quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A História da Umbanda pela ótica de quem a vive intensamente!

Aranauan, Saravá meus irmãos planetários,

Nesta quinta-feira fomos agraciados com a sexagésima quinta publicação do Blog Espiritualidade e Ciência (http://www.sacerdotemedico.blogspot.com/) que trabalhou o tema do mito fundante. Falar da possibilidade ou impossibilidade da Umbanda ter sido fundada por um mártir ou profeta necessita de pesquisa histórica, de visão crítica. Não pode ser um jogo de conveniências, afinal estamos falando sobre uma tradição que congrega milhares de adeptos e milhões de irmãos que acorrem aos templos terreiros.

Para garantir a seriedade de uma pesquisa, nada mais justo que o pesquisador apresentar as provas da tese que defende. Sejam elas livros, atas, fotos, vídeos. Aliás, vídeos com entrevistas de personagens históricos são provas cabais para um processo de resgate e conservação da História da Umbanda. Foi exatamente isto que Pai Rivas apresentou na publicação: História da Umbanda – Zélio de Moraes não foi o fundador da Umbanda

Na entrevista realizada em 1991, Pai Rivas perguntava as filhas do Sr. Zélio Fernandino de Moraes – respectivamente Zélia de Moraes e Zilméa de Moraes – sobre como se deu a realização da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade (TENSP). Para surpresa de quem assiste o vídeo, veremos nominalmente as queridas filhas do Zélio afirmarem categoricamente que o então jovem Zélio recorreu à Umbanda, especificamente ao Tio Antônio que trabalhava com a médium Cândida. O fragmento da entrevista que durou horas, está disponível na mesma postagem no blog.

Não obstante a tudo isso, lembremos as palavras do próprio Zélio quando afirmou que não existem papas na Umbanda. Estes fatos estão muito distantes de desmerecer o nobre trabalho conduzido pelo senhor Zélio, suas filhas e neta. Pelo contrário, reconhecemos a importância da Tenda para a construção e influência da criação de milhares de terreiros não só no Rio de Janeiro, como também em outros estados.

O problema está naqueles que querem reescrever a história da Umbanda olvidando todos os nobres sacerdotes e sacerdotisas que militaram na nossa religião antes do Zélio e foram igualmente importantes. O problema está em olvidar também aqueles sacerdotes que vieram depois do Zélio e iniciaram outras Escolas ou mesmo terreiros sem a rito-liturgia da TENSP. Para ficar no exemplo do meu estado, o Rio de Janeiro, citamos Benjamim Figueiredo – Tenda Espírita Mirim (T.E.M.) e meu avô de santé W. W. da Matta e Silva – Tenda de Umbanda Oriental (T.U.O.).

Imaginem meus irmãos se o autor de um livro histórico só considere como Umbanda um terreiro que obrigatoriamente passou pela influência da TENSP e registre este equívoco? Seria um livro da exclusão umbandista e não sobre a história dela. Esta postura só interessa aos que querem codificar a nossa religião e querem politizar o mito fundante apontando para as tentativas de domínio em massa e não para conscientização que foi proposta no manifesto do Pai Rivas.

Com isso reforçamos a necessidade de fazer pesquisa séria e comprometida com os fatos aos que buscam contar a nossa história. Não é possível  esquecer momentos históricos importantes por questões de gosto ou conveniência. Mesmo que não se afinizem é preciso citar os fatos em nome da informação correta a ser ofertada para a sociedade civil.

Onde está o compromisso ético?

A nossa comunidade como um todo é a essência da nossa força e, por este exato motivo, reconhecemos neste mesmo coletivo a gênese do nosso movimento religioso. Frisa-se a palavra movimento, pois não está parado. É dinâmico, tal qual a defumação que penetra nossas vias respiratórias na gira trazendo a cura sem excluir ninguém. Simplesmente é pela Inclusão Total, tal quais todas as Escolas o são.

Esta é a História Viva da Umbanda! Feita por quem Sabe, Faz, Vive e É!

 

Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

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