sábado, 18 de setembro de 2010

Bate cabeça filhos de Umbanda

Aranauan, Saravá meus irmãos planetários,

 

Conversando com Pai Rivas, algumas reflexões interessantes sobre a Umbanda e as Religiões Afro-brasileiras nos foram transmitidas pela vivência que possui e gostaria de discuti-las em na internet. A Umbanda é promotora de diversidades. Sua forma de atuação social é dinâmica e podemos compreendê-La como uma Unidade Aberta. Esta forma que concilia tradição e inovação permite um profundo diálogo harmônico com as demais denominações da Religião, Ciência, Arte e Filosofia. Neste processo a Religião humaniza as demais áreas da Gnose e permite concretizar Saúde, Sustentabilidade e Felicidade com o despertar da Espiritualidade. Enfim, como Pai Rivas afirma: Convergência dos Saberes e Fazeres.

 

No entanto, infelizmente, constatamos que muitos ainda tentam usar a nossa religião para fins outros que não a Espiritualidade. Querem fechar seu conteúdo e com isso o profícuo diálogo que citamos no parágrafo acima se transforma num processo alienante e esquizofrênico. Quando isso acontece, em vez da Religião construir pontes, Ela acaba se submetendo ao que existe de pior das outras gnoses. Peguemos o exemplo das Ciências Econômicas. Vivendo em um mundo capitalista pessoas despreparadas (leia-se sem raiz) que utilizam a Banda para interesses escusos, usam como cartilha os imperativos do capitalismo selvagem.

 

O homem visto como um ser Individual, Coletivo e Espiritual na abordagem primeva das Religiões Afro-brasileiras, passa a ser tratada como um ser consumidor. Os templos antes respeitados e tratados como fiéis depositários de suas Raízes, agora são vistos como Concorrentes daqueles que só pensam auferir lucros. Olham o Caboclo não como um Ancestre, mas como algo que pode ser vendido no balcão.

 

Nada temos contra ao salário do trabalhador de uma tarefa digna e honesta. Nosso Pai mesmo tem grande satisfação de viver da sua Sabedoria como Sacerdote-Médico. A questão é para quem vilependia o nosso movimento religioso. Se querem "vender" o Caboclo que seja por meio de Fé, Devoção, Amor pelo Orixá a forma de pagamento. Algo que se aprende pela vivência, não pela decoração de apostilas. Aliás é isto o que mais falta para quem só decora o fundamento passado por apostila em um curso de sacerdócio ou mediunidade (sic) desvinculado do terreiro de origem. Decorar no francês é "par coeur", no inglês "by heart", ou seja, a etimologia da palavra "decorar" para estas línguas (inclusive o português) remete algo do coração, usando o nosso sentimento; algo que falta para quem não tem vivência. Aliás, nossa memória só não esquece mesmo aquilo que nos marca fortemente pelas experiências que se consolidam no aspecto mental, emocional e físico.

 

Isto um curso não pode dar. Apenas o terreiro, apenas na relação de pai e filho, apenas a devoção ao Orixá. Quem bate cabeça no congá e trabalha feliz no seu terreiro sabe exatamente o que estamos falando. No templo que meu Pai conduz, amamos incondicionalmente não só Ele, mas o Caboclo Urubatão da Guia, Caboclo Malembá, Caboclo Tapuia, Pai Chico, Exu 7 Encruzilhadas, Exu Capa Preta, Exu Mirim, Mestre Canindé, Mestre Tigre, enfim Ancestrais que mais do que ouvir ou ler em livros, vivenciamos no terreiro em perfeita incorporação.

 

Também dá gosto de ver a devoção de meus irmãos por nosso Pai Espiritual e pela prórpia Umbanda: Babajinan, Shandarayara, Yamatiara, Aratyara, Yaranacy, Araobatan, Aracyauara, Aratyê, Ygbere, Obashanan, Yamaracyê...

 

Quantas vezes chorei e choro quando o Caboclo Urubatão da Guia chega para abençoar seus filhos. O dia que o Exu Sr. 7 Encruzilhadas incorporou e chamando a Yamaracyê vi suas lágrimas de uma filha que recebe a proteção de um pai. O Caboclo 7 Espadas que por 10 anos recebeu a ordem de conduzir os trabalhos no templo do Sr. Urubatão e que após este período continuou suas atividades em Aruanda. Em sua recente vinda ao terreiro (algo que levou anos para acontecer), nos emocionamos ao ver o vídeo na internet (http://www.youtube.com/pairivas#p/u/0/64u0nKXt0xY); mas o que dizer das lágrimas dos meus manos Obashanan e Ygbere?

Eles choraram, pois vivenciaram por muitos anos um contato direto com este querido Ancestral. Não foi lendo apostila que aprenderam a amar o Caboclo 7 Espadas, foi trabalhando no terreiro sob  as ordens Dele e de Mestre Arhapiagha.

 

Isto é uma Raiz, isto é um trabalho sério. É isto que não só a OICD, mas outras casas possuem e todos nós com orgulho deveríamos evocar para os "4 cantos do mundo". Obrigado aos Orixás, por possuirmos um Mestre, um Sacerdote que trabalha pela e para a Espiritualidade. Aos nossos Ancestrais e principalmente ao nosso Mestre Raiz – Pai Rivas o nosso pedido de benção. Como diz o ponto:

 

"Meu Pai

Seu Urubatão

Seus filhos pedem

Sua Benção"


Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

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