quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Fazendo história... A voz (e vez) da mulher na Umbanda Esotérica

Aranauan,


O paradigmático vídeo de hoje apresenta o impactante título "A voz da primeira Iniciada na Umbanda Esotérica" (https://www.youtube.com/watch?v=l0tOpxcI7Zg). Trata-se de um adendo à trilogia que se encerrará em breve.

Seu conteúdo permite muitas reflexões significativas, afinal 2 sacerdotes falam ao público com uma consistência que possibilita uma discussão teológica de alto nível. As palavras da primeira Iniciada da Umbanda Esotérica no 7º grau do 2º ciclo, Yamaracyê, nos colocam para pensar que não é mais possível olvidar que a religião é uma construção humana, mesmo que haja fé no sobrenatural. Em sendo humana, está submetida a todos os contextos sócio-culturais da sua época.

No ocidente e, em especial, no Brasil a cultura cristã católica marca o fazer social e religioso. As primeiras umbandas reconhecidas pela academia como tal são, inclusive, cristãs, praticada por uma classe média etnocêntrica e/ou por setores da elite. Estes valores cristãos, que diferem muito do Cristo, são reflexos de um preconceito sem precedentes e de consequências sociais gravíssimas. Sobre misoginia, vale lembrar que a mulher adquiriu o direito ao voto recentemente, e até os dias de hoje, possui salário no mercado brasileiro inferior ao homem mesmo em igualdade de cargo e função. Sobre a homofobia, uma agressão ao núcleo familiar idealizado cristão. Vide a dificuldade de casais homossexuais adotarem filhos, mesmo com a enorme quantidade de crianças desamparadas pelos pais biológicos, e outros direitos que são garantidos aos casais heterossexuais.

Na UE, em particular, as influências também aconteceram. Mulheres não poderiam se iniciar em graus e ciclos como o que fora conquistado pela Yamaracyê. Justificativas de ordem espiritual foram construídas para preconceituar o homossexual. A revolução promovida pelo Mestre Araphiagha agora, gestada há pelo menos 25 anos, desde o desencarne do fundador W. W. da Matta e Silva, coloca definitivamente um basta a esta herança cristã maldita, pegando carona nas duras e consistentes palavras de Friedrich Nietzsche constante em suas obras.

Como bem disse a Mestra Yamaracyê, retirar a imagem do cristo é retirar a axiologia cristã do centro. Não permitindo nenhuma prática que promova desigualdades em termos espirituais, culturais, sociais, políticos e econômicos. O que fica no centro da UE, então? Como já explicitado, Ifá.

A ética africana desde as Divindades até o fazer social nunca promoveu estas exclusões. Não é por menos que o panteão africano tem Deuses e Deusas (contrário à misoginia) e Deuses sem gênero definido, os "meta-meta" (contrário à homofobia). Apenas para ficar nestes dois exmplos. Mais do que isso, Mestra Yamaracyê nos convida a refletir sobre tudo isso deixando de lado a tão batida ideia de "sincretismo" e levando mais a sério o porquê destas mudanças.

Por seguir a doutrina de Ifá de forma central, a UE não tem aspectos salvacionistas ou proselitistas. Pelo conceito sacerdotal e teológico de Escolas, preconizado por Mestre Araphiagha, admitimos muitas formas de se fazer e praticar o núcleo duro chamado "Umbandas". Aqueles que prescindem dos valores cristãos, dependentes de suas práticas moralistas, acorram à Umbanda Cristã. Não precisam ficar na UE.

