domingo, 4 de março de 2012

Vivenciando o Povo dentro da comunidade do povo de santo!

Aranauan, Saravá, Axé!

É com grande alegria que participei de um rito maravilhoso de Exu nas dependências da Faculdade de Teologia Umbandista. Todo rito é diferente, todo rito tem os seus encantos, suas peculiaridades, enfim, sua magia.

Mas este, como bem lembrado por minha mana Yacyrê foi muito especial. Afinal, contamos com a presença do mundialmente renomado cientista social prof. José Casanova em sua primeira visita ao país. Alguns irmãos de santo estiveram com ele dias antes e, na ocasião, externou sua vontade em conhecer um ritual de transe nas religiões brasileiras. Não poderia ser uma oportunidade melhor e, com toda certeza, após tudo o que viu e viveu, será mais um acadêmico de renome a apresentar para a sociedade a seriedade das Religiões Afro-brasileiras não só para o povo de santo, mas para o povo como um todo.

Por falar em povo e povo de santo, em determinado horário, Exu foi para o pátio da FTU e, sob o céu aberto, no início da madrugada iniciou sua magia com muita fundanga. Laroyê! Neste instante, não estava mais incorporado e pude perceber que o prof. Casanova estava bem próximo dos ilus e dos trabalhos magísticos do Exu. Sentia-se bem, procura cantar os pontos em português e dançava no ritmo dos ilus. Incontinente, olhei para o restante do pátio e vi, literalmente, centenas de médiuns e membros da assistência. Todos "juntos e misturados", como se fala no jargão carioca.

Que maravilha! Ali o povo de santo e a comunidade era uma coisa só sem perder a identidade, todos formando a unidade que representa simbolicamente tão bem a nossa sociedade. Para ser mais claro, naquela hora em que vi professores, faxineiras, médicos, bancários, branos, negros, mestiços, enfim cidadãos planetários, eu vi o povo unido e reunido. 

As palavras de Pai Rivas em seu último vídeo Religiões afro-brasileiras - Povo, Política e Poder (disponível em: http://espiritualidadeciencia.wordpress.com/) explicam e aprofundam bem esta minha visão do rito. Lá, Pai Rivas fala que quando todos são povo, todos são melhores, todos são privilegiados, uma verdadeira unidade gestáltica. Quem está de fora do povo e quer ser melhor que o povo acaba se tornando pior, pois não alcança o poder real que só pode emanar do povo.

Viva o povo! Viva o povo de santo!



Aranauan, Saravá, Axé,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

 
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