sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Iniciação no terreiro fundamenta pelo Orixá versus A inscrição no curso de sacerdote nos moldes tayloristas

Aranauan, Saravá meus irmãos planetários,

 

Ontem escrevemos sobre diferenças entre Escolas e Seitas. O texto em questão era um excerto de algo que publicamos nos fóruns em 2009. Aproveitando o ensejo localizei outro texto que gostaria de trabalhar novamente e discutir.

 

Na Casa Iniciática dirigida por Pai Rivas um discípulo torna-se sacerdote, no mínimo, em 7 anos de vivência  e de acordo com as responsabilidades assumidas perante o Astral. Posturas como esta são comuns em inúmeros terreiros sérios pelo nosso Brasil.

 

O que temos observado é como alguns indivíduos, muitos recém egressos na Umbanda, buscam meios rápidos para alcançar o sacerdócio.  Isto infelizmente é possível atualmente, pois existem cursos de formação de sacerdotes de duração relâmpago (literalmente em finais de semana), onde o único pré-requisito é pagar a mensalidade. O pior é que estes cursos são dados por pessoas que também foram formados em cursos, ou seja, não possuem vivência real no terreiro através da sagrada relação pai e filho, mestre e discípulo forjado com muito trabalho pela e para a Umbanda. Ainda nestes cursinhos temos alguns casos, classificados como "sacerdote vocacional" (?!?!?!), onde os alunos nem mediunidade de incorporação precisam ter. Pior, isto está registrado em livro...

 

Observamos nesta tática uma tentativa de transformar a Umbanda em um simples processo "taylorista". Na Administração Científica, Taylor desenvolveu um estudo de "tempos e movimentos" onde se buscava fazer o trabalho da forma mais rápida possível com o menor desperdício de esforço. Na prática, procura-se em uma atividade condicionada, ou seja, repetida e sem reflexão por parte do trabalhador, o menor trabalho para produzir a mercadoria. Não é isso que acontece em um curso de final de semana?

 

O pior de tudo isto é querer através desta formação rápida no sacerdócio uma independência financeira. Aquilo que os nossos Guias entregaram para o umbandista trabalhar pelo bem coletivo é transformado em interesse pecuniário para poucos. Dentro desta concorrência selvagem, todos perderam.

 

Gostaria de deixar claro que não me refiro aos incansáveis trabalhadores que labutam em diversos terreiros do nosso planeta e, ao contrário de negar sua formação espiritual, trabalham no templo bem orientados por seus pais e mães espirituais, respeitam todas as formas de se fazer Umbanda, procurando conhecê-las e não privilegiando esta ou aquela. Aliás, sabem a linhagem espiritual que possuem, conhecem sua raiz. Para estes dou um profundo e verdadeiro paó, na certeza que serão lideranças naturais na Umbanda, não por portas e travessas, mas por aclamação da comunidade umbandista.

 


Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

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