Saindo um pouco da discussão teológica e adentrando na minha vivência como adepto da UE, não posso deixar de admirar a coragem de Mestre Araphiagha ao realizar tal revolução. Igualmente nutro satisfação de ver minha irmã mais velha, honrando a nossa Linhagem com tamanha competência e capacidade para versar sobre assuntos religiosos, acadêmicos e sociais. Simplesmente deixam os despeitados de cabelos "em pé". Aliás, nem isso. Parece-me que o cabelo era de papel e simplesmente desmanchou... Chega a ser temerário a falta de percepção do que é ser um Mestre-Raiz, um verdadeiro Mago. Sua magia briga, e briga feio, pelo meu Pai. A lei é justa e uma só. Se extraviou... Bem, mas o que importa mesmo é que nossa comunidade se enche de satisfação e alegria por saber que com Ifá na "sala de estar" o destino nos permite caminhos abertos e corpos fechados sob os auspícios de nosso Mestre. Vamos conversando.


Yabauara

A voz da primeira Iniciada na Umbanda Esotérica

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

2º vídeo da Trilogia sobre Umbanda Esotérica - Uma reflexão

Dando sequência à trilogia da Umbanda Esotérica, Mestre Araphiagha (F. Rivas Neto) entrega aos praticantes e simpatizantes da Umbanda Esotérica o vídeo intitulado "UE Iniciação não é fé e caridade" (https://www.youtube.com/watch?v=wWHUxIjwU00). Impossível não reparar como a semiótica da UE é simples, porém profunda. O peji, a cruz, o toco, o oponifá... Bem, quem tem olhos para isso que contemple a força da simbologia da Umbanda Esotérica. 
Diante disso, é até compreensível aos que não buscam a Iniciação na Umbanda Esotérica, ou que mesmo os que rolaram os degraus dela, simplesmente não alcançarem a força de sua doutrina. Aí produzem uma série de clivagens em seu conhecimento, exaltando pontos que simplesmente não fazem sentido e deturpam a essência desta nobre escola umbandista. Explico-me.
Quando Mestre Araphiagha coloca o "ifá" na sala de estar, em hipótese alguma está negando todas as justas e verdadeiras tradições milenares que influenciaram a Umbanda Esotérica desde sua fundação por Mestre Yapacani (W. W. da Matta e Silva). Mas ressalta aquilo que poucos entenderam, simplesmente pelo fato de não conhecerem a T.U.O. em Itacurussá. Pior, alguns voltaram seus olhos apenas para a letra morta, enquanto o Velho Mestre, o meu avô de santé¸ militava diuturnamente em seu santuário não com livros, com a Bíblia ou o signário cristão. Interferia na vida das pessoas que acorriam à Ele, curando-as por meio dos coquinhos de dendê, do copo da vidência, do tabuleiro onde repousava o próprio Deus do Destino (oponifá). 
Daí a tranquilidade para Mestre Araphiagha ressaltar este aspecto da Umbanda Esotérica. Foi Ifá e a Lei de Pemba (que já traçava pelo seu mediunismo excepcional e não por imitação de livro) que o estimulou a procurar o Velho Mestre. Foi Ifá que determinou a sucessão da Raiz de Guiné para Velho Payé. Foi no rito de transmissão que as vontades do Orixá do Destino concretizaram a nova fase da UE.
De igual maneira, não é de se estranhar o silêncio doído (com bastante ranger de dentes) daqueles que não viveram isso ou que, quando puderam experimentar, tropeçaram nas consequências do mau destino, fruto da egolatria, narcisismo, enfim da própria vaidade que não permitia enxergar um palmo na frente que não fosse espelho. O que resta? Sobre ifá, continuarem calados. Não podem ensinar o que não sabem e não adiante copiar da internet falsos conhecimentos que fazem qualquer pessoa minimamente conhecedora do assunto rir...
Sendo assim, o que resta mesmo é falsear uma prática de Umbanda Esotérica (com "s") com o que há de mais esdrúxulo: propugnar a caricatura de uma Umbanda exotérica (com "x"). Por exemplo, chega a ser piegas fazer um rebuliço pela imagem do Jesus que foi paradigmaticamente retirado do peji por Mestre Araphiagha. Diante de Ifá, da Lei de Pemba, da Mediunidade, da Iniciação, dão realce a um quadro?
Por que defender princípios cristãos na UE, se sua doutrina, seu estilo de vida podem e conseguem conviver tranquila e sadiamente com a episteme e ética africanas decorrentes do Ifá? Simples, e reitero, porque não sabem nada disso. Só sabem reproduzir a convenção, o moralmente aceito, as palavras doces, mas que no fundo são tão ferinas quanto à sociedade que crucificou o Cristo por não compreendê-lo. Torna impossível seguir o exemplo de discípulos do Cristo, como João que militou por sua doutrina e estilo de vida. Preferem seguir Paulo de Tarso, o discípulo do Cristo morto. 
Os ensinamentos dos Grandes Iniciados, entre eles o próprio Cristo, estão tão fortes como nunca na UE. Nos dizeres de Mestre Araphiagha neste vídeo, a essência permanece. Principalmente, nos aspectos espirituais, sociais e culturais. Afinal, nesta nova fase, sob a égide de Ifá, está claro e transparente o posicionamento contrário à homofobia, à misoginia e ao racismo. Não perceberam que ao colocar Ifá na "sala de estar" da UE, Mestre Araphiagha torna a umbanda esotérica tão ou mais iniciática do que na época de sua fundação. De igual maneira, deixa tão ou mais acessível ao povo. Todos podem se beneficiar dos vaticínios de Orunmilá Ifá. Basta pisar nas areias do Santuário de Itanhaém, a T.U.O. redviva. Mas para se iniciar nela? Não basta fé e caridade. Imprescindível demonstrar dedicação, lealdade e capacidade às Santas Almas Guardiães do Cruzeiro Divino representadas pelo e no Mestre-Raiz.

