terça-feira, 6 de janeiro de 2015

2º vídeo da Trilogia sobre Umbanda Esotérica - Uma reflexão

Dando sequência à trilogia da Umbanda Esotérica, Mestre Araphiagha (F. Rivas Neto) entrega aos praticantes e simpatizantes da Umbanda Esotérica o vídeo intitulado "UE Iniciação não é fé e caridade" (https://www.youtube.com/watch?v=wWHUxIjwU00). Impossível não reparar como a semiótica da UE é simples, porém profunda. O peji, a cruz, o toco, o oponifá... Bem, quem tem olhos para isso que contemple a força da simbologia da Umbanda Esotérica. 
Diante disso, é até compreensível aos que não buscam a Iniciação na Umbanda Esotérica, ou que mesmo os que rolaram os degraus dela, simplesmente não alcançarem a força de sua doutrina. Aí produzem uma série de clivagens em seu conhecimento, exaltando pontos que simplesmente não fazem sentido e deturpam a essência desta nobre escola umbandista. Explico-me.
Quando Mestre Araphiagha coloca o "ifá" na sala de estar, em hipótese alguma está negando todas as justas e verdadeiras tradições milenares que influenciaram a Umbanda Esotérica desde sua fundação por Mestre Yapacani (W. W. da Matta e Silva). Mas ressalta aquilo que poucos entenderam, simplesmente pelo fato de não conhecerem a T.U.O. em Itacurussá. Pior, alguns voltaram seus olhos apenas para a letra morta, enquanto o Velho Mestre, o meu avô de santé¸ militava diuturnamente em seu santuário não com livros, com a Bíblia ou o signário cristão. Interferia na vida das pessoas que acorriam à Ele, curando-as por meio dos coquinhos de dendê, do copo da vidência, do tabuleiro onde repousava o próprio Deus do Destino (oponifá). 
Daí a tranquilidade para Mestre Araphiagha ressaltar este aspecto da Umbanda Esotérica. Foi Ifá e a Lei de Pemba (que já traçava pelo seu mediunismo excepcional e não por imitação de livro) que o estimulou a procurar o Velho Mestre. Foi Ifá que determinou a sucessão da Raiz de Guiné para Velho Payé. Foi no rito de transmissão que as vontades do Orixá do Destino concretizaram a nova fase da UE.
De igual maneira, não é de se estranhar o silêncio doído (com bastante ranger de dentes) daqueles que não viveram isso ou que, quando puderam experimentar, tropeçaram nas consequências do mau destino, fruto da egolatria, narcisismo, enfim da própria vaidade que não permitia enxergar um palmo na frente que não fosse espelho. O que resta? Sobre ifá, continuarem calados. Não podem ensinar o que não sabem e não adiante copiar da internet falsos conhecimentos que fazem qualquer pessoa minimamente conhecedora do assunto rir...
Sendo assim, o que resta mesmo é falsear uma prática de Umbanda Esotérica (com "s") com o que há de mais esdrúxulo: propugnar a caricatura de uma Umbanda exotérica (com "x"). Por exemplo, chega a ser piegas fazer um rebuliço pela imagem do Jesus que foi paradigmaticamente retirado do peji por Mestre Araphiagha. Diante de Ifá, da Lei de Pemba, da Mediunidade, da Iniciação, dão realce a um quadro?
Por que defender princípios cristãos na UE, se sua doutrina, seu estilo de vida podem e conseguem conviver tranquila e sadiamente com a episteme e ética africanas decorrentes do Ifá? Simples, e reitero, porque não sabem nada disso. Só sabem reproduzir a convenção, o moralmente aceito, as palavras doces, mas que no fundo são tão ferinas quanto à sociedade que crucificou o Cristo por não compreendê-lo. Torna impossível seguir o exemplo de discípulos do Cristo, como João que militou por sua doutrina e estilo de vida. Preferem seguir Paulo de Tarso, o discípulo do Cristo morto. 
Os ensinamentos dos Grandes Iniciados, entre eles o próprio Cristo, estão tão fortes como nunca na UE. Nos dizeres de Mestre Araphiagha neste vídeo, a essência permanece. Principalmente, nos aspectos espirituais, sociais e culturais. Afinal, nesta nova fase, sob a égide de Ifá, está claro e transparente o posicionamento contrário à homofobia, à misoginia e ao racismo. Não perceberam que ao colocar Ifá na "sala de estar" da UE, Mestre Araphiagha torna a umbanda esotérica tão ou mais iniciática do que na época de sua fundação. De igual maneira, deixa tão ou mais acessível ao povo. Todos podem se beneficiar dos vaticínios de Orunmilá Ifá. Basta pisar nas areias do Santuário de Itanhaém, a T.U.O. redviva. Mas para se iniciar nela? Não basta fé e caridade. Imprescindível demonstrar dedicação, lealdade e capacidade às Santas Almas Guardiães do Cruzeiro Divino representadas pelo e no Mestre-Raiz.

Yabaura


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