domingo, 4 de dezembro de 2011

A folha e a Raiz

Aranauan, Saravá, Axé!


Ontem comentamos sobre o vídeo do Pai Rivas e esta interessante abordagem sobre ciência e religião e rapidamente, para minha alegria, recebemos vários comentários pertinentes no facebook e com surpresa uma mensagem em pvt (privado) perguntando se agora a casa de Pai Rivas mudou e só faz Candomblé. A pergunta me levou a refletir sobre várias questões e gostaria de abrir para o diálogo.


Mesmo que isto fosse totalmente real, não veria problema algum. Afinal, meu Pai fora iniciado no Culto de Nação pelo Babalawô Ernesto de Xangô, além de outros Mestres nas diversas linguagens das Religiões Afro-brasileiras. O que meu Pai fez e faz é aproximar as várias Escolas fazendo uso de Sua experiência sacerdotal superior a 4 décadas. Porém, como feliz discípulo desta Raiz, teria imensa satisfação de seguir meu Pai em qualquer que fosse a linguagem religiosa, mesmo que hipoteticamente fora das Religiões Afro-brasileiras. Mas poderiam perguntar: por que você agiria assim?


A resposta é simples, mas sem perder a profundidade. Ao dar a minha cabeça para o Mestre, demonstro uma total confiança e cumplicidade na linha de transmissão que Ele trás. Só consigo acessar o Sagrado na Raiz de meu Pai pelas portas que Ele abriu. E se as abriu, é porque passou pelas mesmas e sabe exatamente o que está do outro lado destes vários ângulos da Iniciação adequando para a comunidade que estou inserido e para minha personalidade os símbolos e ritos que melhor me despertarão para a Espiritualidade.

Confesso que esta visão não é privilegiada. Todos que estão dentro da Raiz de meu Pai sabem isto seja por palavras ditas, escritas ou, melhor ainda, pela vivência e convivência no terreiro. Logo, nem preciso comentar que quem me perguntara isto não era da minha casa. Sinceramente, acho impossível alguém de minha Raiz perguntar algo deste tipo. Fazendo uso da licença poética, mais impossível ainda seria um Guia (Caboclo, Boiadeiro ou Exu, por exemplo) se manifestar para dizer algo similar.


O raciocínio segue na sua simplicidade. O Iniciado/iniciando sabe que seu Mestre é a referência da sua Iniciação. Tudo que Ele oferta é para a felicidade pessoal, coletiva da Raiz e planetária em última instância. Ir contra este processo é ir de encontro a tudo isto. Os Ancestrais então... Nem pensar, pois Eles são quem – no âmbito sobrenatural – sustentam a Escola manifesta pelo Mestre-Raiz.


Por outro lado, não vou julgar a pessoa que me perguntou isto em pvt no Facebook. Primeiro porque só quem é de uma Escola das Religiões Afro-brasileiras e está sob os auspícios de um Mestre de mãos cheias sabe da impertinência da pergunta. Segundo, por ter a alegria de conversar com meu Pai ontem sobre vários assuntos e um deles era justamente algo que toca diretamente a Iniciação.


Ouvindo-O atentamente sobre os óbices da Iniciação, me remeti à ideia de uma folha (Iniciado/iniciando) e sua árvore, sua raiz (Mestre e toda a Sua valência ancestral). Ao comentar esta analogia imagética com Pai Rivas, observo que Ele concorda e arremata com Sabedoria: A folha só está viva quando ligada ao galho, portanto à Raiz. Contudo, uma vez separada da árvore esmaece e perde as suas funcionalidades. Agora pergunto: como manter a vitalidade da folha que quis se desprender de sua raiz? Vamos refletindo...


Aranauan, Saravá, Axé,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

 
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