Yabaura


UE Iniciação não é fé e caridade

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Sobre o vídeo postado pelo Mestre Araphiagha

Aos que se interessam pela Umbanda Esotérica...
Não é por menos que o adágio Iniciático de que todo Mestre foi um excelente discípulo se apresenta mais forte do que nunca. Quem assistiu ao vídeo "Na Umbanda Esotérica Iniciação não é caridade" (https://www.youtube.com/watch?v=WAUsncJo48s), entendeu que não basta querer fazer caridade para alcançar a Iniciação. É necessário muito mais que isso, se capacitar e dedicar ao Espiritual sob as mãos daquele que já venceu neste caminho, ou seja, o Mestre.
Existem excelentes obras tanto de meu Pai quanto meu Avô de santé sobre Umbanda Esotérica. Recomendo a leitura de todas. Só não podemos esquecer que livros são bons para informar. Na Umbanda Esotérica só um Mestre de Iniciação Raiz que pode formar filhos e iniciados em todos os Graus. Por um motivo simples, ele passou por todos. 
Foi assim que meu Pai recebeu de Mestre Yapacani (W. W. da Matta e Silva), entre diversos presentes espirituais, a confirmação de suas entidades. Caboclo Cobra Coral, Caboclo Arruda e Caboclo Urubatão da Guia, para ficar apenas nos Caboclos. Não foi algo apreendido no livro que informa, foi confirmado na vivência da T.U.O. – Itacurussá em uma profunda relação ética de Pai para Filho, de Mestre Yapacani para Mestre Araphiagha. Mais do que isso, entre o fundador da Umbanda Esotérica e sucessor da mesma. Isto não dá para mudar. E quantos gostariam de adulterar esta história ou mesmo apagar por puro despeito, não é mesmo? Para estes...
Não adianta dizer que segue Mestre Yapacani. Ler livros não inicia ninguém, muito menos na Umbanda Esotérica. E aos seguidores do "livro", amantes da letra morta, por que olvidam o texto registrado em cartório e assinado por Mestre Yapacani que transmite a Raiz de Guiné, da Umbanda Esotérica, para Mestre Araphiagha? Por que não reconhecem os fundamentos e diretrizes sobre Ifá que ninguém pegou (exceto Mestre Araphiagha) mesmo estando escrito em "Macumbas e Candomblés na Umbanda"? Simples, porque querem manipular o que foi escrito com igual destreza em que tentam ofender quem milita e trabalha para ver se ganha 5 minutos de fama nas redes sociais.
Pior do que não conseguir seguir o Mestre, estes alienistas alienados querem ludibriar os outros. Cada um faça o que julgue melhor pra si. Só não venha fazer uso da doutrina e da ética da Umbanda Esotérica. Ela não é terra de ninguém. Tem fundador (W. W. da Matta e Silva), sucessor (F. Rivas Neto), lugar (T.U.O. – Itanhaém) e fundamento (Ifá e sua decorrência que é a Lei de Pemba).

