Aranauan, Saravá, Axé meus irmãos planetários,
Horas atrás escrevemos sobre a relação existente entre criador e criatura, inclusive entrando em aspectos alienadores quando o homem trata o Sagrado como ideologia que visa dominar a sociedade. Gostaríamos de citar a contribuição das Religiões Afro-brasileiras neste processo, principalmente no que diz respeito à Ética.
Ao falarmos de Ética, não podemos deixar de citar uma das primeiras obras que pontuaram este conceito aproximando os Saberes Acadêmico e Religioso. Trata-se da "Umbanda – A Proto-Síntese Cósmica" quando já em sua capa coloca o tripé fundamental das Escolas Umbandistas: Epistemologia, Ética e Método. A Ética pode ser compreendida como o que é pensado e construído com o Outro. Conciliando duas condições que em primeira análise poderiam parecer paradoxais, mas que na verdade é aporético: de um lado o respeito incondicional às diferenças; de outro o reconhecimento do ponto comum o que permite o diálogo pacífico.
Bem se de um lado temos obras deste porte, não podemos olvidar a realidade histórica. Infelizmente muitos livros alienados foram e estão sendo publicados trazendo mais confusão do que esclarecimento sobre a nossa cosmovisão (visão de mundo). A palavra alienação aqui possui um significado específico, tem como origem o grego alienus e significa "outro", mas no sentido de exclusão/cisão seja em aspectos psicossociais (Medicina), ou fatores que invertem o papel do Homem como uma ferramenta e não mais como o senhor dela (Filosofia, Marx).
Logo a literatura alienada reflete este duplo aspecto: uma cisão patológica do autor com a Umbanda e os fatos históricos, bem como o impacto da crítica filosófica ao constatar a inversão do papel esclarecedor do livro, tornando-o uma ferramenta de desenraizamento das Religiões Afro-brasileiras. Voltando aos fatos históricos, muitos destes autores alienados constataram os absurdos que seus primeiros orientadores professaram e precisaram buscar outras referências. Porém não podem retificar os erros, porque isto invalidaria a iniciação que receberam. Acontece que uma Iniciação de fato e de direito não inverte o Conhecimento (episteme), pelo contrário, desperta-O. E quanto mais universal a Iniciação, mais próximo o Iniciado está de todos os setores da Gnose Humana. Tudo isto de forma simples, pois a Iniciação de todos os tempos e dos os templos não possui mais do que sete graus.
Ainda assim, existem livros que de alguma forma tentam levantar a história da Umbanda. Achamos a iniciativa realmente ótima, mas que seja feita por teólogos ou historiadores sérios com formação acadêmica consistente. Dizemos isto, pois não se pode deixar passar em branco autores que realmente marcaram o pensamento umbandista, terreiros com mais de um século e meio de história, registros fonográficos anteriores à 1900, entre outros. Erros não podem ser cometidos por acadêmicos com boa formação, mas que ocorrem o tempo todo com indivíduos mal intencionados (quando não amadores) que assim procedem apenas para satisfazer gosto pessoal ou reforço ideológico.
Sim meus irmãos, existem autores de livros "alienados" que apóiam politiqueiros "alienados" que ainda acreditam na possibilidade de dominar nosso povo por meio de instituições extemporâneas que querem substituir o diálogo pela barganha. Diante disto, precisamos ficar atentos e buscar referências que realmente podem nos auxiliar na solução de problemas em todos os níveis: individual, coletivo e espiritual.
É claro que estamos nos referindo aos Sacerdotes da Umbanda, Uma Religião Brasileira, ou seja, de matriz brasileira. Estes verdadeiros pais e mães espirituais que não só falam de Ética, mas expressam-na por sua conduta e postura. Que incorporam os Ancestrais Ilustres e, principalmente, incorporam os valores que Eles transmitem em nome dos Orixás.
Em suma, agem de forma interdependente com responsabilidade. Responsabilidade que Os fazem transmitir sempre para os seus filhos a Tradição pela Oralidade sem esquecer os seus antepassados, sem esquecer a História com "H" maiúsculo.
Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)
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