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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Seminário Centenário da Umbanda – Matriz Religiosa Brasileira: Iniciativa que privilegia curto, médio e longo prazo

Aranauan, Saravá, Axé meus irmãos planetários,

A política no Brasil inicia sua vida após o período carnavalesco. Os partidos começam a escolher seus candidatos em convenções, acordos e estas como outras iniciativas já aparecem na mídia. Naturalmente, todos nós das tradições Afro-brasileiras não só somos influenciados, como também influenciamos estes processos sócio-políticos. É justamente neste fluxo que precisamos nos posicionar, pois situações das mais diversas amplitudes surgirão durante todo o ano eleitoral.

Se por um lado a passividade não gera muitos benefícios, a militância não planejada ou realizada apenas para atender uma necessidade pontual de maneira isolada é igualmente negativa para todos nós. Necessitamos agir no curto prazo sempre (emergencial), mas este precisa privilegiar o médio e longo prazo (estrutural). Sendo assim gostaria de relembrar um importante projeto sob esta perspectiva inteligente e espiritualizada.

Recentemente Pai Ramos (Aramaty) nos informou que dia 09/12/08 na Câmara dos Deputados, por iniciativa do CONUB, presidida na época por ele, em parceria com Comissão de Legislação Participativa, Comissão de Direitos Humanos e Minorias (ambas da câmara federal) e a Secretaria Especial de Direitos Humanos ligada à Presidência da República realizou o Seminário Centenário da Umbanda – Matriz Religiosa Brasileira.

Para representar a Umbanda, além do próprio CONUB, foi convidada a FTU (Faculdade de Teologia Umbandista) que é a primeira e única faculdade de teologia umbandista credenciada e autorizada pelo MEC (Ministério da Educação). A FTU participou ativamente do seminário, ganhando destaque na segunda mesa que carregou o tema "Matriz Religiosa Brasileira: Passado, Presente e Futuro da Umbanda".

A ação de curto prazo foi realizar o Seminário para registrar uma data importante para as Tradições Afro-brasileiras. Alguns meses atrás presenciamos a ação de médio prazo quando foi produzido a publicação "Centenário da Umbanda – Matriz Religiosa Brasileira" pela Comissão de Legislação Participativa, o que reforça a penetração das nossas Tradições no seio do poder público para dialogar com a sociedade problemas atuais e importantes.

Em última instância é uma ação também de longo prazo, pois o Manifesto pela Diversidade Religiosa e Cultura de Paz, proposto pela Umbanda por meio destas duas instituições no evento, foi apresentado na Conferência Nacional dos Direitos Humanos e incorporado no Plano Nacional de Direitos Humanos. Este evento e seus desdobramentos marcam uma relação inédita de diálogo em igualdade de condições com o poder público para refletir questões essenciais do Brasil; o que faz desta proposta uma abordagem que não precisa de acordos politiqueiros etnocêntricos, ou seja, privilegiando uma parte em detrimento do todo. Ao contrário, é favorável à Inclusão Total.

Assim encerro este texto encaminhando novamente a capa da publicação mencionada. Ela traduz imageticamente nosso sentimento de respeito e louvor aos Ancestrais Ilustres que iluminam os nossos Congás visando cada vez mais acelerar o processo de "umbandização" do mundo.


Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Agir politicamente é diferente de ser político profissional

Aranauan, Saravá Fraternal,
Aranauan, Saravá meus irmãos planetários!

Vamos dar uma agitada nas nossas discussões? Acredito que temos uma oportunidade ímpar de expor e ler a opinião do outro esteja ele em qualquer lugar do planeta. A riqueza da internet estimula uma troca constante de opiniões e espero que todos nós cresçamos juntos como uma grande família das Tradições Afro-brasileiras em primeira instância que visa a família universal.

Já escrevemos bastante sobre "questões políticas X questões partidário-eleitoreiras". No entanto, fatos recentes mostram a importância de darmos continuidade a este diálogo e compreender coletivamente cada vez mais os seus desdobramentos.

