sexta-feira, 16 de julho de 2010

A Tradição é expressa de forma original II

Aranauan, Saravá meus irmãos planetários,

Na semana passada escrevemos um texto chamado "A Tradição Oral é expressa de forma Original" e no decorrer desta semana fomos procurados para desenvolver mais a parte final que registrou a seguinte idéia:

A natureza não dá saltos e como diz Pai Chico: "Agô. Agô. Você ainda não é filho e já quer ser avô". Todos nós aprendemos que nossos pais espirituais são bons, pois invariavelmente também foram bons filhos. Você daria sua cabeça para alguém que não soube ser filho? Se isto é crítico, pior é a comercialização deste pseudo-conhecimento em livros ou cursos de formação religiosa distante do terreiro.

Para ilustrar a situação imagine um médium que durante um bom tempo (5, 7 ou até mesmo 10 anos por exemplo) permaneça com um pai espiritual. Por motivos vários ele se afasta da casa e neste processo começa a falar que o sacerdote ao qual estava ligado não servia para conduzir a sua mediunidade. 

O irmão perspicaz já deve ter compreendido o nosso raciocínio. Afinal, naturalmente surgem estas questões:

  •  Como uma pessoa pode demorar tantos anos para descobrir que não está na casa certa?
  • Todas as manifestações dos ancestrais pela incorporação, os ensinamentos passados de pai para filho não foram verdadeiros?
  • Se sim, por que se afastar Deles? Se não, foi tudo encenação?
  • Se ficou tanto tempo assim e agora está com outro pai de santo, o que garante que ele não fará o mesmo com o atual e procurará um terceiro dando continuidade a um círculo vicioso?


Enfim meus irmãos, o que está em jogo nestas questões é simples. Trata-se de um indivíduo sem raiz, sem referência espiritual. Como dizem os nossos mais Velhos, não aguentou  a brisa mais fraquinha de Yansã e correu gira. Aliás correu, correu, correu... E não saiu do lugar.

Não é possível dentro das Tradições Orais conhecer o fundamento sem vivenciá-lo. A vivência sempre está atrelada ao Mestre, ao Sacerdote, ao Pai de Santo com as Ordens e Direitos para ofertar tal condição de acordo com o momento e ângulo de penetração de cada filho de fé. Não existe diploma ou pseudo-título que possa substituir isto.


Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)


Em 8 de julho de 2010 23:58, Yabauara <yabauara@gmail.com> escreveu:

Os indivíduos que distorcem as idéias mais profundas das Religiões Afro-brasileiras por motivos egoísticos e vaidosos, quando não exclusivamente econômico-financeiros, são os mesmos que reproduzem o conhecimento sem saber fundamento que sustenta o que estão escrevendo. Se a escrita é assim, a atitude não pode ser diferente. Esta distorção expressa bem o desenraizamento tão evocado por cientistas sociais, pois basta acompanhar o problema em sua genealogia: no primeiro momento sai de uma casa espiritual buscando novas possibilidades em outra. Não conseguindo superar os primeiros degraus da iniciação e distorcendo os valores ensinados pelos Ancestrais Ilustres, retorna para a primeira casa tentando inventar algo que se afasta da primeira e da segunda. Ou seja, literalmente, uma mistura sem pé e sem cabeça... Sinceramente, uma pessoa que age assim consegue dizer algo de teologia? Não, meus irmãos.

A natureza não dá saltos e como diz Pai Chico: "Agô. Agô. Você ainda não é filho e já quer ser avô". Todos nós aprendemos que nosso pais espirituais são bons, pois invariavelmente também foram bons filhos. Você daria sua cabeça para alguém que não soube ser filho? Se isto é crítico, pior é a comercialização deste pseudo-conhecimento em livros ou cursos de formação religiosa distante do terreiro.


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