Com certeza temos muito espaço para aumentar nosso contato intra-religioso. As iniciativas produzidas pela FTU, Centro de Cultura Viva das Tradições Afro-brasileiras, os 30 terreiros de todas as unidades federativas do nosso país que gravaram as vídeo-conferências, entre outras ações locais (e igualmente importantes) por pais e mães de santo são expressões viva disto. Contudo, não considero que a solução seja uma visão mercadológica da Umbanda por meio de cursos e outros instrumentos de massificação promovidos por alguns grupos.
Antes de entrar neste último item com maior profundidade, gostaria de pontuar que a FTU(Faculdade de Teologia Umbandista) é a única instituição de ensino superior credenciada e autorizada pelo MEC para ministrar o curso de bacharelado em teologia umbandista. Este curso não forma sacerdotes, mas teólogos que estarão aptos para pesquisar, discutir e produzir conhecimento que trata aspectos gerais ou particulares das Escolas Umbandistas sem privilegiar uma visão em detrimento de outra. Já faz alguns anos que a FTU também lançou cursos de extensão universitária, na modalidade presencial e à distância, onde busca congregar sacerdotes, filhos de santo, acadêmicos e interessados nas Tradições Afro-brasileiras, para dialogar vários assuntos que atendem a proposta pedagógica da FTU resumida no mote: “Educando para uma Cultura de Paz”. Lembrando que muitos alunos possuem bolsa integral de estudos e cursos de extensão universitários gratuitos serão disponibilizados este ano.
O trabalho descrito em nada se aproxima de cursos “livres” que visam formar pais e mães espirituais ou mesmo de mediunidade que desconsideram a nossa Tradição Religiosa e as características do terreiro de origem do aluno que se presta a participar do mesmo. Nada contra quem promove e, muito menos, quem cursa. A questão é massificar a visão única de um autor, deixando de lado toda rica pluralidade umbandista. Antes fosse um bom conteúdo, pois pelo menos permitiria aos alunos uma base boa (apesar de incompleta). O problema é pior, já que apresentam erros crassos da Ciência, Filosofia, Arte e até mesmo da nossa própria religião.
Não obstante, recentemente recebemos em nossa caixa de email propagandas destes cursos que receberam uma nova roupagem carregada de expressões pseudo-científicas certamente para aumentar o “ar” de credibilidade. Reconhecem com estes estratagemas que o discurso codificador impositivo não “cola” mais e copiam boas idéias como as trazidas pela FTU. Só que não basta copiar o formato, aliás um simulacro mal feito, é necessário viver sua essência. Afinal, assim são todas as atividades espirituais que buscam conduzir o Homem ao Sagrado: viver de fato aquilo que lhe é apresentado pelo Astral Superior.
Todos nós temos uma parcela de responsabilidade na forma como o nosso movimento religioso é exposto para sociedade civil. A qualidade e credibilidade destas informações serão tão maiores quantos forem os instrumentos de diálogo que utilizarmos. Encontramos nos terreiros e instituições como a FTU poderosas ferramentas de socialização do saber que nos permitem mudar esta triste situação.
Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)
João Luiz,
ResponderExcluirDesculpem-me pela adaptação, “Educar para uma Cultura de Paz" me parece a única alternativa .... na Academia, nas Escolas, nas Residências, nas Religiões, na Mídia e no contato Pessoal ... precisamos desta consciência, precisamos apreender que como Espíritos Imortais vivemos cada instante no "Céu" ou "Inferno" que criamos para nós mesmos.
Um grande abraço e que Oxalá abebçoe a todos.