Aranauan, Saravá meus irmãos planetários!
Aranauan Yorotaman e Thomé!
Muito importante as considerações trazidas por vocês meus irmãos e um conceito que permeou tanto os seus textos como a publicação "Convergência Filosófica Religiosa"* foi esta relação harmoniosa tão bem expressa no mote: Unidade na Diversidade.
Como amplamente exposto em livros escritos pelo Pai Rivas que marcam a história da Umbanda e das Religiões Afro-brasileiras em geral, o Sagrado se expressa de inúmeras formas, pois várias são as maneiras dos Homens (re)encontrá-Lo. Especificamente no santo não só reconhecemos estas realidades como as vivenciamos!
Importante pontuar também a tentativa, na contra-mão desta abordagem espiritualizante, de alguns autores que escreveram erros crassos e tentam agora escondê-los pelo pior caminho, pretendendo recontar os fatos históricos. Ou seja, fazer da nossa história uma estória com bem colocado pelo meu mano Aratish.
Entre estas tentativas, podemos citar o desejo de criar uma falsa necessidade de codificação, onde o seu codificador teria naturalmente amplos poderes para inventar novos fundamentos e aniquilar outros. Pegando o exemplo que desenvolvemos dias atrás sobre o "deus" dos homens inscritos nos livros e adaptando para o nosso movimento religioso, seria o mesmo que criar novos "Orixás".
Neste novo panteão o codificador que não consegue compreender a essência da nossa religião não precisa mais se preocupar com erros teológicos ou mesmo científicos. Afinal, o que afirma é uma "revelação" sem a mínima necessidade de demonstração ou comprovação. Apenas apresentou um novo conceito chegando ao absurdo de até mesmo introduzir Orixás inventados.
Esta visão megalomaníaca tenta afetar a salutar e ancestral relação entre pai e filho de santo. Tudo que aprendemos com os nossos mais Velhos não teria mais sentido diante da última palavra que o codificador sempre tenta impor. Isto sem falar do conhecimento que seria descartado de algumas Escolas importantíssimas das Tradições Afro-brasileiras, como o Candomblé, que recebem uma maior influência da matriz africana.
Os irmãos percebem o motivo de defendermos com convicção a diversidade tanto dentro como fora da nossa religião? Respeitar as diferenças é respeitar a vontade de cada irmão planetário em poder escolher o caminho que mais lhe fale à alma ou até mesmo optar por não escolher!!!
Mesmo àqueles que sentem afinidade com uma visão codificadora, não temos nada contra com esta escolha. Se são felizes nestas condições, ótimo! Continuem firmes. O problema é querer impor o que pensam para a coletividade. Mais uma vez, é tomar a parte pelo todo, ensejando uma visão de seita. Algo muito distante do corpo de conhecimento (Epistemologia), da linha de transmissão deste mesmo conhecimento (Método) e, principalmente, o respeito pelo Outro (Ética) que aprendemos dentro do terreiro.
Mas no que pese estas iniciativas que volta e meia surgem no cenário afro-brasileiro de controle e dominação, sempre a força do Orixá e a palavra do Caboclo, Preto-Velho, Criança, Exu, Boiadeiro, Baiano, Marinheiro, Encantados e tantos outros Ancestrais Ilustres prevalecem.
Viva a Liberdade!
*disponível em: http://sacerdotemedico.blogspot.com/
Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)
Aranauam Thomé
Sua análise realmente é muito bem fundamentada. Infelizmente o ser humano tem muita dificuldade em lidar com o "diferente". Principalmente nós ocidentais que por uma questão de imersão numa cultura capitalista, tendemos a ver o diferente no sentido de ser contrário e que tem sempre que estar competindo por alguma coisa. Para um oriental que segue por exemplo os princípios do Taoísmo, é muito mais fácil perceber o diferente sobre um sentido de complementariedade, pois é sobre essas bases que estão fundamentados os princípios do Ying e Yang – opostos que se completam. A Umbanda, sempre a frente de seu tempo mesmo enquanto muitos pensam o contrário, trabalha de forma muito natural com o sentido de complementariedade, pois até mesmo a nossa Gira é uma construção coletiva feita por pessoas com tarefas, habilidades e funções diferentes, trabalhando de forma UNA por um objetivo comum. A própria manifestação das mais diversas entidades também em torno de um objetivo comum mostra essa universidade e complementariedade na diversidade.
Retornando então ao cerne de seu e-mail, como somos pessoas fragmentadas entre o que pensamos, sentimos e fazemos, acabamos entendendo tudo também de forma fragmentada. Qualquer uma das partes fragmentadas que nós criamos teria dificuldade de entender a unidade a síntese das coisas. Na medida que a pessoa se equilibra, se estrutura e se harmoniza, ele consegue perceber de forma mais natural a essência que esta por trás da ilusão da separatividade da forma. Não é sem motivo que os grandes seres luminares tem sempre um discurso mais universalista, convergente e não fragmentado e polarizado exclusivamente em apenas um dos pilares do conhecimento humano.
