filhos de fé do terreiro exercitá-las no dia-a-dia.
Felizmente existem casas espirituais espalhadas pelo mundo que não se deixam levar por esta propaganda vazia. O que vale para esses inúmeros cavalos de Umbanda é fazer valer a vontade do Caboclo, do Pai-Velho, da Criança, do Boiadeiro, do Baiano, do Marinheiro, do Exu, do Cigano, enfim do Ancestral Ilustre. Neste sentido, o Astral orientou a construção de uma faculdade que possua em seu bojo não só o respeito, mas principalmente a vivência da diversidade. Para estes irmãos abnegados damos o nosso Paó e rogamos aos Orixás que as construções socializáveis e inclusivas continuem!

3 comentários:

  1. Desculpe a minha ignorância , mas não entendi de quem o irmão estava se referindo, no inicio do texto pensei comentar sobre a faculdade de Umbanda mas no final, há um comentário rogando pelos irmãos abnegados que se dedicam a ela. Então acontece algo que desconheço aí em sua região...Resido na região metropolitana de Porto Alegre na cidade de Canoas, e não ouvi falar por aqui disto. Trabalho em uma casa Universalista fundamentada na Umbanda chamada Luz de Aruanda, conheço a Choupana do Caboclo Pery do dirigente e escritor Norberto Peixoto e também outras casas que praticam a Umbanda tradicional por aqui, mas cobranças de ingresso para adentrar uma sessão de caridade é novidade para mim, estou perplexo.

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  2. Aranauan, Saravá Régis,

    Infelizmente isto é uma realidade. Em nosso campo de atuação na Umbanda conversamos com diversos dirigentes de vários estados e eles confirmam esta prática. Todos os sacerdotes e sacerdotisas que questionamos criticam esta postura, vale a pena frisar.

    Com certeza trata-se de exceção no movimento umbandista, mas como o blog se propõe a pensar a Umbanda, colocamos a nossa opinião sobre o tema.

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  3. Acho tudo isso uma grande babaquice por parte da OICD e de seu João Luis, que é um baba-ovo de Rivas, utiliza-se de um vocabulário pseudo-erudito, sem sentido e sem ter o que acrescentar. Acho que ele deveria cuidar mais da vida em si e se preocupar menos com o destino de cada praticante da Umbanda. Pare de usar termos como: UNO, PLURALIDADAE, UNIVERSALISTA , etc... Isso não acrescenta nada.

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