quinta-feira, 5 de maio de 2011

A Tradição Oral possibilitando o diálogo entre Ciência e Religião

Aranauan, Saravá, Axé!

 

Gostaríamos de apresentar novos elementos da nossa comunicação apresentada no 3º Congresso Nacional da ANPTECRE. Nos anais do evento foram publicados os resumos e transcrevemos o nosso:

 

COSMOVISÃO DAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS E COSMOLOGIA: POSSIBILIDADES DE DIÁLOGO EM F. RIVAS NETO

 

A cosmovisão das religiões afro-brasileiras relaciona espírito e matéria de tal maneira que a segunda manifesta o primeiro. Este fato estimula uma visão interdependente entre Ciência e Religião. A teologia com ênfase nas religiões afro-brasileiras com o seu senso crítico aplicado ao senso religioso pode ocupar um papel importante. Um primeiro desafio, no entanto, é dialogar com cosmovisões endogenamente tão plurais. O conceito de "escolas" trazido por F. Rivas Neto da Faculdade de Teologia Umbandista contribui para tanto, quando apresenta um design teórico de convergência: uma ideia que se expressa em várias linguagens. Cada linguagem é uma escola.

 

A escola de síntese, uma destas linguagens, se aproxima por analogia do modelo Big Bang ao compreender por sua doutrina intitulada "tríplice caminho" que o Orixá deflagrou o seu Poder Volitivo dando origem a manifestação do espírito na matéria como uma triunidade de movimento, luz e som analogamente ao ovo primordial, quando após o big bang se estabeleceram três fenômenos cosmogenéticos.

 

Ainda em F. Rivas Neto é possível compreender como ele relaciona estes mesmos fenômenos cosmogenéticos na tradição africana ketu sincretizando jeje-nagô. Pela representação da cabaça da existência/ IGBÁ IWÁ pode ser considerado, por analogia, o ovo cosmogônico que se manifesta em Luz (Oxalá), Som (Oduduwá) e Movimento (Exu – Elemento procriado). Oxalá e Oduduwá são os princípios da criação genérica e o terceiro elemento – IGBÁ KETÁ é a individualização, a existência diferenciada.

 

Palavras-Chave – Cosmologia, Big-Bang, Umbanda, Cosmovisão, Rivas-Neto, Cosmogênese

 

O resumo expressa bem o que defendemos no evento, mas estamos ao dispor dos irmãos para dirimir possíveis dúvidas.

 

Aproveitando, evocamos as palavras de Pai Rivas em seu recente vídeo - Religiões Afro-brasileiras e Tradição Oral disponível em http://www.youtube.com/pairivas#p/u/1/YHChB7jaESw.

 

No material gratuito apresentado é possível compreender que as Religiões Afro-brasileiras ou Umbanda não são de Tradição Oral por falta de tecnologia ou competência, mas sim porque este tipo de tradição expressa a essência da nossa cosmovisão que é uma unidade aberta tal qual o Homem. Logo esta relação entre Cosmologia (estudo do "cosmos") e Cosmovisão (visão de mundo) do povo do santo é possível, porque ambas são unidades abertas, não-dogmáticas. Isto é fundamental. Gostaram? Vamos conversando...

 


Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

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