Por outro lado, não podemos também esquecer que os pilares do conhecimento humano são realmente complementares, mas num nível acima do atual quadro que se encontram, pois misturar tudo não significa ser convergente e buscar a síntese das coisas... é preciso que cada uma das partes "enxergue" dentro de suas bases os outros pilares. Explico: A religião reforça nas pessoas a capacidade de lidar com o desconhecido ao mesmo tempo que nos incentiva a confiança e/ou fé. Imagine um médico cirurgião a beira da cama de seu paciente instantes antes da cirurgia que demonstre medo, falta de confiança no resultado de seu trabalho... pois é...
Então podemos entender como ilusório e ligado a nossa dificuldade de ver o sentido complementar das coisas, o fato de vermos os pilares do conhecimento humano como independentes e antagônicos.
É muita pretensão qualquer um desses pilares se achar dono da verdade, é preciso um sentimento de mais humildade e entender que de fato nossa visão é limitada e sabemos muito pouco. Como diria Sócrates - "Só sei que nada sei" , ou quem sabe deveríamos ter uma atitude frente as coisas ao estilo Guimarães Rosa – "De nada sei, mas desconfio de muitas coisas..."
Sérgio Yorotaman
BH MG
De: intro-teologia_mod1@yahoogrupos.com.br [mailto:intro-teologia_mod1@yahoogrupos.com.br] Em nome de Thomé Sabbag Neto
Enviada em: quinta-feira, 5 de agosto de 2010 22:02
Para: Alexandre Aguiar Sabbag; alexandretilmann@yahoo.com.br; aninhafarias@bol.com.br; Apometria; beamarcante@gmail.com; Beatriz Rossato; beatriz Sá; biarossato@brturbo.com.br; bobrowski_roger@yahoo.com.br; camibcm@hotmail.com; camibcm@yahoo.com; carol_ristow@yahoo.com.br; cenicosta@hotmail.com; cogasparin@hotmail.com; CONUB; criginaski@yahoo.com.br; Curso; dil.mota@hotmail.com; diogenes silva; duduristow@yahoo.com; ecmf@pop.com.br; edineiapaiva_2010@hotmail.com; escolalunalua@hotmail.com; Fabiani Pires; gabri_sabbag@hotmail.com; gisele_rizental@hotmail.com; Heloisa Mussi; itamar.pereira@cmcomandos.com.br; julioborges@yahoo.com.br; Kathellen Thamirez; korsaborges26@yahoo.com.br; Leandro Paiva; m.doin@terra.com.br; mandy_schiavo@hotmail.com; Marco Valente; mfrasson@smma.curitiba.pr.gov.br; mlfrasson@yahoo.com.br; Nathalia; neamota@hotmail.com; OICD; ritafigueiredo@terra.com.br; ritagfigueiredo@terra.com.br; sabugo1984@brturbo.com.br; Simone; Simone - Contábil; simoneferreira0403@yahoo.com.br; smookey@hotmail.com; svalente@milenio.com.br; tdct@pop.com.br; thaislabatut@gmail.com; thitamandua@yahoo.com.br; Viviam; viviancnunes@yahoo.com.br
Assunto: ***SPAM*** [intro-teologia_mod1] Reflexões sobre a "Convergência Filosófica Religiosa"
Aranauan, Saravá, Manah, Motumbá, Kolofé, Axé...
Quero pedir escusas a todos os Irmãos para, mais uma vez, externar algumas reflexões importantes sobre a última publicação de Pai Rivas em seu blog (www.sacerdotemedico.blogspot.com): "Convergência Filosófica Religiosa"). Já de antemão peço desculpas pelo tom acadêmico demais das linhas que seguem...
1. Muitas pessoas pensam que o mote de aproximação da Filosofia, da Ciência, da Arte e da Religião não passa de um discurso politicamente correto, de bom tom ou apenas um slogan agradável aos olhos e aos ouvidos.
Por isso, durante um certo tempo de gestação e maturação de algumas ideias, cheguei a uma conclusão (provisória como quase todas as demais): não, esse mote não é apenas uma frase de efeito; muito mais do que isso, a unidade interdependente dos Quatro Pilares do Conhecimento Humano é algo que se impõe necessariamente à razão.
E minhas reflexões foram seguindo por esse caminho, até que percebi o seguinte: é absolutamente impossível existir qualquer divergência ou oposição contundente entre Filosofia, Ciência, Arte e Religião dignas desses nomes.
2. Essa conclusão está embasada em uma premissa lógica autoevidente: "só é possível haver divergência quando se fala da mesma coisa, por meio da mesma linguagem e com as mesmas finalidades".
Ora, a Filosofia, a Ciência, a Arte e a Religião abordam a realidade de modos distintos, seus objetos de experiência estão localizados em planos distintos, seus métodos e suas linguagens são radicalmente distintos, as finalidades e objetivos que cada uma cumpre na dinâmica existencial do homem também são distintos e, finalmente, as estruturas da personalidade humana que são predominantemente ativadas por cada uma delas são também diferentes.