Yabauara

Na Umbanda Esotérica Iniciação não é caridade

Este é o primeiro vídeo da trilogia sobre Umbanda Esotérica! Nele, Pai Rivas discorre sobre a iniciação na Umbanda Esotérica a qual pressupõe esforço, dedicação, mérito e capacidade do iniciando, diferindo-a da ética cristã incorporada em grande parte das umbandas, cujo lema é a fé e caridade. A iniciação requer capacidade!
https://www.youtube.com/watch?v=WAUsncJo48s


sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Aos praticantes da Umbanda Esotérica: aspectos da Tradição retificados e ratificados


Aos praticantes da Umbanda Esotérica: aspectos da Tradição retificados e ratificados


Acabo de assistir ao vídeo Religiões Afro-Brasileiras - Ifá na "sala de estar": a valorização de uma doutrina como estilo de vida, publicado no blog de Pai Rivas.

Nele, uma série de questões são trazidas à discussão, mas como o próprio título da publicação anuncia, a tradição de Ifá merece destaque maior.


O famoso médico legista Nina Rodrigues, no início do século XX, demonstrou que o Ifá era proveniente da tradição africana da etnia jeje e seu signário sagrado era muito próximo aos hieróglifos egípcios. Este dado registrado por Nina Rodrigues não havia sido lido com muita proeminência. Digamos que ficou esquecido no meio de tantas compilações históricas que ele fizera sobre os africanos que chegaram ao Brasil quando da diáspora pela escravidão.  

Eis que Pai Rivas encontra este dado na obra de W.W. da Matta e Silva intulada Macumbas e Candomblés na Umbanda. Nesta obra, o fundador da Umbanda Esotérica afirma a importância do Ifá africano, o mesmo Ifá que ele próprio havia revelado alguns de seus importantes sinais.


Pai Matta, no entanto, não deu destaque ao Ifá em sua ritualística cotidiana. Embora seu tabuleiro sempre estivesse lá, ele próprio não desmembrou e não compartilhou do sistema de valores inerente ao Ifá. Como Nina Rodrigues atestou, o Ifá era africano e, embora ele não tenha discrimado nada muito além disso, sabe-se que o Ifá não é apenas um mero jogo oracular, mas ele está totalmente vinculado com uma ética específica, o que equivale a dizer que aqueles que o vivenciam integralmente, possuem um estilo de vida adequado ao sistema de valores africanos.


Mas o que seria esse sistema de valores africanos? Será que eles podem ser aplicados à vivência brasileira? Penso não ser tarefa fácil descrever o sistema de valores africanos, até porque a África é um continente com países, etnias diversas e que, certamente, já não são mais os mesmos de um ou dois séculos atrás. Por outro lado, é possível apontar alguns elementos que se ajustaram perfeitamente ao Brasil. Como Pai Rivas discorre no vídeo, enquanto os homens ocupavam-se com muitas outras tarefas, as mulheres ficaram responsáveis por reger e conduzir a vivênncia religiosa. Eram elas e não eles que determinavam os rituais, que iniciavam, que conduziam a tradição. Tratava-se de um "regime" majoritariamente matriarcal em uma época que as mulheres pouco e nada tinham de liberdade e direitos. Neste sentido, os candomblés liderados pelas Yás eram centros de contra-cultura.


