Escrevemos sobre a codificação e gostaríamos de ilustrar o exposto com a postura institucional da FTU(Faculdade de Teologia Umbandista), CONUB (Conselho Nacional da Umbanda do Brasil) e CONSUB (Conselho de Sacerdotes da Umbanda do Brasil).
Estamos encaminhando um email que foi para as listas em 10 de abril de 2008. Trata-se do resumo do locutório conduzido pelo CONSUB e pala FTU nas dependências da faculdade.
Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)
De: João Luiz de A. Carneiro <joaoluizcarneiro@gmail.com>
Data: 10 de abril de 2008 23:33
Assunto: Locutório do CONSUB e FTU sobre Codificação na Umbanda
Para: apometria_umbanda <apometria_umbanda@yahoogrupos.com.br>, sarava umbanda <saravaumbanda@grupos.com.br>, Primeira Lista de Discussões sobre Umbanda da Inte <umbandapowerline@grupos.com.br>, umbandanet <umbandanet@grupos.com.br>, Lista vivaumbanda <vivaumbanda@yahoogrupos.com.br>, Lista templodeumbanda <templodeumbanda@yahoogrupos.com.br>, colegiodeumbanda <colegiodeumbanda@yahoogrupos.com.br>, conub <conub@yahoogrupos.com.br>, conub_rj <conub_rj@yahoogrupos.com.br>
Aranauam, Saravá meus amigos,
Ontem foi realizado no sítio da FTU mais um locutório. O tema polêmico como "Codificação na Umbanda" foi conduzido com um respeito ímpar pela 1ª presidente do CONSUB, a Mãe Marcia Pinho. Além dela, contamos com a presença de inúmeros pais e mães de santo que atrás da mesa de discussão ou na platéia demonstraram suas opiniões com muita franqueza e liberdade.
Gostaria de colocar alguns pontos que foram trazidos pelos participantes do locutório como contribuição e reflexão para as listas sobre a Codificação.
- Somos umbandistas e acreditamos no Astral Superior. Temos fé que o poder vem de cima para baixo e caso se impusesse um código não solicitado pelos nossos mentores, não estaríamos invertendo a relação com a Aruanda?
- Codificar é Engessar. Toda codificação caracteriza o como aquela sociedade compreende o Sagrado dentro de um contexto temporal e cultural. Dito de outra forma a Codificação engessa, pois carreia em si todos os pontos desenvolvidos ou não daquele tempo de forma fechada às circunstâncias do meio.
- Vamos concentrar a questão umbandista dentro do nosso país-continente. Caso fizéssemos a Codificação e uma escola ou conjunto delas capitaneasse tal iniciativa. A forma como se faz Umbanda no Sul seria imposta ao Sudeste? A forma como se pratica no Norte desapareceria por aceitar a visão nordestina como a correta. Quem definiria isto?
- Se a Codificação hipoteticamente acontecesse e a forma como o Caboclo trabalha na casa que você trabalha fosse considerada "errada". Nós encarnados iríamos determinar ao Caboclo o seu próprio modus operandi?
- Sabemos que um dos mais incisivos defensores da codificação umbandista, o sr. Saraceni, possui uma forma totalmente peculiar de estudar, ensinar e praticar a nossa religião. Teríamos que nos submetermos aos Orixás inventados por ele?
- O Primado de Umbanda entende que parte de seu ritual já foi Codificado desde 1960. Como a Codificação destes senhores iria interferir na Tradição desta respeitosa casa? Eles simplesmente teriam que abrir mão de seu passado?
- Você abriria mão da sua felicidade em participar do seu terreiro que tanto aprende e ama para realizar uma forma única de se fazer Umbanda?
Após a exposição destes principais tópicos trazidos pelos participantes da mesa, gostaria de comentar algo que me chamou atenção.
Se optássemos por fazer algo codificado limitaríamos a uma única visão da Umbanda. Esta forma acabaria com a pluralidade, respeito pelas diferenças e vivencia da diversidade.
A Espiritualidade não utiliza uma única forma. Ao contrário, baixa no terreiro Caboclo, Pai Velho, Criança, Exu, Boiadeiro, Baiano, Marinheiro, Cigano e tantos outros. Mesmo os Caboclos que trabalham possuem nomes diferentes. E mesmo os que têm nomes idênticos, atuam de forma própria.
A velha pergunta volta com toda força para esta discussão. Você fica com a pessoa ou com o Caboclo? Eu escolhi o Caboclo...
--
Saravá fraternal,
João Luiz de A. Carneiro
CONUB: trabalhando pela dignificação da Umbanda e do umbandista
Nenhum comentário:
Postar um comentário