terça-feira, 27 de agosto de 2013

Família de Santo e Raiz

Axé!

A última publicação de Pai Rivas "EXCERTOS DA RAIZ DE GUINÉ NA VISÃO DO MESTRE-RAIZ MEMENTOS – PARTE II", disponível em: http://t.co/MiYN1CpoHX, fez retomar um conceito muito importante para nós que somos das tradições afro-brasileiras: família de santo.

Sim, a ideia de família está para muito além da nomenclatura que usamos no dia-a-dia do terreiro. Somos filhos, pais, mães, irmãos, enfim, possuímos uma pertença que está na estrutura do ser: somos FILHOS de Orixá. Uma Raiz, uma Tradição Viva expressa em plenitude esse estilo de vida em família.

Assim como possuímos a família consanguínea como base da sociedade hodierna, a família que sustém o terreiro é estruturadora e estruturante da sociedade de santo. Aliás, uma Raiz só perdura no tempo e espaço se der continuidade à comunidade, à família espiritual. Lembramos que entrar na senda Iniciática, participar da família de santo ocorre em um momento muito especial: quando "damos a nossa cabeça" para o Mestre, significando fazer um novo destino.

Meu avô de santo fez isso com lucidez espiritual ímpar. Fundou uma Raiz, iniciou filhos em vários níveis que cada um conseguiu alcançar, chegando – até mesmo – alçar alguns de seus discípulos à Mestre de Iniciação do 1º ou 2º Ciclo. Contudo, apenas um tornou-se Mestre de Iniciação do 3º Ciclo. Pelas mãos de Mestre Yapacani e Mestre Yoshanan (Pai Guiné), Mestre Arhapiagha tornou-se, na condição de Iniciado neste último ciclo, sucessor da Raiz.

Ou seja, Mestre Yapacani formou uma Raiz e deu condições para que Ela continuasse com seu FILHO e – agora – sucessor de fato e de direito. Novamente, a sabedoria espiritual fez valer e em plena vida, diante de todos nós, a Raiz se ressignifica, expandindo a proposta inicialmente conhecida como "Umbanda de Todos Nós" e "Macumbas e Candomblés na Umbanda", respectivamente primeira e última obra de nosso avô espiritual. Isso foi expandido não só no terreiro, mas em outros setores dentro e fora do país. Destacamos a Educação, com a fundação da Faculdade de Teologia Umbandista devidamente autorizada, recredenciada e reconhecida pelo MEC.

Durante todo esse período, nunca foi visto ou lido qualquer crítica à sucessão da Raiz por parte dos Iniciados de Mestre Yapacani. Também pudera, somos uma grande família de santo e se o sucessor foi feito diretamente pelo mesmo Pai, qual questionamento seria feito? Questionar as determinações do Pai de Santo é questionar o próprio Pai de Santo. Mas se o mesmo foi Iniciado por este Sacerdote, claro está que ir contra ao determinado é ir contra a si mesmo.

Muito menos algum irmão de Santo do meu Mestre acobertar traições de qualquer estirpe. Julgamos necessário citar as palavras de Pai Rivas: "Não iria o hipotético "Mestre" tomar para si a responsabilidade de acobertar erros e traições ao seu par de Raiz, principalmente sendo ele, o atual Mestre-Raiz de nossa "Escola-Iniciática". E por que não? Porque estaria em rota de colisão com a Ética Mestral cantada em prosa e verso por Pai Matta e Pai Guiné, e por terem sido eles que me escolheram para ser o sucessor da Raiz".

Retomando o raciocínio inicial. Uma família consanguínea unida possui várias questões. A convivência é algo que ensina muito. Lidamos com vários problemas, ora de um, ora de todos. Apoiamo-nos, rimos e celebramos juntos. Por maior que seja o problema, não vamos contra o nosso familiar, seja ele quem for. Na família de santo, o elo é muito mais profundo, por ser de ordem Espiritual. O Orixá, o Caboclo, o Pai-Velho, a Criança, enfim, a valência da Raiz é o que nos une. Um irmão de santo jamais irá contra ao que o Pai de Santo dele determinou com aval dos Guias. E deixa a Gira girar!


Aranauan, Saravá, Axé,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)


 
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