Pois bem, na década de 1950 e 1960 Pai Matta "explode" a Umbanda Esotérica no Brasil. Neste período, a antropologia já havia mostrado que todos os povos tinham suas especificidades e riquezas culturais e, portanto, caía por terra a ideia de que alguns povos ditos "primitivos" evoluiriam rumo ao padrão de cultural ocidental europeu, modelo de civilização. Acontece que um período anterior, no fim do século XIX e início do século XX a história brasileira importou uma teoria conhecida como racismo científico, a qual discriminava negros amparada pela ciência. Eram os discursos científicos validando, autorizando e legitimando a exclusão étnica, racial e espiritual. E, embora, a partir da década de 1940 o racismo científico já fosse uma teoria superada, as manchas custaram a sair (se é que saíram totalmente). Não basta que algumas linhas sejam escritas em um livro acadêmico para que o lastro do que expressam seja imediatamente praticado. Há uma distância entre a teoria e a prática social que delongam alguns anos para ser reduzida.


Quero dizer com isso que, embora Pai Matta fizesse uso do Ifá e tenha sido o primeiro a desvelar seu signário, ele ainda não deixava o Ifá e tudo o que ele represetava no centro de sua prática litúrgica. Isto porque, ainda era muito forte expressões como  "isso é coisa de negro" no meio em que ele passou a viver após sua saída de Pernambuco. Pai Matta teve a primazia de mostrar e revelar os sinais sagrados de Ifá, porém, optou na época em concordar com o que mais era valorado socialmente: a cultura branca indo-europeia evocando suas literaturas várias e não optou por relevar a cultura africana. Não podemos esquecer, é claro, que a entidade que ele mais trabalhava chama-se Pai Guiné D´Angola (respectivamente, trazendo a tradição sudanesa e bantu), porém, no que tange à ética, a Umbanda Esotérica adaptava-se a um modelo de religião afro-brasileira mais elitizada, embranquecida e (quase) europeia.


Pai Rivas em 1987 torna-se seu sucessor e passa a conduzir a raiz da Umbanda Esotérica. A partir deste momento, com toda delicadeza e respeito ao tempo coletivo de cada um, Pai Rivas dirige todos os rituais e, paulatinamente, retifica algumas questões anteriormente mencionadas neste texto: evolucionismo espiritual e social, racismo, misoginia presentes em seu antecessor. Ao operar um deslocamento do Ifá - da margem para a centralidade ritual - Pai Rivas não apenas resgata os fundamentos deste método oracular como passa a vivenciar sua ética. Isto significa um duplo caminho. O primeiro é, como mencionado, o uso litúrgico e ético do Ifá. O segundo é a autonomia dada à Umbanda Esotérica. Autonomia porque ela não necessita mais estar sob o jugo das tradições brancas europeias. Não há mais necessidade de valorar um concordismo social (com o catolicismo, kardecismo, religiões orientais) porque os tempos são outros e, como toda tradição, a Umbanda Esotérica também exigiu suas mudanças de acordo com o que a espiritualidade e a sociedade as colocou


É fácil demonstrarmos algumas evidências: Pai Rivas iniciou mulheres na Umbanda Esotérica, como não era realizado antes. Pai Rivas é contrário a toda a qualquer forma de discrimanação seja ela racial ou por orientação de gênero. Ele retifica assim o evolucionismo espiritual e social, racismo, misoginia e, ao mesmo tempo, ratifica a centralidade do Ifá e de sua ética.


Tudo isso me leva a um questionamento. Os que dizem seguir a Umbanda Esotérica, são coniventes com tais discriminações? Se sim, isto seria lamentável, especialmente aos que se afirmam como pais e mães de santo… Certamente, se Pai Matta estivesse vivo ele mesmo teria propostos mudanças, mas as deixou para seu sucessor realizá-las no tempo devido, já que em livro ele mesmo colocou que outras fases viriam. Então, há duas possibilidades. Ou são eles próprios sujeitos coniventes com tais discriminações ou não seguem Umbanda Esotérica alguma… porque a Umbanda Esotérica não está enrijecida em um livro ou em uma foto, mas está em constante mudança.


