terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Eita caboclo bom!

Aranauan, Saravá meus irmãos planetários,

Gostararíamos de continuar um prazeroso diálogo com os irmãos sobre o texto "
A macumba foi a primeira manifestação da Umbanda?" - Disponível em: http://espiritualidadeciencia.wordpress.com/
 
Nele observamos uma construção que recebe as contribuições da história, sociologia, teologia e não descarta o Espiritual. Pelo contrário, é um texto que em primeiro lugar valoriza a ação dos Orixás e seus representantes (Ancestrais Ilustres). Com certeza as palavras de um pai de santo estão ganhando força nos vários setores da sociedade, incluindo a Academia, e esta vitória Pai Rivas faz questão de compartilhar com todo o povo do santo.

É Claro que precisamos sempre citar as fontes em que bebemos, porém Pai Rivas nos estimula a trabalhar pelas Religiões Afro-brasileiras como um todo e considerar como vitórias da Faculdade de Teologia Umbandista, entre outras instituições conduzidas pelo nosso pai espiritual, apenas aquelas quebeneficiam o coletivo.

Olhando a história não poderia ser diferente. Sobre a "origem" da Umbanda ou Religiões Afro-brasileiras, existe uma questão complicada e apenas uma visão ampla, contemplando o "desde dentro" e "desde fora" - Religião e Ciência, pode auxiliar com sucesso o seu enfrentamento teórico. Afirmamos teórico, pois na prática os que a consideram como manifestação sabem que existe uma constante mudança. E de duas uma: ou ela nunca foi "criada" ou está diaramente sendo "reelaborada". Já os que acreditam nas religiões Afro-brasileiras como algo revelado, também não podem fugir do fato de que se isto aconteceu, não pode ser modificado agora. Dito de outra forma, nós que somos pelo Sagrado, não podemos reinventar a história para atender interesses individuais, para não dizer exclusivistas.

Assim o texto encara a perspectiva espiritual da construção do nosso movimento religioso sem desconsiderar os fatos históricos e as teses sociológicas e teológicas possíveis sobre os mesmos. E um modelo surge de forma inédita e, para mim como acadêmico, paradigmática. Temos na manifestação assimétrica das religiões afro-brasileiras uma cosmovisão onde a macumba ocupou papel fundamental para a Inclusão Total.

Esta inclusão total passa por todos os setores e, lógico, inicia-se para os que estão mais distantes das condições dignas de vida. Não é por menos que seu eixo, ou melhor, nas palavras do texto seu centro é deslocado para a matriz africana tendo a ameríndia como o ponto de sincretismo que visa a convergência. Longe estamos de desvalorizar a matriz indo-européia, mas não podemos olvidar os fatos. Esta matriz ocupou um papel fundamentalmente dominador na sociedade brasileira e foi necessário, segundo a ótica neutralizadora das desigualdades dos nossos condutores espirituais, fazer uma "compensação" inteligente por meio da macumba, por meio do Caboclo.

Tudo isto pode ser sintetizado no ponto:
 
"Eita Caboclo bom,
Dá uma volta na gira que eu quero ver
Eita Caboclo bom,
Dá uma volta na gira que eu quero ver"

Vamos dialogando e deixa a Gira girar!


Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

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