sexta-feira, 27 de julho de 2012

Por uma sociedade mais justa!

Aranauan, Saravá, Axé!

 

Ontem falamos um pouco sobre o texto de Pai Rivas que abordava a relação Mestre-Discípulo. Recordo-me de mencionar a importância da vivência desta relação. Pois bem, hoje tive uma conversa com meu Pai de Santo maravilhosa. Um diálogo tão, mas tão salutar que resolvi compartilhar.

 

Pai Rivas aproveitou a ligação e me convidou para uma Gira na casa espiritual de uma irmã de santo minha em pleno litoral paulista. Devido aos compromissos de viagem previamente assumidos não poderei ir, mas certamente estarei lá em pensamento e coração.

 

Continuando a prazerosa conversa, o diálogo sobre o cotidiano no terreiro nos levou para o cotidiano da vida. Pai Rivas me ensinava sobre os processos que as Religiões Afro-brasileiras passaram e como elas podem hoje contribuir decisivamente para a justiça social sem descaracterizar a pluralidade em vários níveis existentes na sociedade. Lembrou que estes processos construíram conhecimento ímpar sobre a mestiçagem. Além disto, sua manifestação nas várias camadas sociais permite a Elas conhecerem bem de perto a desigualdade social.

 

Uma importante concretização disto é a FTU – Faculdade de Teologia Umbandista. Novamente evocando meu Pai, ouvi Dele categoricamente que a FTU não é um fruto pessoal ou das pessoas que contribuíram diretamente, mas de uma sociedade que busca ser mais justa. Sem exclusões. Meu Pai alerta que precisamos estar mais focados nestes benefícios que a FTU/Religiões Afro-brasileiras oferecem para o povo indistintamente.

 

Não podemos mais admitir uma sociedade que de um lado possui prédios grandes e luxuosos e no outro palafitas! Com estas palavras, Pai Rivas abriu ainda mais os meus olhos para as necessidades de nossa comunidade planetária. Só posso concordar com Ele também quando afirma que a FTU não oferece apenas acesso à educação, mas permite criar um senso de pertença e isonomia perante todos os cidadãos que antes não existia.

 

Sinceramente sempre fomos retratados como excluídos, folks, exóticos. Agora, temos condições reais de mudar este cenário graças a tudo que a FTU representa e expressa.

 

Mas não podemos negar. Estas discriminações e perseguições não se devem exclusivamente pela questão religiosa. É por valorizar o ser humano, a diversidade e a igualdade que não desrespeita as diferenças que passamos por tudo isto. Daí, Pai Rivas afirmar que mais do que afro-descendentes, somos Universo-descendentes.


Meu Pai Espiritual está realmente preocupado com isto. Ou seja, em políticas de humanização. Em tempo, é por este motivo que alguns tentamir contra o que faz. Ao mexer com a sociedade em sua essência, muitos interesses escusos são contrariados. E aí, os dois lados da vida usam de todos os artefatos para neutralizar quem trabalha. Mas sabemos que aos que militam com e para o Astral Superior, não têm com o que se preocupar.

 

Discutimos vários pontos ao telefone, mas nunca deixamos de nos interessar pelo terreiro. É dele que advém, para nós que somos adeptos, a iluminação, renovação e cura em vários níveis. Consequentemente esta tríade evocada por Pai Rivas nos impulsiona para questões que transcendem o terreiro.

 

Exemplificando. Quem não se lembra do CONUB? Uma instituição que foi gestada dentro da FTU para muito além do seu tempo. Durante o seu período mais ativo, contribuiu decisivamente para a Umbanda/Religiões Afro-brasileiras. Não foi a toa que Pai Rivas indicou um filho seu muito importante, Pai Ramos (mestre Aramaty) para ser presidente desta referida instituição. Lembramos que seu nome fora aclamado unanimemente por todos os conselheiros. Igualmente, dentro da minha Raiz, mestre Aramaty recebeu também a incumbência de dirigir o templo da OICD localizado na sede do nosso país, em pleno Planalto Central!

 

Minha amizade com mestre Aramaty sempre foi verdadeira. Como bons irmãos, às vezes discordamos, mas nunca, reitero nunca, em relação ao bem da nossa Raiz e tudo que influencia direta ou indiretamente as Religiões Afro-brasileiras.


Citamos exemplos no passado recente, mas também não podemos esquecer-nos de algo que acaba de acontecer. Pai Rivas agradece muito ao seu filho espiritual e teólogo Aratish (Antônio Luz) por levar a compreensão profunda deste processo de mestiçagem às terras européias. Aratish não se limitou ao periférico. Mostrou com clareza a importância de (re)pensar o mestiço a partir da primeira e única faculdade teológica com ênfase nas Religiões Afro-brasileiras e como isto muda paradigmaticamente a ótica social.


Aratish nos conta que os europeus ficaram encantados com a FTU e sua proposta. Isso permite reiterar que o terreiro de fato tem plenas condições de dialogar com seu público religioso, com a Academia e a sociedade como um todo, independentemente da localização, língua ou cultura.

 

Por tudo isso, a conversa com Pai Rivas me fez pensar no lugar da Religião no mundo. Devemos tratar de questões públicas não pela opinião pública (forjada pelos mais poderosos), mas para afetar positivamente a todos. Precisamos produzir resistência à desigualdade e as Religiões Afro-brasileiras estão fazendo isto em todos os níveis, principalmente além dos muros do templo quando possui uma Faculdade de Teologia que atua incansavelmente.

 

Em suma, evocando Pai Rivas, a Religião (sem rótulos) precisa estar atenta e dar sua contribuição, principalmente pela Ética, para um novo olhar, um novo viver Espiritual, Cultural, Social, Político e Econômico.


Aranauan, Saravá, Axé,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)


 
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