terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Iniciação é para, pela e na coletividade

Aranauan, Saravá, Axé,


Dando continuidade às ideias, reflexões e relatos de vivência com seu Mestre, Pai Rivas publicou ontem mais um vídeo intitulado: "A Raiz-Linhagem de Matta e Silva esta viva e reatualizada" (disponível em: http://sacerdotemedico.blogspot.com.br/2013/02/a-raiz-linhagem-de-matta-e-silva-esta.html).

 

Muitos foram os pontos de destacada importância, mas vou focar apenas alguns no presente texto.

 

A iniciação é algo muito sério. Dentro da nossa Casa, passa pelo filho dar sua cabeça para que o pai espiritual coloque a mão nela. Ou seja, aquele que se filia a uma casa de iniciação das religiões afro-brasileiras, sendo aceito pelo pai ou mãe espiritual, confia que seu Mestre conhece os caminhos que precisa percorrer. Que seu Mestre tem plenas condições de construir meios para se fazer um bom destino. Em suma, que seu Mestre tem conhecimento e sabedoria em ângulos muito mais profundos e concretos do que o discípulo.

 

A Iniciação, portanto, não admite narcisismo ou egocentrismo. Se procurarmos o dicionário, fica fácil compreender o que significa ambas as palavras. Um indivíduo narcisista é aquele que se julga grandioso e possui necessidades de admiração e aprovação de outras pessoas em excesso. Já o egocêntrico acredita que tudo gira ao seu redor.

 

A Iniciação não é centralização de poder, mas exercício justo desse poder para benefício da coletividade. O Iniciado, na comunidade, não é o que mais é servido, mas o que mais serve. Enfim, o que mais trabalha. Elimina as zonas de conforto. Se apenas um mestre pode Iniciar o discípulo e a iniciação é tudo isso, naturalmente, ele acaba representando um exímio destruidor de egos. Tudo que um ególatra e/ou narcisista não quer.

 

Enquanto seu ego acha, porque em verdade nunca foi isso, que sua iniciação o coloca no patamar acima dos outros com pompas e bajulações, está tudo ótimo. O Mestre é tudo para esse "iniciado". Mas quando passa o tempo e vai "caindo a ficha" que a iniciação só é trabalho constante que elimina qualquer traço de egoísmo, dói. E muito! Tudo que achava grandioso já não é mais. As necessidades de admiração e aprovação continuam crescendo, mas cadê o trabalho, cadê os frutos? Além disso, para piorar, continuam acreditando que eles são a referência. Mas quem foi que deu a cabeça mesmo? A referência não está mais na Ancestralidade, nos Guias, no Mestre. Está em si mesmo. Mas, ao mesmo tempo, implora a aprovação dos outros. Como conjugar: ser melhor que todo mundo e necessitar de todos para o bajular? Respondo, não dá. Acaba em um processo alienante e mais uma vez os degraus da iniciação são rolados.

 

A Iniciação e os vários terreiros que convivem com a diversidade, exatamente como o conceito de escolas preconiza, afasta ideias puristas, fascistas, eugênicas, hegemônicas, homogeneizantes, pseudo-intelectualismos...

 

Como exemplo, vamos utilizar a própria umbanda esotérica, taxada por alguns como elitista. Pai Rivas lembrou de algo realmente muito lido, mas pouco compreendido. O vô Matta, Mestre Yapacany, deixou em vários momentos registrados que antes de firmar seu terreiro de umbanda esotérica em Itacurussá, conduzia um terreiro de umbanda popular na região da Pavuna, Rio de Janeiro. Se tocava sua gira na umbanda popular, certamente conhecia os fundamentos dela.

 

Além disso, Pai Guiné de Angola, responsável pelos principais fundamentos da umbanda esotérica, desde a época da umbanda popular na Pavuna incorporava em W. W. da Matta e Silva fazendo uso do nome de Pai Cândido. Ou seja, tanto o médium quanto a entidade atuavam na umbanda esotérica, mas também na umbanda popular. Isso é respeito pela diversidade, isso é vivência de terreiro.

 

E deixa a Gira girar!


Aranauan, Saravá, Axé,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)


 
Clique na imagem e conheça o site da FTU

Nenhum comentário:

Postar um comentário