domingo, 22 de agosto de 2010

O Sacerdócio e os pseudo-sacerdotes

Aranauan, Saravá meus irmãos planetários!

 

Ontem divulgamos o curso gratuito sobre Ritos de Batismo, Casamento e Fúnebre para atualização de Sacerdotes nas dependências da FTU (Faculdade de Teologia Umbandista). Este curso é uma forma de aproximação das diferentes Escolas para que fiquem cada vez mais estabelecidas pontes de diálogo que respeitam às diferenças. Com isto afirmamos que este curso é completamente diferente daqueles que vendem a ilusão de formar sacerdotes ou médiuns distantes do terreiro.

 

Muitos irmãos já sabem disto e motivo do reforço da idéia é que de tempos em tempos surgem iniciativas de divulgar cursos de formação sacerdotal apelando até para ligação com casas tradicionais de Umbanda no Brasil. Por este motivo chamo a atenção para a iniciativa do Pai Rivas que divulgou em seu twitter (http://twitter.com/rivasneto) o nosso artigo que publicamos na FTU em 2009: "O Sacerdócio Umbandista - Entre a Tradição e a Massificação" disponível em http://www.ftu.edu.br/Site/detalheProdAcademica.php?id_producao=10

 

No trabalho em questão construímos uma revisão sintetizada da noção de Sagrado e Profano e como a mediunidade umbandista se relaciona com estes conceitos. Na parte final, oferecemos uma visão crítica aos cursos que rompendo com a Tradição das casas de Umbanda e Religiões Afro-brasileiras estabelecem uma produção em massa, algo "industrial, de pais e mães espirituais sem raiz. Cruzamos estas idéias com a visão dos dirigentes da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade (TENSP), tanto os que dirigem os trabalhos abertos ao público, como a dirigente responsável pelas sessões de "desenvolvimento mediúnico". Este último rito, exclusivo para os médiuns da casa selecionados pelos próprios Caboclos e Pretos-Velhos que baixam nas sessões públicas.

 

Lá os irmãos lerão com todas as palavras que tanto o Sr. Zélio como seus filhos espirituais que se tornaram dirigentes nunca foram formados em cursos. E o tempo que passaram na Tenda forjando a sua mediunidade dentro do terreiro para receber sua "Guia de Babá" ultrapassa em muito 1 ou 2 anos. Alguns foram formados após décadas e sempre dentro do terreiro. Em tempo, o DVD com o vídeo que registrou esta entrevista com os Babás da TENSP está disponível na biblioteca da FTU. Os principais pontos da mesma foram discutidos no capítulo II do artigo – Estudo de Caso.

 

Logo, não existe qualquer relação entre o Sacerdote formado dentro da sua casa, seguindo as etapas tão necessárias com seu Pai ou Mãe Espiritual com um curso frio, distante do terreiro, onde todos são padronizados por um mesmo conteúdo independentemente das origens dos alunos. Aliás, ele nem precisa ter passado por um terreiro, o curso também é oferecido para pessoas que não têm nem mediunidade. Acreditam? Infelizmente é o que ocorre.

 

Os indivíduos que fazem propaganda destes cursos de formação ou apóiam por meio de publicações e livros, assim procedem por basicamente dois motivos.

 

O primeiro é o retorno financeiro mesmo. Estes cursos são pagos e se o valor não é muito alto pontualmente, na medida em que várias pessoas passam a fazê-lo geram lucro. Aliás, a mesma estratégia utilizada por casas comerciais de R$1,99. Exatamente como faziam os vendilhões do templo... Mas ainda sim, se existe quem vende é por que tem quem compre. Não é mesmo? A questão fica mais complicada é no segundo motivo.

 

Indivíduos que não se firmaram em uma casa, pulando de terreiro em terreiro (quando não foram expulsos de alguns), precisam de algo que legitime seu desnorteado trabalho. Neste ponto entra o curso para tentar substituir o papel que o Mestre, o Pai/Mãe Espiritual tem para o filho. Quando isto acontece, acontece o último estágio do desenraizamento. Na inexistência de uma filiação espiritual, restou bater cabeça para uma apostila...

Por isso repetimos: "Sacerdotes sérios apresentam um trabalho transparente, cristalino, com um brilho verdadeiramente diamantino. Não estão na aparência, penetram a Essência. Não ficam na conveniência, levam seus leitores à Convergência"


Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

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