terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Teologia e Educação: uma proposta espiritualizante para a paz

Aranauan, Saravá meus irmãos planetários,

Nós que somos das religiões afro-brasileiras vivenciamos momentos auspiciosos. Claro, não podemos negar, que muito precisa ser feito. Muitas barreiras a vencer, muita intolerância permanece, mas este panorama vem mudando não só pelos aspectos emergenciais, mas principalmente estruturais.

Quando afirmamos estruturais, remetemos a discussão para aquilo que há de mais essencial neste processo: Educação. As Religiões Afro-brasileiras iniciaram nesta primeira década do milênio uma verdadeira incursão no cerne da sociedade ao fundar a Faculdade de Teologia Umbandista. Isto foi concretizado de forma inconteste com a diplomação dos 21 teólogos com o diploma chancelado pela USP.

Como já afirmamos anteriormente, com a faculdade não somos mais apenas objeto de estudo. Somos promotores estruturados de informação que pode melhorar a condição de vida das pessoas, que pode construir uma conscientização ampla tendo como mote o respeito incondicional às diferenças aproximando pelas semelhanças.

Este pensamento que foi expresso ineditamente por Pai Rivas apresenta em sua base uma convicção da Escola de Síntese: Teologia e Educação podem ajudar o planeta a ser um lugar mais justo e igualitário, logo pacífico. Foi por isso que Pai Rivas fundou a faculdade e sempre, realmente sempre buscou compartilhar com todas as Escolas das religiões afro-brasileiras esta conquista.

Além da faculdade, que por si só é paradigmática, não podemos negar a contribuição direta ofertada por meio de livros, de conceitos que criam pontes entre Ciência e Espiritualidade e o estímulo contínuo aos seus filhos espirituais que possuem afinidade com a iniciação científica a procurá-la. Afirmamos isto com convicção e serenidade crescente, pois foi por meio e a partir do Pai Rivas que percebemos como a linguagem rito-litúrgica é ampla e poderosa. O terreiro expressa conceitos da mais alta complexidade, utilizando uma forma incrivelmente simples.

Ouvindo, aprendendo e vivenciando os ensinamentos do Mestre penetramos na pesquisa acadêmica e, como os irmãos já sabem, alcançamos no final deste ano a titulação em Filosofia no grau de mestrado. Um trabalho, diga-se de passagem, aprovado com louvor principalmente por sua originalidade. Aliás, a originalidade foi marcada por apresentar a existência de uma sólida teologia com ênfase nas religiões Afro-brasileiras iniciada por Pai Rivas em seus livros e formalizada na FTU com autorização e credenciamento do Ministério da Educação (MEC).

Como desdobramento natural da nossa pesquisa caminhei para o doutorado e hoje estou no programa de Ciências da Religião da PUC-SP pesquisando a contribuição desta teologia para mediar pacificamente o cidadão religioso afro-brasileiro e a sociedade civil. Isto tudo meus irmãos graças às Religiões Afro-brasileiras, à Escola de Síntese e, principalmente, ao Pai Rivas. Confesso que afirmo isto com enorme satisfação.

Foi com meu pai espiritual que abri meus olhos para a linguagem acadêmica e como ela pode ser utilizada para alcançar o sagrado desde que compreendida de forma espiritualizada. Não precisei sair do terreiro para entrar na academia, entrei na academia pelo terreiro. E não aprendi isto por modelos teóricos distantes da realidade, vivenciei isto batendo cabeça no templo que ocupa o espaço central da Faculdade de Teologia Umbandista.

Vamos dialogando, afinal a reflexão está só começando...

E deixa a Gira girar!



Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

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