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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Sobre propostas eleitoreiras nas Tradições Afro-brasileiras


Aranauan, Saravá meus irmãos planetários,


Respeito profundamente a iniciativa de alguns setores da Umbanda ou mesmo irmãos de outros terreiros em conclamar o povo do santo para eleger uma base parlamentar de religiosos das tradições afro-brasileiras em nível estadual e/ou federal visando minimizar os ataques diuturnos que sofremos. Como afirmei inicialmente respeito, porém discordo.


Primeiro porque para de fato fazer a diferença no parlamento federal ou estadual não basta eleger um ou dois deputados. O jogo político leva a formação de blocos com um número razoável de parlamentares,  onde interesses coletivos são submetidos aos interesses partidários e assim, mesmo conseguindo representantes que dizem serem do santo, nada ou quase nada é refletido em bens culturais e sociais para todos nós.


O segundo e, na minha opinião, o mais importante é que esta idéia é incoerente. Criticamos a atitude de alguns grupos de setores religiosos que detém o poder político, econômico e midiático, mas, ao mesmo tempo, é proposto repetir a estratégia deles? Só teremos nossa vez e voz se adotarmos os mesmos estratagemas antiespiritualizantes que tanto contestamos?


Não meus irmãos. Não posso concordar com isto. Além de expressar uma visão etnocêntrica, prefiro caminhar na direção de soluções que podem fazer diferença mesmo sendo as mais difíceis. Como exemplo, constatamos uma verdadeira revolução pacífica social produzida pelos inúmeros terreiros em suas sessões de atendimento público ou nas ações coordenadas de instituições representativas como o CONUB e, principalmente, nas mobilizações amplas fomentadas pela FTU.


Ainda nos exemplos, evoco duas ações mais recentes do Pai Rivas: Blog Espiritualidade e Ciência (http://sacerdotemedico.blogspot.com/) e twitter Rivas Neto (http://twitter.com/rivasneto). Nestas ferramentas sociais refletimos objetivamente, subjetivamente e socialmente como fazer diferente e proporcionar o melhor para todos. Aproxima Ciência e Religião no diálogo em favor do Homem em seus aspectos naturais, sobrenaturais e sociais. É um trabalho estrutural, logo seus frutos são atraumáticos, verdadeiros e constantes.


Sendo assim, para quem visa o poder pelo poder ou o dinheiro como fim em si mesmo não vai se interessar por esta proposta. Que bom, afinal não estamos preocupados em fazer volume, leia-se massa de manobra. Nosso interesse é mobilizar, conscientizar e chamar para o diálogo-ação aqueles que têm como objetivo comum a Espiritualidade e esta, nas palavras de Pai Rivas, quando desperta pelos métodos adequados produzem uma boa Saúde e Sustentabilidade e não é patrimônio exclusivo da Religião. Ou seja, gera a Inclusão Total que soluções eleitoreiras estão longe de alcançar.


E deixa a Gira girar!



Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Como avançar no relacionamento intra-religioso umbandista?

Como poderíamos desenvolver o relacionamento intra-religioso umbandista? Acreditamos que é vivável pela interação das Escolas Umbandistas que invariavelmente são construídas pela troca salutar de experiências entre sacerdotes e sacerdotisas de diversos terreiros.


Uma prova desta interação foi o I Congresso de Umbanda do Século XXI onde Mãe Monica Varela, reconhecida sacerdotisa que preside a FEUCAMT, falou para os congressistas da importância de trocar o Poder pelo Saber. Este conceito magistral só foi possível ser ouvido, pois existia uma disposição dos dirigentes espirituais presentes em exercitar o diálogo intra-religioso. Recordo-me que após o marcante discurso de Mãe Monica Varela, Pai Rivas fez questão de registrar que a idéia trazida pela Mãe Espiritual seria eternizada nos Anais do Congresso.

