segunda-feira, 14 de junho de 2010

Metodologia e Epistemologia nas Religiões Afro-brasileiras: A Concretização do Sagrado

Aranauan, Saravá, Axé!

Na semana passada o Blog Espiritualidade e Ciência (http://sacerdotemedico.blogspot.com/) publicou dois textos de significativa relevância. A Assimetria do Sagrado é colocada no primeiro texto como as diversas maneiras na qual Ele se manifesta e interage com os humanos buscando a paz em nossa sociedade. Já a FTU (Faculdade de Teologia Umbandista), abordada na publicação seguinte, possui um papel fundamental tendo como ponto de partida, "dentro" das religiões Afro-brasileiras, fortalecer e expressar por meio de diversas linguagens esta proposta pacífica para a sociedade tanto acadêmica quanto a civil como um todo. Podemos dizer que o terminus ad quem da faculdade coincide com uma proposta dialética entre os saberes tendo como estrutura sustentadora e última a Convergência.

Mas para fortalecer as perspectivas religiosas, em especial as Afro-brasileiras, a Tradição Oral não pode ser olvidada e, muito menos, preterida em relação à Tradição Escrita. É por este exato motivo que a FTU preconiza uma pesquisa séria que leva em consideração tanto os métodos tradicionais quanto formas inovadoras de registro e disseminação do conhecimento acadêmico para estudo e reflexão. Gostaríamos de exemplificar citando outras nobres instituições acadêmicas com este perfil voltado outras áreas de atuação. A FGV-Rio (Fundação Getúlio Vargas) no curso de Mestrado Profissional em História, Política e Bens Culturais abriu a possibilidade de apresentar trabalho de conclusão de curso dos mestrandos sem ser especificamente uma dissertação. São aceitos propostas ou mesmo o desenvolvimento de projetos e produtos específicos (exposições, memoriais, entre outros).

Agora se por um lado é fundamental uma metodologia de ensino, igualmente importante é quem o transmite. Dentro e fora da academia encontramos na sociedade os professores, filósofos, sacerdotes, enfim mestres. Os mestres de fato e de direito que atuam de maneira específica ou integrada na Ciência, Arte, Filosofia e Religião são caracterizados não por sua retórica ou poder ideológico de influência; mas pelo seu discurso e prática que invariavelmente estão orientados para o benefício individual, coletivo e espiritual – mesmo que este último nem sempre está aparente. Afinal, evocando as palavras de Pai Rivas, quem É, Vive; Quem Vive, Faz; Quem Faz, Sabe.

Outra frase tão conhecida de Pai Rivas é que todo rebanho é digno de seu pastor e vice-versa. Sendo assim não negamos a existência de vários ângulos de interpretação na sociedade e que urge a existência de seres responsáveis por transmissões de conhecimento básico para mentes ainda incipientes. Mas em todos os setores e ângulos sempre existirá a responsabilidade de quem transmite e o comprometimento de quem recebe. Aliás, muito justo não é mesmo?

Por isso sejamos sempre fiéis aos nossos pensamentos, sentimentos e ações sem, todavia, deixar de nos eximir da responsabilidade de (re)avaliá-los e verificarmos o quão eles estão mais próximos da felicidade real (individual, coletiva e espiritual citada anteriormente) ou ilusória (apenas para mim o que muitas das vezes nega o Outro). Não precisamos de receitas prontas neste processo contínuo de aprendizado. Podemos despertar em nós a Espiritualidade, afinal ela é inerente a todos os seres humanos, bastando para tal seguir os nossos professores, filósofos, sacerdotes, enfim mestres nos quais o Sacerdote-Médico expressa, na Escola de Síntese, integralmente.


Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

Nenhum comentário:

Postar um comentário