segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Raiz de "aluguel"

Aranauan, Saravá meus irmãos planetários,

 

O povo brasileiro é plural. De um extremo ao outro do nosso território encontramos as mais diversas culturas, gostos, costumes... No entanto, existe algo que nos une. Independentemente de sermos mineiros, cariocas, alagoanos, goiano, gaúchos, acreanos, possuímos uma identidade comum. Penetrando no DNA brasileiro encontraremos basicamente 3 matrizes formadoras do povo brasileiro: Matriz Ameríndia, Matriz Indo-Européia e a Matriz Africana. Foram estas matrizes que deram origem ao que hoje somos. Uma síntese dos cidadãos planetários.

 

Neste rico universo se estabeleceram as Religiões Afro-brasileiras. Novamente a diversidade encontrou eco, agora nos terreiros. Cultuamos Orixás, Inkices, Voduns, Santos... A mesa da Jurema nordestina é muito diferente da mesa branca no Rio de Janeiro, mas em ambas nosso Senhor Jesus Cristo é louvado. Uma unidade que se expressa na diversidade, melhor compreendida pela contribuição do Pai Rivas com o conceito de Escolas.

 

As Religiões Afro-brasileiras são formadas por suas Escolas. Escola não é colégio, não é uma sala de aula. Escola é uma forma de conceber e praticar o Sagrado com sua maneira própria (Metodologia), corpo de doutrina (Epistemologia) e respeito ao próximo e as outras maneiras de encontrar este mesmo Sagrado (Ética). Assim como o povo brasileiro, existem três Escolas básicas formadoras de todas as demais (Ameríndia, Indo-Européia e Africana).

 

Todas estas Escolas, como bem pesquisado e vivenciado pelo Pai Rivas, estão em franco processo de umbandização que nada mais é do que uma contínua aproximação pelas semelhanças, respeitando às diferenças e neutralizando as desigualdades. Sendo assim, a Umbanda é a síntese do povo brasileiro. Ou seja, a síntese da síntese.

 

A Escola fundada pelo Zélio de Moraes é um exemplo disto. Não podemos esquecer também a Escola fundada pelo Benjamim Figueiredo ou a Escola iniciada pelo meu avô de santé W. W. da Matta e Silva que foi continuada e ampliada por F. Rivas Neto, nosso pai espiritual. Estas Escolas citadas e todas as demais são sérias e possuem casas abertas que trabalham pela Inclusão Total atendendo o emergencial (caridade), mas principalmente o estrutural (responsabilidade social).

 

Diante desta configuração maravilhosa estabelecida pelos Senhores da Aruanda, não podemos admitir a iniciativa daqueles que conhecemos como desenraizados que tentam sugar estas Escolas e tirar proveito seja financeiro, seja ideológico. Tentam de todas as maneiras sustentar suas atividades alienantes criando falsas conexões com casas tradicionais do nosso movimento religioso.


Estão buscando uma verdadeira raiz de "aluguel". Isso mesmo tenta alugar o nome de um sacerdote ou o trabalho realizado por uma identidade para estampar em um curso ou citar em um livro como algo pertencente a sua própria história de vida. Como defender uma raiz que não possui?


Estas sobreposições mal feitas agonizam e lutam para reverter a fatídica aniquilação. Pegando o exemplo dos animais híbridos, como a mula, até nasce, mas  é estéril. Afinal a natureza é diversa, mas não observamos animais com duas cabeças ou elefantes com asas. Só nas lendas, nos contos de fadas...

 

A natureza sábia se expressa na diversidade, não no erro. Tanto a natureza como as Escolas Umbandistas são concretizações dos Orixás. E também tudo acontece no tempo e na hora dentro da Raiz de cada casa. O sacerdote é formado no terreiro dentro da Tradição que a casa carrega. Não é feito de forma afobada, muito menos demorada. É no tempo certo. Estes cursos de formação distante do terreiro analogicamente é a tentativa de colocar 9 mães para conceber um mesmo filho em apenas um mês. É uma mentira e como toda mentira pode até convencer por algum tempo, mas não consegue convencer a todos o tempo todo.

 

E deixa a Gira girar!

 



Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

2 comentários:

  1. Saravá João,
    Prezado amigo, muito recentemente estou frequentando esses sítios cibernéticos(internet) e gostaria de comentar/perguntar algo....
    Nesse texto vc está dando uma bronca dirigida a alguém ?
    Bem, porque também há o caso de pessoas que estão buscando sinceramente encontrar essas raízes legítimas, até para aprofundar as tradições que vêm se manifestar em seus locais mas que já estão distantes da origem, querendo inclusive deixar também, um legado mais elaborado, do ponto de vista da reflexão e da absorção da religião de umbanda.
    Abraço,
    Antônio Sérgio

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  2. Aranauan, Saravá Antônio!

    Estamos criticando idéias. Apresentamos argumentos que sustentam o nosso raciocínio e discordamos daqueles que possuem interesses outros que não o despertar da Espiritualidade.

    Respeitamos as pessoas, mas exercitamos nosso direito de por e contrapor.

    No entanto, em nada se relaciona com a nobre tarefa de algumas casas que possuem em sua tradição várias influências. Aliás, reconhecemos neste processo a tão necessária Umbandização.

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