Constatamos a insistência por parte de um pequeno grupo em propor a eleição de candidatos ao legislativo que sejam umbandistas para combater a intolerância que sofremos diariamente. Não vou desenvolver novamente meu raciocínio sobre isto, tendo em vista que seria repetitivo. Só que nunca é demais afirmar o nosso respeito por quem busca isto, porém discordamos e achamos incoerente tal postura.

Agora se esta proposição por si só é incoerente, pior é o que vamos colocar. Não bastando tentar fazer da Umbanda um palanque para as eleições defendendo que candidatos do santo entrem no legislativo para enfrentar a bancada evangélica, os mesmos politiqueiros – atendendo interesses partidários – abrem espaço para divulgar a candidatura de um evangélico para o maior cargo eletivo do Brasil, a presidência da República.
Observem bem meus irmãos que não estamos aqui com o intuito de criar cizânias ou disputas entre umbandistas e evangélicos. Pelo contrário, defendemos arduamente que aos ocupantes de cargos representativos façam jus ao voto auxiliando nossa sociedade como um todo, sem preterir ninguém. Agora não podemos deixar de nos posicionar face àqueles que defendem suas candidaturas para combater os evangélicos e, concomitantemente, apóiam os mesmos evangélicos que concorrem ao cargo executivo. Isto é querer desprezar muito a inteligência dos praticantes das tradições Afro-brasileiras.

Não concordamos com isto, pois sabemos que quem defende interesses partidários não têm a liberdade de expressão e autonomia suficiente para trabalhar pelo coletivo de forma ampla e irrestrita. As pessoas que tentam transformar a Umbanda em palanque e defendem idéias duplamente incoerentes não estão fazendo política, mas tornando-se políticos profissionais.

Claro que existem honrosas exceções. Na verdade, a maioria do nosso povo de santo está bem distante destes interesses anti-espiritualizantes. Somos tão convictos disto que o contraponto que oferecemos vem justamente da Escola de Síntese: precisamos fazer pressão pacífica social. E frisando bem o que ouvi do próprio Pai Rivas, não devemos confundir "pacífica" com "passiva". Fazer pressão pacífica social é ter militância e trabalhar em prol da causa que defendemos, em última análise Inclusão Total.

E deixa a Gira girar!

Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ação política séria é aquela que privilegia a Sociedade com um todo





Aranauan, Saravá meus irmãos planetários,

Acabo de escrever sobre propostas que realmente podem fazer diferença e para ilustrar trago algumas palavras recentes do Pai Rivas em seu HTTP://twitter.com/rivasneto:

"Precisamos de militância, de pressão social séria e representativa. E o que vemos? Ao invés de representação, vemos ação decorativa e nada mais"

Sobre ação decorativa já falamos bastante no texto anterior, portanto darei ênfase à militância e pressão social apontada na primeira parte do excerto.
Recentemente o Pai Ramos (Aramaty), presidente do CONUB (Conselho Nacional da Umbanda do Brasil), transmitiu uma notícia alvissareira. No dia 09/12 na Câmara dos Deputados em 2008, ano marcado como o centenário da Umbanda, por iniciativa do CONUB em parceria com Comissão de Legislação Participativa, Comissão de Direitos Humanos e Minorias (ambas da câmara federal) e a Secretaria Especial de Direitos Humanos ligada à Presidência da República foi realizado o Seminário Centenário da Umbanda – Matriz Religiosa Brasileira.

Para representar a Umbanda foi convidada, além do próprio CONUB, a FTU (Faculdade de Teologia Umbandista) que é a primeira e única faculdade de teologia umbandista do mundo credenciada e autorizada pelo MEC (Ministério da Educação). A FTU participou ativamente do seminário, ganhando destaque na segunda mesa que carregou o tema "Matriz Religiosa Brasileira: Passado, Presente e Futuro da Umbanda".

