segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Fwd: O caminho dos Orixás



Axé,


Passado esses primeiros momentos de alegria, gostaria de entrar em questões que exigem maiores reflexões, obviamente sem tratar do fundamento, mas de aspectos religiosos e teológicos que são interessantíssimos. Algo que vale a pena dialogar, não é mesmo? Pois bem, Babá Rivas T'Ogyion tem mais de 50 anos de sacerdócio. Esse primeiro barco realizado em Itanhaém é uma de várias camarinhas que já fez em seus outros terreiros e vida Iniciática. Coisas práticas e de muito fundamento como o Oşùu, que não foi colocado nem com sabonete ou mesmo cola, nas agora iaôs são fruto de alguém que já trilhou e conhece bem o caminho dos Orisás. Caminho dos Orisás? Sim, explico-me.

Esse complexo biopsicossomático é compreendido no Candomblé jeje-nagô como a dualidade orì-bará. Muitos são os significados e possibilidades de leitura sobre ambos os conceitos.

Como estamos falando de um barco de iaô, talvez – daquilo que vi, vivo e aprendo com meu Babá – podemos entender melhor se associarmos Orì ao Destino. Um destino distante da ideia de predestinação cristã, espírita e mesmo umbandista que uns e outros teimam importar para o candomblé na tentativa de tentar ocupar brechas de fundamentos que não tem. Refiro-me a um destino aberto. Tão aberto que podemos, sob os auspícios de um sacerdote de Ifá, acessar e mudá-lo quanto quisermos. Mais do que isso podemos atuar nele, nas palavras de meu Babá, de forma preventiva, preditiva ou mesmo curativa para fazer um feliz destino,  onan-rere.

Em alguns desses casos, o indivíduo pode alcançar a auto-cura, por meio da Iniciação. E tendo carrego de santo, fruto da observação experiente do sacerdote e das devidas confirmações e orientações do jogo, o filho ou filha abiã pode se tornar uma iaô. Se o jogo der okaran meji então... Mas deixemos isso para os mais sábios.

Antes de continuar, falta comentar em breves linhas o Bará. O bará pode ser entendido como corpo, mas também como os esés (pés) do destino. Portanto, o grande responsável pela execução no aiê daquilo que desejamos. Não é a toa que todos temos o Exu no corpo. Todos nós temos seu poder de realização para podermos fazer o nosso destino.

Imaginem agora a complexidade que é uma feitura de santo. É literalmente fazer o Orisá na pessoa, no indivíduo. Mexendo em campos da mente muito distantes da compreensão da medicina, mas muito caros aos Babalorixás, médicos do destino natural e sobrenatural. Com sua competência, transportam conteúdo do inconsciente de seus filhos para o consciente. Como diz meu Babá, decodifica e traduz o conhecimento do indivíduo, do seu imo onde reside a Espiritualidade para a superfície da alma. Mais do que saber colocar o Oşùu, sem que ele caia, é saber o que isso representa.

Por que será que o Oşùu fica no Okè Orì, a parte mais alta do indivíduo? Quem viveu o fundamento como eu no Ile sabe exatamente o porquê, mas, comentando em linhas gerais, numa visão mais teológica, podemos associar ao ápice da reconstrução do ser. Ele, individúdo, renasceu! Renasceu literalmente dos pés à cabeça. Ele se tornou um apèré vivo do Orisá. Ele é o caminho do Orisá que conecta tanto o Orùn ao Ayè, quanto dele consigo mesmo. Esse caminho, conhecido, agora pela iaô, será aprofundado nos anos de terreiro, nas confirmações, nas vivências com seu Babá, representante de uma linhagem que tem seu início contado nos itanifás que rezam o surgimento dos primeiros babalawos no ayè. Ao sacerdote, mais uma vida renovada. O construtor desses caminhos é um verdadeiro arquiteto do Orì. Adupé O Babá Mi! Ibá Babá Rivas T'Ogyion.

 

 

Yabauara

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