terça-feira, 13 de dezembro de 2011

FTU e Pai Rivas: Um olhar do senso crítico

Aranauan, Saravá, Axé!


Temos acompanhado diversas iniciativas da FTU (Faculdade de Teologia Umbandista) que permitiram e estão cada vez mais permitindo uma aproximação real das Escolas das Religiões Afro-brasileiras. Este trabalho paradigmático tem chamado a atenção de acadêmicos oriundos dos vários setores (sobretudo Ciências Sociais e Teologia). Não só pela proposta em si, mas também os responsáveis por ela. Dada a abordagem científica do tema, me permito – como pesquisador das Religiões Afro-brasileiras – transitar um pouco por estes recentes acontecimentos.

 

A instituição mantenedora da FTU é a OICD (Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino), terreiro das Religiões Afro-brasileiras fundado e conduzido por Pai Rivas que, ao longo de mais de quatro décadas de sacerdócio, passou por iniciações importantes nas várias Escolas da nossa religião tendo como último e derradeiro Mestre o Pai Matta e Silva, o qual também seu sucessor, logo, detentor da Raiz Guiné.

 

Interessante que naquela época, o "vô" Matta era muito requisitado tanto pelo meio acadêmico como sacerdotal. Suas obras viraram referências e as discussões de seus profundos conceitos oriundos da Umbanda Esotérica eram recorrentes tanto nos terreiros quanto nas teses e dissertações das universidades de ponta.

 

Com este histórico, não poderia ser diferente a trajetória do Pai Rivas. Afinal, as obras escritas por Ele diretamente ou por intermédio de Sua mediunidade são referências importantes para o nosso movimento religioso, mesmo quando os conceitos não são os mesmos de um ou outro terreiro, mas a essência – por sua lógica e valência astral – suscita debates enriquecedores.

 

No ambiente acadêmico, além de ser referendado por vários pesquisadores que vão da Medicina à Filosofia, passando por Antropologia, Sociologia, Ciências da Religião e outras disciplinas acadêmicas, fundou a Academia. Pai Rivas marcou a história ao fundar a primeira Faculdade de Teologia com ênfase nas Religiões Afro-brasileiras do planeta.


Não só fomentou o diálogo entre Ciência e Religião, mas firmou Suas inovadoras ideias nestes dois saberes de maneira incontestável. Afinal, possui casa aberta até os dias de hoje realizando vários ritos (Toque de Caboclo, Toque de Jurema, Xirê, Encantaria, Quimbanda, entre outros) e, ao mesmo tempo, deu a base epistemológica e formal desta Teologia que já formou os primeiros teólogos da nossa história.

 

Para o pesquisador acadêmico urge compreender como estes mecanismos ocorrem, permitindo chegar às causas de fatos sociais que rompem com o status quo. Por que as Religiões Afro-brasileiras conquistaram uma Faculdade para si devidamente legalizada junto ao MEC? Qual o motivo deste segmento religioso buscar este saber teologal próprio? Em que bases esta proposta surgiu e se desenvolve?


São estas e outras questões que geram problematizações interessantes para a pesquisa científica. Temos acompanhado com alegria a busca de cientistas para obter estas respostas e de algumas formas elas só são possíveis na justa medida em que se conhece o idealizador delas. E vamos refletindo... Temos muito para dialogar!

 


Aranauan, Saravá, Axé,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)


 
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