Perceba bem meus irmãos que o CONUB e a FTU quando chamados para falar à Sociedade em um espaço tão importante quanto a Câmara de Deputados levantou a causa umbandista como um todo. Sem proselitismo, sem preterir uma ou outra Escola. Resgatou a importância de todas com isonomia sem, contudo, deixar de reconhecer e respeitar a rica e necessária diversidade existente nas religiões afro-brasileiras.

Mais do que isto, o Seminário foi aprovado por todos os parlamentares, religiosos e representantes da sociedade civil presentes e o Manifesto pela Diversidade Religiosa e Cultura de Paz, proposto pela Umbanda por meio destas duas instituições, foi apresentado na Conferência Nacional dos Direitos Humanos e incorporado no Plano Nacional de Direitos Humanos. O mesmo que atualmente está no centro das atenções da sociedade, ratificando como as ações estruturantes são duradouras e transformadoras.

Finalizando, não poderia deixar de encerrar sem antes encaminhar o registro divulgado pelo Aramaty da capa da publicação Centenário da Umbanda. Se os amigos querem uma prova do que é fazer política séria levando o bom nome da Espiritualidade que sustenta as Tradições Afro-brasileiras, uma imagem fala mais do que mil palavras:



Aramaty, meu querido irmão, permita-me encerrar este texto com a frase que marca toda as boas realizações: Ponto para a Umbanda!

Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

Sobre propostas eleitoreiras nas Tradições Afro-brasileiras


Aranauan, Saravá meus irmãos planetários,


Respeito profundamente a iniciativa de alguns setores da Umbanda ou mesmo irmãos de outros terreiros em conclamar o povo do santo para eleger uma base parlamentar de religiosos das tradições afro-brasileiras em nível estadual e/ou federal visando minimizar os ataques diuturnos que sofremos. Como afirmei inicialmente respeito, porém discordo.


Primeiro porque para de fato fazer a diferença no parlamento federal ou estadual não basta eleger um ou dois deputados. O jogo político leva a formação de blocos com um número razoável de parlamentares,  onde interesses coletivos são submetidos aos interesses partidários e assim, mesmo conseguindo representantes que dizem serem do santo, nada ou quase nada é refletido em bens culturais e sociais para todos nós.


O segundo e, na minha opinião, o mais importante é que esta idéia é incoerente. Criticamos a atitude de alguns grupos de setores religiosos que detém o poder político, econômico e midiático, mas, ao mesmo tempo, é proposto repetir a estratégia deles? Só teremos nossa vez e voz se adotarmos os mesmos estratagemas antiespiritualizantes que tanto contestamos?


Não meus irmãos. Não posso concordar com isto. Além de expressar uma visão etnocêntrica, prefiro caminhar na direção de soluções que podem fazer diferença mesmo sendo as mais difíceis. Como exemplo, constatamos uma verdadeira revolução pacífica social produzida pelos inúmeros terreiros em suas sessões de atendimento público ou nas ações coordenadas de instituições representativas como o CONUB e, principalmente, nas mobilizações amplas fomentadas pela FTU.


Ainda nos exemplos, evoco duas ações mais recentes do Pai Rivas: Blog Espiritualidade e Ciência (http://sacerdotemedico.blogspot.com/) e twitter Rivas Neto (http://twitter.com/rivasneto). Nestas ferramentas sociais refletimos objetivamente, subjetivamente e socialmente como fazer diferente e proporcionar o melhor para todos. Aproxima Ciência e Religião no diálogo em favor do Homem em seus aspectos naturais, sobrenaturais e sociais. É um trabalho estrutural, logo seus frutos são atraumáticos, verdadeiros e constantes.


