segunda-feira, 22 de abril de 2013

Do individual para o coletivo - Do coletivo para o individual: a Iniciação extrapola o templo

Aranauan, Saravá, Axé,

Após manifestações maravilhosas de meus irmãos de santé, deparo-me com a publicação de hoje de meu pai de santo, Pai Rivas – Mestre Arhapiagha, quando divulga vídeo onde defendo minha monografia "Religiões Afro-brasileiras: Uma perspectiva teológica nascedoura nas ciências sociais" e as considerações de meu orientador – prof. Dsc. Reginaldo Prandi, uma das principais referências acadêmica das religiões afro-brasileiras. O vídeo pode ser assistido neste link: http://sacerdotemedico.blogspot.com.br/2013/04/primeira-defesa-lato-sensu-pos.html

Essa titulação adquirida com nota máxima atribuída pela banca, composta pelos professores Dsc. Cassiano Terra Rodrigues, Pai Rivas e meu orientador, concretiza um projeto de origem e finalidade coletiva. Em 16.04.2013 a FTU conseguiu seu reconhecimento de curso em teologia afro-brasileira. Um marco histórico. Anos antes, abriu a primeira pós-graduação em teologia afro-brasileira com dezenas de alunos. Na semana que saiu o reconhecimento, defendi a primeira monografia. O próprio prof. Prandi, como pode ser visto no vídeo, ressalta o momento histórico que experenciamos no último dia 19. Aliás, dia do índio... Dia de rito de Exu também. Não é de se estranhar que comemoramos esta vitória noite adentro sob os auspícios de Exu e Pomba-gira, não é mesmo?

Gostaria também de registrar alguns fatos individuais. Afinal, o trabalho pelo coletivo não diminui minhas conquistas individuais. Ao contrário, as potencializa. Pai Rivas, ao comentar na banca o meu trabalho, falou de algo que gostaria de retomar. Faz alguns anos, em várias de nossas conversas ao telefone (já que residia no Rio de Janeiro), ouvi pela primeira vez do Mestre sobre a oportunidade de avançar na pesquisa acadêmica. Na época já era graduado em Administração e pós-graduado em Engenharia de Produção. Mas e outras áreas de conhecimento? Por que não fazer um Mestrado? Por que não fazer Filosofia?

Um ano e meio depois estava defendendo minha defesa na UGF sobre o filósofo Habermas tendo como orientador o maior estudioso brasileiro sobre sua teoria: prof. Dsc. Flávio Beno Siebeneichler. Para minha alegria, fui aprovado com louvor pela banca. Na época discuti a ética como extensão do diálogo, algo que certamente aprendi muito antes no terreiro sob os auspícios de meu Mestre. Ainda cursando o Mestrado, Pai Rivas, sempre estimulante, indicara-me a importância de continuar os estudos. Eu que agora aprendi a gostar do discurso acadêmico com Ele, ingressei com dois projetos de pesquisa. Um na UFJF e o outro na PUC-SP. Em ambos o projeto foi aprovado. Acabei cursando o doutorado pela PUC-SP e dentro de pouco tempo estarei defendendo minha tese...

Veio a docência na FTU e cada vez mais respirando a proposta acadêmica desta nobre instituição, surge a pós-graduação (lato sensu) em teologia afro-brasileira. E novamente a pergunta: por que não? Matriculei-me com vários irmãos de santo e colegas de outras universidades... Um ano e meio depois, estou formado com minha monografia sendo orientada nada mais, nada menos, do que pelo prof. Reginaldo Prandi!

Fui, fui firme. Enfrentei mundos e fundos. Para coroar o trabalho árduo, quisera o Astral Superior que minha monografia apresentasse exatamente dois conceitos tão importantes construídos/reelaborados pelo Pai Rivas: "Escolas das Religiões Afro-brasileiras" e "Umbandização". Conceitos fortes no campo religioso e teológico que receberam a chancela acadêmica das Ciências Sociais ao passar pela análise criteriosa de Reginaldo Prandi. Esta pesquisa aproximou ciência e religião sob a ótica da teologia preconizada pela FTU.

Após o breve relato, fica fácil afirmar o porquê de dedicar a minha vitória para todo o povo de santo e, em especial, ao meu pai espiritual – Mestre Arhapiagha. No início da minha jornada acadêmica, não teve ninguém que acreditasse e apoiasse em mim mais do que Ele. Pai Rivas mostrou o caminho, entregou as ferramentas, ensinou-me a utilizá-las. Confiou-me a tarefa e não andei para trás. Não me escondi, não desonrei minha Linhagem. 

Mestre. Claro, sou cônscio que não subi muitos degraus da Iniciação que o Senhor me oferta, mas certamente fiz valer cada passo dado. De alma lavada, peço Sua benção e agradeço por ter vencido. Agora, que venham as próximas tarefas! Aliás, elas já estão aí... E deixa a Gira girar! Axé Babá Mi!


Aranauan, Saravá, Axé,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

 
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