Outra demonstração clara de diálogo entre Escolas foi dada por Mãe Nazareth, dirigente do Templo de Estudos e Desenvolvimento de Umbanda Iansã e Cacique Tupinambá. Em uma palestra pública no início do ano, esta importante Sacerdotisa reforçou a necessidade de cada Escola Umbandista enviar um representante, independente da condição sacerdotal, para cursar a FTU visando possibilitar que cada terreiro possua um teólogo umbandista. Desta forma, segundo Ela, existiria um canal mais eficiente entre os terreiros de Umbanda e a Sociedade Civil.

Esta idéia permite desdobramentos maravilhosos. A existência de umbandistas de diferentes terreiros aprofundaria a qualidade da FTU, uma vez que a faculdade possui uma proposta dialética entre corpo docente e discente. Além disso, reconhecemos que esta iniciativa produziria no Movimento Umbandista um avanço real no diálogo intra-reliogioso, pois fortaleceria a FTU como ponto de encontro e convergência dos diversos templos-terreiros do nosso rincão brasileiro.

Neste mesmo direcionamento destacamos a conversa entre Pai Rivas, reitor da FTU, e Pai Cássio de Ogum, presidente da FUCABRAD e vice-presidente do CONUB, onde este último afirmou para o primeiro que recomenda a faculdade porque ela possui um curso de altíssimo nível.

O diálogo intra-religioso é um meio real para a união do movimento umbandista. Os sacerdotes e sacerdotisas supracitados demonstraram como podemos avançar nesta importantíssima ferramenta. Sabemos que a faculdade está com as inscrições abertas para o II Congresso de Umbanda do Século XXI e nesta ocasião você poderá contribuir diretamente com a Umbanda por meio de uma consistente discussão nacional. Já pensou nisto? Vale a pena...

E deixa a Gira girar!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Movimento Umbandista e as etnias que a construíram


Em nossos textos reforçamos a importância de construirmos bens socializáveis que contemplem todas as Escolas sem privilegiar uma visão sobre as demais (etnocentrismo). Este raciocínio é um desdobramento natural da própria história do Movimento Umbandista e como a Escola de Síntese exemplificou a relação Universalidade e Diversidade dentro do templo.

O Movimento Umbandista possui caráter filosófico e religioso que carrega a valência de todas as raças e suas respectivas vivências com o Sagrado. Desta forma, as várias heranças étnicas são expressas em seu seio pacificamente. Sem guerras ou confrontamentos. Por ser uma Unidade Aberta, logo sem conceitos engessados, o Movimento Umbandista conseguiu traduzir em uma enormidade de ritos as inúmeras contribuições das quatro etnias: Vermelha, Amarela, Negra e Branca.

A Escola de Síntese, aprofundando-se na teoria e prática, instituiu no início deste novo milênio a realização de 7 ritos que encerram em si uma amostragem fidedigna da realidade umbandista. Para cada rito em questão existe um conjunto de cultos e expressões religiosas dentro da Umbanda que se afinizam com o mesmo. Assim, a Escola de Síntese contempla todas as Escolas mostrando seus profundos imbricamentos, sem solução de continuidade.

Ao contrário de querer prevalecer uma forma única de Umbanda, suas iniciativas consolidadas na Faculdade de Teologia Umbandista e, mais recentemente, no Centro de Cultura Viva das Tradições Afro-brasileiras apresentam ao Movimento Umbandista e a sociedade civil como um todo, uma forma mais justa e igualitária de tolerar, respeitar e, principalmente, viver pacificamente as diferenças inerentes as características plurais da humanidade.

Nesta abordagem, a identidade umbandista é enxergada como exemplo vivo e fundamental para alcançarmos a tão propalada Paz Mundial, passando pelos seus vários níveis de diálogo.

Observação. Todo o texto foi baseado em dois excertos do livro "Sacerdote, Mago e Médico – Cura e Autocura Umbandista" encontrados respectivamente nas páginas 449 e 463 da edição de 2003 publicado pela Ícone Editora.