Daremos um enfoque mais dirigido ao famoso "debate entre Ciência e Religião"...
3. Talvez um exemplo possa demonstrar com maior nitidez a absoluta impossibilidade de haver oposição ou incompatibilidade reais entre a Ciência e a Religião. Na Bíblia Sagrada, especificamente em seu primeiro livro, que trata da cosmogênese e da antropogênese mosaicas, há a afirmação de que a existência do homem surgiu do processo pelo qual uma "porção de barro" foi animada e vivificada pelo "sopro divino". Essa afirmação é evidentemente simbólica e metafórica (única modalidade de linguagem possível para veicular afirmações de ordem mítico-metafísica); apenas o falso "religioso" e o falso "cientista" parecem não enxergar tamanha obviedade e, por isso, ambos – apesar de se colocarem ilusoriamente em pólos opostos de um combate que é impossível – estão muito mais próximos um do outro do que poderiam supor, já que partem da mesma premissa equivocada: a de que Moisés, em sua profunda e sublime cosmovisão, pretendeu dar uma explicação materialista, objetiva, literal e biológica do surgimento da vida, única hipótese em que seria antagônica à ciência, já que apenas nessa hipótese estaria inserida no mesmo "plano" da Realidade em que se encontra o objeto das pesquisas científicas. A diferença entre ambos – o falso "religioso" e o falso "cientista" – reside apenas nas respectivas conclusões equivocadas (porque partem de um indisfarçável erro lógico anterior) que um e outro tiram do equívoco que cometeram desde o princípio: (a) de um lado, o falso "religioso" conclui que tudo o que a ciência sustentar de modo mais ou menos diferente em relação à acepção literal que tem do criacionismo bíblico é falso porque o texto sagrado, para si, assumiu a condição de literalmente verdadeiro, substituindo-se o simbolizado espiritual pelo símbolo material (o que demonstra a degeneração religiosa de nossos tempos, devido ao fato de que a maior parte de seus integrantes ainda não entendeu a regra elementar de que "a palavra mata e o espírito vivifica"...); e (b) de outro lado, o falso "cientista", por sua vez, conclui que Moisés foi uma espécie de "pré-cientista", que, explicando como pôde a origem da vida, errou fragorosamente apenas porque não teve acesso ao instrumental técnico necessário para refutar, a tempo, a própria tese.
4. Portanto, só é possível existir "debate", "confronto" - no bom sentido dos termos - no domínio interno de cada Pilar. Por exemplo: no domínio interno da Ciência, os postulados e as conclusões darwinistas se opõem de modo conflitivo e contraditório aos lamarckianos, porque ambos estão inseridos no contexto próprio da ciência e procuram investigar o mesmo fenômeno, através da mesma metodologia (científica); é também possível que, ainda no âmbito científico, a tese heliocêntrica pretenda e consiga desmentir a tese geocêntrica; mas nenhum cientista é capaz de, por meio de seus conhecimentos técnicos, oferecer a mais mínima objeção a qualquer narrativa mítica, religiosa etc., já que esta se encontra em um outro plano epistemológico e diz respeito a um estatuto ontológico evidentemente distinto do que aquele que é próprio da ciência.
Ainda exemplificando: no domínio da religiosidade, um budista pode contestar o "Deus pessoal" das tradições abraâmicas ou que um hinduísta contrarie a tese kardecista de que os espíritos foram criados simples e ignorantes, já que há conformidade epistemológica entre uma tese e outra; porém, nem o budista, nem o cristão, nem o hinduísta, nem o kardecista poderão, por meio de referências míticas ou símbolos religiosos, contestar conclusões tiradas por cientistas quanto, por exemplo, à idade do planeta Terra, à dinâmica da evolução das espécies ou à fisiologia da fotossíntese.
5. Por fim, há outra conclusão interessante: uma pedra pode ser abordada pelo homem de forma científica (e aqui a sua pesquisa o fará entender como se organiza a estrutura atômica da pedras, o fará classificar as pedras em graníticas, sedimentares etc.) e ao mesmo tempo também pode ser abordada de forma religiosa (e aqui sua mente passará a percorrer idéias como coesão, força, vigor, estabilidade, firmeza, vitória sobre o tempo etc.). Ou seja: um mesmo objeto pode ser entendido pelo mesmo homem de formas diferentes, mas não antagônicas.
Talvez seja essa a razão de ser do velho adágio esotérico: "A complexidade do objeto exige a integridade do sujeito". Ou seja: a Realidade é complexa demais para que seu entendimento e sua vivência sejam mutilados pelo sectarismo e pelo reducionismo. Pois isso seria, para o homem, morrer um pouco...
Aranauan!
Thomé Sabbag Neto
(Discípulo de Mestre Arhapiagha)
Curitiba/PR
__._,_.___Umbanda: Uma forma inteligente e espiritualizada de se bem viver
por Pai Rivas
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