A Tradição nas religiões afro-brasileiras, seja ela nas umbandas, encantarias ou candomblés não são fixas. Não são reconhecidas pela literatura. Não se faz pai ou mãe de santo memorizando livros. Longe disso, a vivência ética afro-brasileira está obrigatoriamente vinculada com a experiência religiosa cotidiana nos terreiros junto a um pai ou mãe de santo que lhes transmitam os conhecimentos-vivências. Deixo mais algumas perguntas então: os que dizem hoje fazerem

esta Umbanda Esotérica que desconhece Ifá propugnado pór Pai Matta, que valorizam o Cristo e as palavras "doces ao ouvido" viveram com Pai Matta? Foram iniciados por ele?


Como diz, Pai Rivas, discursos de caridade, fraternidade e boa vontade podem muito bem ser úteis para aqueles que concordam com discrepâncias várias, com um mundo de "fachada". Esta espiritualidade de fachada difere e muito de capacidade e responsabilidade coletiva, estas sim que não se escondem em palavreados sedutores, mas se mostram efetivamente em realizações.


Yacyrê.

(Érica Jorge)



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Érica Ferreira da Cunha Jorge
Doutoranda em Ciências Humanas e Sociais - UFABC.
Professora Pesquisadora UAB/UFABC.

Religiões Afro-Brasileiras - Ifá na "sala de estar": a valorização de uma doutrina como estilo de vida

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Fwd: Felicitações de final de ano!

Pai Rivas e toda sua comunidade de Axé sediada no Ile Funfun Asé Awo Oso Ogun, Ile-oka 7 Estradas, T.U.O. e a Tenda dos Encantes de Capa Preta desejam a todas e todos saúde e prosperidade, tanto espiritual quanto material. Que o novo ciclo de 2015 permita um destino de realizações, concretizado em corpo fechado e caminhos abertos. Ayó e Axé!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

VI Congresso Nacional das Religiões Afro-brasileiras: a FTU na Câmara Municipal de Itanhaém!

VI Congresso Nacional das Religiões Afro-brasileiras: a FTU na Câmara Municipal de Itanhaém!



"Na última sexta-feira e sábado (12 e 13 de dezembro) a FTU promoveu em Itanhaém o VI Congresso Nacional das Religiões Afro-brasileiras. As cincoedições anteriores foram realizadas na sede da FTU em São Paulo. Desta vez, porém, foi diferente. O VI Congresso ocorreu na Câmara Municipal de Itanhaém. Destacamos o fato de que a Câmara jamais havia recebido eventos desta natureza, mas seus membros representativos sentiram-se bastante confortáveis e confiantes com a proposta acadêmica advinda dos projetos educacionais da FTU. Se já era histórico um evento acadêmico na Câmara, o que dizer de um evento acadêmico promovido por uma instituição de ensino superior teológica com ênfase afro-brasileira? Para nós da FTU foi um sinal de que continuamos a fazer história no campo teológico mas também com o aceite e confiança de outras esferas."

Saiba mais no Blog Espiritualidade e Ciência:http://sacerdotemedico.blogspot.com.br/2014/12/vi-congresso-nacional-das-religioes.html

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

domingo, 7 de dezembro de 2014

Curso de Extensão Universitária "Ori e Bará"

Axé,

A FTU - Faculdade de Teologia com ênfase em Religiões Afro-brasileiras, única instituição afro-brasileira regulamentada, autorizada, credenciada pelo MEC a ofertar cursos de formação em teologia afro-brasileira, tem o prazer de convidar a todas e todos a participar do nosso mais novo curso de extensão universitária à distância (EaD).

Pai Rivas (Iwin Ayotolá com 55 anos de sacerdócio e teólogo afro-brasileiro) ministrará o curso "Ori e Bará", discutindo a tradição Ketu e Jeje na qual é iniciado.

