quinta-feira, 26 de maio de 2011

Do Transe ao Estado de Erê...

Aranauan, Saravá, Axé!

Hoje o Blog Espiritualidade e Ciência – http://espiritualidadeciencia.wordpress.com – apresenta o texto com fotos "Candomblé de Caboclo aproximando as Religiões Afro-brasileiras: Dialogando com o Orixá". Esta publicação foi precedida por outras duas igualmente importantes. Na segunda-feira entrou o texto + vídeo "Culto aos Encantados nas Religiões Afro-brasileiras " . E na semana passada foi ao ar o vídeo "O  Poder das Ervas nas Religiões Afro-Brasileiras ". São publicações que trabalham vários ângulos das Religiões Afro-brasileiras, ou seja, uma ideia que se manifesta por meio de diversas linguagens, como vaticina Pai Rivas.

Observando com atenção esta publicação sobre o Candomblé de Caboclo, o autor apresenta no blog mais uma destas importantes linguagens que são métodos de acessar a Espiritualidade. Aliás, é realizada uma verdadeira defesa da nossa Tradição quando Pai Rivas afirma: "A Tradição Oral nas religiões afro-brasileiras, não é falta de tecnologia, habilidade ou competência, mas o método escolhido. Não se pode estigmatizar determinada religião por ela ser de Tradição Oral, ao contrário, favorecê-la, pois está sempre se ressignificando, propiciando novas leituras que impedem o inconcebível fundamentalismo e a codificação ou engessamento doutrinário-ritualístico".

Pai Rivas também introduz outro conceito importante. Esta linguagem religiosa funciona como meio atraumático de aproximação do culto do Orixá e do Ancestral Ilustre. Atraumático, porque é natural. Sem invencionices, sem métodos mirabolantes que só afundam a sociedade em novas ilusões. Pelo contrário, o Candomblé de Caboclo e as Religiões Afro-brasileiras são espaços onde as verdades espirituais são manifestas. Simples. Uma boa árvore só pode dar bons frutos. Observem as construções dentro da nossa religião e rapidamente poderemos associar o que nos beneficia coletivamente como bem comum sem privilégios e o que faz o oposto...

Continuando esta forma coerente de argumentação proporcionada pelo autor, são evocados Orixás, Voduns, Inkices, Caboclos, Gentis (europeus "umbandizados") para exaltar o respeito à alteridade e ao diálogo. De forma aporética apresenta um álbum de fotos manifestando isto: Pai Rivas virado no Ogiyan (também conhecido como Oxaguiã) dentro do roncó fazendo uso dos ojás e atacã.

Mas como diálogo? Orixá não fala! Alguns poderiam questionar.

São diálogos entre espíritos que só podem ser expressos no plano físico por meio do silêncio, ou melhor, por meio dos cânticos sagrados, dos orikis. Ao final do transe, Pai Rivas em genuíno estado de erê é recebido por seu filho espiritual Tata Macaia e neste encontro verdadeiro de Mestre e Discípulo, a Tradição se renova.

Somos oriundos de uma cosmovisão que compreendo o Sagrado como algo vivo e, logo, nossa Tradição está sempre em amplo processo dinâmico de ressignificação, como bem colocou Pai Rivas. Os conceitos esposados e o acervo fotográfico são claros. Só podem ser manifestos por quem é verdadeiramente do santo. Mais do que isto, por quem foi iniciado no terreiro, passou pelas mãos de um outro pai espiritual que passou pelo mesmo processo em uma espiral iniciática que vem de eras primevas. Aliás, esta é uma das funções simbólicas do estado de erê. Rememorar a origem do Homem.

Pai Rivas foi iniciado nestas várias Escolas das Religiões Afro-brasileiras e justamente por este motivo consegue de forma inovadora realizar cada vez mais uma aproximação entre todos estes métodos de (re)encontro do Sagrado respeitando suas características específicas e valorizando os pontos comuns concomitantemente. Como cientista que veio do terreiro pelas mãos de Pai Rivas, contemplo-O convicto por presenciar o trabalho realizada diuturnamente para dar voz e vez para todas as Escolas das Religiões Afro-brasileiras. Ontem, hoje e sempre neste contínuo presente: Axé Babá Mi!


Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

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