Aranauan, Saravá meus irmãos planetários,
Esta semana recebemos o desfecho de um assunto importante, mas que infelizmente é corriqueiro nos canais de comunicação onde o poder midiático procura o tempo todo controlar as nossas idéias com ideologias que mantém o status quo. Devido a nossa condição de Diretor de Relações Públicas do CONUB, fomos convidados por um canal televisivo a falar um pouco sobre a Umbanda. A produção deste programa realizou uns cinco ou seis contatos até dar uma resposta final sobre o programa em questão.
Antes de comentar o desfecho, vale a pena ressaltar o diálogo que estabelecemos durante a pré-produção do programa. O jornalista trouxe aquelas velhas questões de reza e vela, nos tratando como cultura de periferia. Esta no sentido de não ter capacidade de dialogar com os núcleos decisórios da nossa sociedade, uma visão por demais limitada. De nossa parte, discorremos sobre a pluralidade das Religiões Afro-brasileiras, inserimos a idéia de Escolas, comentamos a existência da primeira e única Faculdade de Teologia Umbandista (FTU) autorizada e credenciada pelo MEC. Enfim, ao final do ciclo de contatos, o jornalista comentou que não seria possível realizar o programa conosco, pois não tínhamos o "perfil" desejado.
Dado o bom relacionamento que estabelecemos neste ínterim, perguntamos que tipo de perfil era este. O jornalista nos respondeu então que buscava alguém da religião para falar como é ir ao terreiro "a luz do dia"(ou seja, se íamos ou não escondidos), quais são as orações e o que pedimos para os santos católicos no congá, como fazemos para entregar oferenda nas encruzilhadas na rua, se seguimos o que a bíblia diz (citou alguns dogmas e o criacionismo). Nossa resposta foi que esta postura preconceituosa não é Umbanda e mesmo as questões rito-litúrgicas específicas de uma matriz não devem ser tomadas como referencial para todas as Escolas.
Observemos bem os fatos meus irmãos. Este programa queria, em última análise, alguém para servir como massa de manobra. Alguém para chancelar uma visão pré-concebida de quem já está no poder e quer ficar nele seja o preço que for. Além de tudo, esta pessoa escolhida de maneira direta ou indireta seria ridicularizada e todos nós por extensão, pois a mesma estaria durante a gravação assumindo o papel de nosso representante.
Ainda escutamos que éramos uma pessoa séria, honesta e estas características não iriam representar bem o perfil do povo da macumba. Que em outros casos não precisaria de muitos encontros, pois os pais de santo são "loucos" por uma câmera... Dá para acreditar?
É claro que não deixamos este comentário sem réplica e afirmamos que não só eu, mas a maioria do nosso povo é séria e honesta. Também nos perguntaram se indicaríamos algum pai de santo que "topasse" fazer este programa neste "perfil". Respondemos que os sacerdotes que conhecemos e nos relacionamos são muitos e são sérios, por tanto, não indicaríamos nenhum. Ele terminou dizendo que de início não sabia que a Umbanda era séria, mas nós demonstramos a seriedade Dela.
Resumindo os fatos e trazendo a nossa reflexão para discussão, constatamos o interesse neste exemplo de algo que já é generalizado. O poder da mídia busca nestas situações pessoas medíocres do santo para falar em nome Dele, pois assim podem nos achincalhar e justificar a manutenção da maioria do nosso povo como pobre, ignorante e fraca. Além do mais, existe uma ligação muito forte entre religião, política e economia da qual não concordamos. Para facilitar o domínio da sociedade somos classificados em classes econômicas A, B, C, D, E... Contudo, sempre nos colocam em posição de pedintes, miseráveis, de pessoas com crendices ridículas como tentou o jornalista fazer conosco. E fomos enfáticos em discordar desta posição, apresentando argumentos sólidos e irrefutáveis.
É por isso que demonizam Exu, mais uma vez concordando com o texto do nosso Pai Espiritual(http://sacerdotemedico.blogspot.com/), pois é Ele que nos ensina a sair da estagnação a vencer na vida de forma coletiva sem egoísmo ou vaidade. Atributos estes que ainda pairam sobre alguns que teimam usar a religião para aparecer e pegar um quinhão deste poder, mesmo que o preço seja legitimar uma farsa ou outras denominações religiosas que só sugaram o povo brasileiro em toda a história.
Vocês entendem por que querem demonizar Exu? Exu para as elites é um opositor, pois Ele é justo, contra a desigualdade, um verdadeiro revolucionário...
Talvez seja por isso que a principal força de comunicação do povo do santo espalhado pelo mundo é a internet. Um canal democrático, onde a voz de um pode chegar para todos sem filtros dos "senhores" da mídia. Um sacerdote pode expor suas idéias e dialogar abertamente em blogs e redes sociais. Vide o exemplo dos nobres sacerdotes que temos contato por este rincão brasileiro. Parafraseando meu pai: "A Umbanda liberta!". Vamos lutar por esta liberdade aproveitando bem as oportunidades que recebemos para nos comunicarmos com a sociedade.
Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)
Otima resposta,parabens.[eu sou AYRAKYRY]
ResponderExcluirOtima resposta,parabens.[eu sou AYRAKYRY]
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