O curso terá com base o livro "Teologia do Ori-Bará" a ser lançado dia 12 de dezembro em 2014 durante o VI Congresso Afro-brasileiro da FTU, momento este que o Babá será conferencista fará grassar o tema ora proposto.

Maiores informações para breve.


Axé,
João Luiz Carneiro (Yabauara)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Um vídeo, uma nova fase!

Aranauan,

O vídeo que compartilho (https://www.youtube.com/watch?v=KUFcRo1uR4E) é o registro de algo histórico que guarda uma paradoxal relação: trata-se de algo concomitantemente inovador e tradicional

Primeiro vamos ao fato: Mestre Araphiagha (F. Rivas Neto), Mestre-Raiz da Umbanda Esotérica (UE), anuncia os elementos centrais do seu Mestrado: ifá.

Diante do exposto, vejamos os aspectos tradicionais, ou seja aqueles que valorizam e mantém o núcleo duro da UE, tornando sua raiz forte e firme para continuar dando frutos. O Ifá não é novo na nossa Raiz. Já é algo desenvolvido por nosso avô de santé, Mestre Yapacani – W. W. da Matta e Silva durante toda a sua vida por dentro da Umbanda Esotérica. Ele mesmo cita em suas obras questões importantes (vide vídeo) e, mais, como conta Mestre Araphiagha, a principal forma de atender a população de Itacurussá que acorria a T.U.O. era por este método/sistema oracular.

Ao dar realce ao  Ifá, trazendo como fundamento primeiro e primevo, Mestre Araphiagha torna-se o mais tradicional possível se considerarmos a etimologia da palavra "tradição". Ela vem do latim, traditio e significa "passar a diante". Nosso Mestre passa a diante algo que ficou por muito tempo velado, até mesmo por outros Iniciados de Mestre Yapacani.

Além disso, é interessante ilustrar como os Sacerdotes de Orunmilá Ifá repetem as histórias de suas vidas como um grande itan. Da mesma maneira que o vô Matta sai da Pavuna para aprofundar sua doutrina em Itacurussá construindo a T.U.O., pai Rivas desloca-se de São Paulo para Itanhaém e revive a mesma casa em pleno século XXI.

Quanto aos aspectos inovadores, precisamos antes de mais nada contextualizar. Não podemos negar que muitos que optaram seguir apenas os livros de meu pai quanto do meu avô, assumiram uma postura elitista nas religiões afro-brasileiras. Mais do que colocar a Umbanda como "superior" ao Candomblé e outras doutrinas de forte influência africana, quiseram fazer da Umbanda Esotérica melhor do que a própria Umbanda. Um discurso que na política nem de direita seria, mas de extrema direita!

Pois bem, no exato instante em que a Raiz de Guiné (termo africano), uma menção ao Preto-velho Pai Guiné de Angola (só referências africanas) recebe o contraste, o realce em Ifá (também africano), sem alarde, Mestre Araphiagha dá isonomia às influências religiosas africanas com as demais indo-europeias e ameríndias na UE. Aliás, vai além: mostra a senioridade e  anterioridade. Porque se até a pemba (africano) veio de Ifá e tudo na nossa doutrina é decorrência disso; logo...

Não existe espaço para desigualdades, se consideramos os aspectos do grande público. Aliás, para quem quer a palavra do Caboclo, Pai Velho, Criança e Exu, nada muda. O santuário com chão de areia, com o peji da Umbanda Esotérica e com os Mestres Astralizados continua exatamente como sempre foi. Mas quem quer iniciação nela... Há, isso mudou bastante!

Não adianta decorar os sinais adâmicos, decodificar no arqueômetro. Tudo isso foi, friso foi, muito importante e tem seu valor. Mas de onde veio tudo isso? São reflexos pálidos de uma tradição jeje genuinamente africana. A segunda fase prevista por Mestre Yapacani e concretizada por Mestre Araphiagha está dada. Que os interessados mostrem seus reais interesses procurando o Mestre. Lembre-se que só existe Iniciação verdadeira com Mestre vivo e ativo. Aos seguidores do livro, fiquem no livro. O terreiro da UE, verdadeiro Santuário do Destino, não cabe em páginas, mas sim em nozes de dendê habilmente manipuladas pelo Babalawô no Oponifá. Bom vídeo a todas e todos!


