terça-feira, 2 de novembro de 2010

Re: ***SPAM*** [apometria_umbanda] O conceito de Escolas luta pela legitimação e não pela institucionalização

Aranauan, Saravá meus irmãos planetários,

Gostaríamos de reproduzir na íntegra as palavras do nosso mano de santé Yorotaman. Como afirmou Pai Rivas em seu twitter, ele resumiu bem - diria magistralmente - a relação antes e depois do conceito de Escolas. Este conceito é desenvolvido amplamente pela FTU em suas linhas de pesquisa acadêmica e visões específicas como esta passada pelo Yorotaman expressam bem o que acreditamos, teorizamos e vivenciamos nas Religiões Afro-brasileiras.

Yorotaman <sard@gold.com.br> escreveu:

 O conceito de Escolas é extremamente moderno e um divisor de águas dentro do Movimento Umbandista. Antes, cada setor Umbandista via a universalidade do Movimento Umbandista de forma piramidal onde cada um colocava seu grupo no topo da pirâmide e os demais na base dessa mesma pirâmide. Evidentemente que quem estava no topo dessa pirâmide se achava em níveis mais elevados e quem estava abaixo era considerado inferior. Como no topo dessa mesma pirâmide o volume é menor que na base, quem se achava na parte superior se considerava um grupo seleto ou "escolhido"... quem estava na base era apenas considerado quantidade e não-qualidade... No conceito de Escolas essa estrutura piramidal não existe, pois todos segmentos estariam em um mesmo plano não existindo um acima ou abaixo do outro. Num sistema conceitual de Escolas que é um sistema inclusivo, cooperativista e em rede, todos "nós" dessa estrutura são igualmente importantes.
 


Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)


Em 2 de novembro de 2010 11:27, Yorotaman <sard@gold.com.br> escreveu:
 

Aranauam Yabauara
 
 
 O conceito de Escolas é extremamente moderno e um divisor de águas dentro do Movimento Umbandista. Antes, cada setor Umbandista via a universalidade do Movimento Umbandista de forma piramidal onde cada um colocava seu grupo no topo da pirâmide e os demais na base dessa mesma pirâmide. Evidentemente que quem estava no topo dessa pirâmide se achava em níveis mais elevados e quem estava abaixo era considerado inferior. Como no topo dessa mesma pirâmide o volume é menor que na base, quem se achava na parte superior se considerava um grupo seleto ou "escolhido"... quem estava na base era apenas considerado quantidade e não-qualidade... No conceito de Escolas essa estrutura piramidal não existe, pois todos segmentos estariam em um mesmo plano não existindo um acima ou abaixo do outro. Num sistema conceitual de Escolas que é um sistema inclusivo, cooperativista e em rede, todos "nós" dessa estrutura são igualmente importantes.
 
 
 Yorotaman
 
 
 
 

From: Yabauara
Sent: Monday, November 01, 2010 11:10 PM
Subject: ***SPAM*** [apometria_umbanda] O conceito de Escolas luta pela legitimação e não pela institucionalização

 
 

Aranauan, Saravá meus irmãos planetários,


Nos textos mais recentes de autoria do Pai Rivas e o que nós mesmos temos publicado nas listas, o conceito de Escolas ganha um destaque crescente. Afinal, é por meio dele que encontramos um ponto pacífico de convivência entre as diferenças nas religiões Afro-brasileiras.

A FTU(Faculdade de Teologia Umbandista), nas palavras do Pai Rivas, se propõe a aproximar o saber acadêmico e o saber popular tradicional passando pelo saber teológico. Dito de outra forma: senso crítico e senso comum passando pelo senso religioso. Neste sentido, em recente conversa com o reitor da faculdade, fomos alertados da importância de esclarecer que esta proposta passa muito distante de uma idéia de institucionalização da Umbanda. Quem está na academia ou se interessa por suas publicações, sabe bem o que estamos falando.

Existe uma visão corrente construída principalmente por setores da sociologia e antropologia da religião que defendem a Umbanda como receptora da contribuição determinante do kardecismo (leia-se Espiritismo). Por receber esta visão definitiva em maior peso que as demais influências, sua organização se dá pela construção de federações e por adotar in totum a doutrina dos espíritos trazidas por Allan Kardec em meados do século XIX.

De fato, existem templos que fazem largo uso do Livro do Espíritos, Livro dos Médiuns e Evangelho Segundo o Espiritismo – obras "kardecistas". A questão é que nem todos os terreiros seguem esta prática. Como tomar como referência para toda a Umbanda e até mesmo as Religiões Afro-brasileiras a visão de um setor específico? Ao mesmo tempo é importante valorizar esta visão específica, conhecida como Umbanda "branca" ou Umbanda "Cristã".

A solução veio da teologia umbandista, mas especificamente de F. Rivas Neto. O conceito de Escolas compreende que todos os terreiros, todas as linhagens espirituais seguem basicamente a influência das 3 Escolas matrizes: Ameríndia, Indo-Européia e Africana. Assim cada Escola é caracterizada por uma doutrina (epistemologia), método de transmiti-la (metodologia) e conduta (ética) mais ou menos influenciada por estas matrizes. A Escola de Umbanda Branca ganha espaço, mas não é a maior ou a melhor escola. Está fraternalmente ao lado da Umbanda Omolokô, Umbanda Traçada, Umbanda Esotérica, Umbanda Mista, entre tantas outras. Não existe relação de concorrência (guerra), existe uma forma pacífica de convivência (paz).

Existem grupos que não se afinizam com uma Escola? Sim, são seitas marcadas por uma visão milenarista, misoneísta, etnocêntrica. Querem tomar a parte pelo Todo, romper com a Gestalt. Seguindo William James, a percepção do todo é maior que a soma das partes percebidas. Isto é fundamental. As Escolas valorizam este Todo, privilegiando todas as partes integrantes.

Pelo exposto Pai Rivas se antecipa a declaração de que as Escolas seriam uma nova institucionalização da Umbanda. Afirmamos categoricamente que não. O que existe no conceito de Escolas é coerência. Uma forma inteligente de compreender a unidade aberta que são as Religiões Afro-brasileiras. Considerar isto institucionalização é querer impor uma visão que toma como referências outras religiões do livro e dizer que as religiões afro-brasileiras têm que se submeter ao mesmo processo. Não temos papa e não temos órgão centralizador. O conceito de Escolas combate esta busca alienante de institucionalização umbandista e atende aos anseios do povo. O rito de Exu no último dia 23 expressa bem o exposto.


Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

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Atividade nos últimos dias:
Umbanda: Uma forma inteligente e espiritualizada de se bem viver
por Pai Rivas
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