segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Discutindo a formação acadêmica: Teologia

Aranauan, Saravá meus irmãos planetários,

 

Quem em sã consciência colocaria seu filho(a), esposo(a) ou irmão(ã) na mão de um não médico para receber tratamento médico?

 

Um médico possui a formação acadêmica adequada, atua em sua especialidade médica respaldado por técnicas testadas cientificamente. Isto não dá certeza sobre a cura do paciente, mas é uma garantia de responsabilidade sobre o mesmo. Afinal, sob os cuidados médicos de um profissional médico de confiança sabemos que o melhor sempre será feito.

 

Desde já registro que não tenho a intenção de fazer um discurso classista. Primeiro porque não sou médico e segundo, pois penso exatamente o mesmo para outros casos. Quem precisa de tratamento médico bucal deve procurar um cirurgião-dentista, quem precisa de um tratamento psicológico deve buscar um psicólogo. Profissionais muito diferentes daqueles que fazem curso livre. Estes cursos não seguem as diretrizes estabelecidas pelos órgãos responsáveis do nosso país. Logo, não podem dar garantias factíveis da sua qualidade de ensino e formação.

 

Vejamos um caso que acontece dentro da nossa própria religião. As religiões Afro-brasileiras possuem uma Faculdade de Teologia Umbandista. Nela o aluno, após passar por um processo seletivo (vestibular), estuda durante 4 anos intensamente. Sua titulação só é conquistada se o estudante for aprovado em inúmeras avaliações culminando no Trabalho de Conclusão do Curso (TCC). Estes parâmetros são regulados pelo MEC, na qual a FTU é autorizada e credenciada para exercer as suas atividades acadêmicas.

 

O teólogo umbandista, logo afro-brasileiro, é aquele que passa pelo processo seletivo, cursa a faculdade e é aprovado nos seus rígidos critérios. Infelizmente só existe uma única faculdade – a própria FTU – mas graças aos Orixás, Inquices e Voduns que temos ela. Pois isto é inédito não só no cenário nacional, como também internacional. Vide o interesse de países como Argentina e Portugal para os cursos de extensão universitária.

 

Pois bem, isto é muito, mas muito diferente de grupos que fornecem cursos "livres" (???) de teologia e dão certificado de teólogos para seus alunos. Será que os clientes são informados que estes certificados não têm validade nenhuma de acordo com os parâmetros acadêmicos do Brasil?

Ainda sim, poderia ser argumentado que como forma de esclarecimento é válido. O problema é que um teólogo de fato estuda as varias Escolas Afro-brasileiras e até mesmo de outras denominações religiosas, aprendendo uma visão crítica e respeitosa sobre todas. Seu método não prevê ação por interesse ou conveniência. E isto não pode ser garantido por um curso "livre" de teologia, pois não responde a nenhum órgão de educação. Pode programar qualquer método de ensino sem preocupação acadêmica. 

 

A questão é simples. Rezar, emitir comentário, opinião sobre Umbanda qualquer um pode. Não só pode, como deve. Estamos em um Estado democrático e como tal podemos exercer nosso livre pensar.  O que questionamos é quando alguém cria um discurso acadêmico, usando direta ou indiretamente uma pseudo-titulação de teólogo e o mesmo não foi sequer formado por uma Instituição de Ensino Superior regulamentada pelo MEC.

Assim como o terapeuta holístico clinica sem ser médico, estes sujeitos formados em cursos criam um discurso crítico da teologia sem serem teólogos. Logo, sem legitimidade alguma.


Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

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