Yabauara
​Discípulo de Mestre Araphiagha​

domingo, 30 de novembro de 2014

Umbanda Esotérica: Novos rumos doutrinais e sacerdotais

Umbanda Esotérica: Novos rumos doutrinais e sacerdotais



Na publicação de hoje apresentamos o vídeo "Umbanda Esotérica: novos rumos doutrinais e sacerdotais" em obediência aos desígnios da Cúpula Espiritual Diretiva da Umbanda Esotérica. Algo devidamente registrado em livro por Mestre Yapacani – W. W. da Matta e Silva, fundador e meu antecessor na Raiz de Guiné/ Velho Payé, quando afirma que novas fases surgiriam por dentro dos fundamentos da Umbanda Esotérica (fonte: Segredos da Magia de Umbanda e Quimbanda – 3ª ed. Pág. 14).

Saiba mais pelo vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=KUFcRo1uR4E

Ou diretamente pelo Blog Espiritualidade e Ciência:http://sacerdotemedico.blogspot.com.br/2014/11/umbanda-esoterica-novos-rumos_30.html

Yabauara

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Publicação do Livro "Religiões Afro-brasileiras: uma construção teológica"

EDIÇÃO EXTRAORDINÁRIA: 

Pai Rivas fala sobre o lançamento do livro de seu filho de santo João Luiz Carneiro (Yabauara). 

Saiba mais diretamente no blog Espiritualidade e Ciência pelo link:http://sacerdotemedico.blogspot.com.br/2014/11/publicacao-do-livro-religioes-afro.html


quinta-feira, 13 de novembro de 2014

T.U.O. - REVIVIDA NA TERRA DO VERBO (ITANHAÉM)

T.U.O. - REVIVIDA NA TERRA DO VERBO (ITANHAÉM)

Depoimento de Mãe Valdinez e Pai Deni dirigentes do Templo de Umbanda Pai Joaquim de Aruanda (Abatemy e Taramatan)


Como informamos na publicação anterior, a inauguração da T.U.O. foi celebrada no último dia 08 de novembro. Neste mesmo texto passamos a pena para dois filhos do nosso santé no intuito de compartilhar suas percepções. Desta vez, entregamos ao leitor do nosso Blog as palavras de Mãe Valdinez (Abatemy) e Pai Deni (Taramatan) que estiveram de corpo presente no primeiro dia da T.U.O aberta ao público.

Saiba mais em: http://sacerdotemedico.blogspot.com.br/2014/11/tuo-revivida-na-terra-do-verbo-itanhaem.html

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

1º Ritual da T.U.O. em Itanhaém

1º Ritual da T.U.O. em Itanhaém


No último sábado, dia 08 de novembro, foi o primeiro ritual da T.U.O. em Itanhaém. A inauguração de mais um dos templos sediados em Itanhaém representa um marco histórico em nossa trajetória iniciática, sob
retudo, porque faz parte de um dos nossos compromissos assumidos: o de levar adiante a Escola da Umbanda Esotérica.

Saiba mais em: http://sacerdotemedico.blogspot.com.br/2014/11/1-ritual-da-tuo-em-itanhaem.html

Yabauara

terça-feira, 4 de novembro de 2014

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Sr. Capa Preta nas ruas de Itanhaém -- 01 de novembro de 2014


Sr. Capa Preta nas ruas de Itanhaém -- 01 de novembro de 2014

Na publicação de hoje apresentamos fotos do Toque de Exu realizado em um dos templos de Pai Rivas na cidade de Itanhaém-SP. Mais uma vez Exu foi para a rua e com ele a celebração das conquistasde nossa comunidade de Axé e das Religiões Afro-brasileiras. Axé!

Yabauara