Sendo assim, para quem visa o poder pelo poder ou o dinheiro como fim em si mesmo não vai se interessar por esta proposta. Que bom, afinal não estamos preocupados em fazer volume, leia-se massa de manobra. Nosso interesse é mobilizar, conscientizar e chamar para o diálogo-ação aqueles que têm como objetivo comum a Espiritualidade e esta, nas palavras de Pai Rivas, quando desperta pelos métodos adequados produzem uma boa Saúde e Sustentabilidade e não é patrimônio exclusivo da Religião. Ou seja, gera a Inclusão Total que soluções eleitoreiras estão longe de alcançar.


E deixa a Gira girar!



Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A Intolerância Religiosa está sendo combatida ou utilizada como instrumento de poder?

Aranauan, Saravá meus irmãos planetários,

Como era de se esperar, estamos em um ano eleitoral e todas as camadas da sociedade classificadas como “minorias” (que na verdade representam a maioria do povo brasileiro) começam a receber uma atenção muito maior do que a de costume. Afinal precisam utilizar estas “castas” para garantir a manutenção das elites políticas em todo país, não é mesmo?

Poderia citar vários destes grupos rotulados: “negros”, “homossexuais”, mas – por motivos óbvios – vou comentar sobre os adeptos dos “cultos” afro-brasileiros. Como pauta da vez, entramos no ciclo midiático em manchetes de telejornais, séries de TV, matérias em revistas e tantos outros meios de comunicação com imensa penetração popular e precisamos ficar com os olhos abertos para compreender até que ponto a intolerância religiosa está sendo combatida ou maquiada para agradar interesses de alguns grupos.

Os dois fatos mais recentes são um assassinato de uma mulher com elementos de rituais de magia negra, peculiarmente comentados pela TV Record, e a dramatização do minissérie “Dalva e Herivelto”, na TV Globo, sobre um casal unido em ritual umbandista que constituiu uma vida conturbada.

Quanto ao jornal, pouco ou nada temos o que fazer diretamente contra a TV Record. Explico. Quem viu a reportagem, observou que textualmente a matéria registra que a polícia suspeitava de um pai-de-santo citado por um dos envolvidos no crime e momentos depois afirma que a polícia com a investigação do caso descartou esta possibilidade. Do outro lado assistimos na minissérie a cena de um casamento que em algumas cenas depois vira um comentário de que o mesmo não deu certo porque fora realizado na Umbanda e não na igreja Católica.

Muitos argumentariam que a idéia já faz parte do imaginário popular. Eu contra-argumentaria que se nós que somos destas tradições não fazemos nada, quem fará? Está certo que na sequência das cenas outro personagem afirma não ter sentido aquela visão do casamento umbandista, porém não podemos ser ingênuos. Uma “retratação” não tem a mesma repercussão do erro original. O que fazer então?

Em outro texto comentei que precisamos focar ações construtivas que desconstroem as negativas naturalmente. Os terreiros em âmbito local na conscientização da sua comunidade ou o trabalho desenvolvido pela FTU que atinge o Brasil como um todo são exemplos vivos disto. Não é uma solução de resultado imediato, mas certamente quando avança auxilia muito porque é estrutural. Tendo isto em vista, não entrei e nem vou entrar em contato com estes canais de televisão para reclamar. Todas terão “n” argumentos para justificar o que fizeram. Seja a “técnica” jornalística da Record, seja o “apelo” artístico da Globo.

Algumas instituições representativas da Umbanda ou movimentos ecumênicos optaram por “enfrentar” estas mídias. Nada contra a iniciativa, uma vez que tenho convicção na descentralização do poder nas Tradições Afro-brasileiras e que, nas palavras de meu Pai Espiritual, não tenho a última reposta porque não tenho a última pergunta. Só que estes movimentos que acreditam assumir o papel de nossos representantes sociais precisam estar coerentes com seus próprios atos. Não dá para entrar em uma ação de retratação contra intolerância religiosa em uma emissora e, ao mesmo tempo, bater palmas para a intolerância da outra. Em um mundo onde a “globalização” é “recorde”, nas palavras que agradam aos católicos e neopentecostais: Não; não podeis servir a Deus e a Mamon!

Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)