Basta observar que nunca foi visto por aqui afirmarmos que a nossa doutrina é melhor do que qualquer outra ou que apenas o que praticamos é o certo. Pelo contrário, nossa discussão em anos de lista é levar para a comunidade afro-brasileira e a sociedade civil a importância da diversidade das religiões afro-brasileiras que possuem em essência muito mais pontos de semelhança do que se possa imaginar. A Umbanda ou Religiões Afro-brasileiras , nas palavras do Pai Rivas, é uma ideia que se expressa em diversas linguagens.
Se os irmãos pensarem bem, esta inciativa do Pai Rivas é de muita coragem. Coragem, pois seria muito mais cômodo para um sacerdote ficar em seu terreiro alheio há tudo que está acontecendo da porta do templo para fora. Só que quem conhece o Pai Rivas sabe que comodismo não representa em nada o seu pensamento. Por este motivo, apresentou para seus filhos espirituais em um primeiro instante e tornou público há algumas décadas que o povo do santo se fortalece na interação pelo diálogo entre as Escolas. A força da nossa Tradição é o diálogo na diversidade. Mais do que falar, Fez, Faz, Vive e É.
Seguindo nesta direção, no início deste milênio, Pai Rivas fundou a FTU. Uma instituição de ensino superior (IES) que, como qualquer outra, possui uma mensalidade que os seus alunos pagam como meio para sustentar os custos da instituição. Lembramos que esta mensalidade nunca sofreu acréscimo, logo há cada ano fica mais barata. O que é uma exceção nesta lógica de mercado que virou o ensino privado no país. Além do exposto, todos os seus alunos possuem bolsas, muitas integrais (100%). Não tem mágica para isto acontecer, tudo está sob os auspícios dos Orixás (sem isto a faculdade não estaria de pé) e o planejamento acadêmico. Temos como exemplo os cursos de extensão e lato sensu presenciais e telepresenciais com dupla finalidade. Divulgar a teologia umbandista ou afro-brasileira para todos e criar uma renda que permita ofertar mais bolsas para os alunos que cursam o bacharelado presencial.
Desconstruindo a regra capitalista, os recursos financeiros não fazem parte dos objetivos últimos da FTU. Até nisso as religiões afro-brasileiras são exemplo. Os recursos servem como meios para viabilizar a disseminação da teologia para todos os setores da sociedade garantindo a nossa isonomia. Pedimos aos irmãos que por ventura pensem diferente para refletir bem nessas palavras antes de sair afirmando que a faculdade tem interesse pecuniário ou outras estratégias mercadológicas.
Ratificamos. Numa sociedade onde tudo virou capital, tudo é oportunidade para auferir lucros, Pai Rivas com imensa coragem funda uma faculdade ligada às religiões afro-brasileiras com ideias espiritualizantes paradigmáticas: promover a Inclusão total pela Educação. Quando divulgamos o trabalho do Centro de Cultura, Blog Espiritualidade e Ciência e as atividades da FTU (Faculdade de Teologia Umbandista), o fazemos na certeza que são frutos onde todos nós somos beneficiados. São oportunidades de mostrarmos como podemos dialogar com os demais cidadãos religiosos e seculares sem sofrer intolerância e mais: como a nossa teologia pode contribuir para uma cultura de paz perene.
PS: Para reforçar a importância do sacerdócio, sugerimos a leitura da publicação do Blog Espiritualidade e Ciência de hoje: Contos, encantos e encontros num ritual de fundamento da Escola de Síntese disponível em http://espiritualidadeciencia.wordpress.com
Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Aranauan, Saravá a todos,
Em referência a esta mensagem gostaria de relembrar alguns fatos.
Em nossa comunidade foi Pai Rivas que redefiniu a importância da diversidade nas Religiões Afro-brasileiras, não apenas por ser o fundamento de origem destas religiões, mas também pelo dinamismo que esta imprime em sua construção coletiva e por sua importância na constituição da pluralidade cultural e religiosa brasileira. Esta construção coletiva vem sendo feita, pelo que ele apropriadamente definiu por Escolas, que se definem por uma origem ou Raiz e que tem uma linhagem de transmissão de conhecimentos e de práticas ético-doutrinárias que se referem e são referidas pela totalidade destas mesmas religiões.
Com esta vereda explicativa se evitam algumas confusões e analogias indevidas das quais gostaria de citar apenas duas: diversidade com caosidade e Escola com seita. Quando Pai Rivas fala em diversidade das Religiões Afro-brasileiras, não está se referindo a uma espécie de "vale-tudo" de interpolações - estranhas ou aberrantes a estas religiões -; muito menos ainda com a produção de "novos produtos" ou "produtos maquiados" produzidos por aqueles que fazem destas religiões um mercado - sempre interessados em amealhar ou serem afamados.
De igual maneira, o conceito de Escolas supõe uma relação de pertença e identidade de cada Escola com o conjunto da Religião. A Escola tem uma clara identificação com a Religião e de outro, sozinha, não é capaz de representar esta mesma totalidade. Esta dupla condição deixa claro que a codificação é um ato de violência, como também são as tentativas de impingir um "revelador" – aquele que vela (oculta) novamente, lembra Pai Rivas. Os grupos que pretendem a codificação, a dogmatização ou impor-se por uma suposta revelação, na essência almejam a hegemonia, e estas manobras são incompatíveis com o conceito de Escolas, logo, são seitas – se apartaram da união na diversidade da gestalt Umbandista ou das Religiões Afro-brasileiras.
Outro fato importante é que Pai Rivas propôs também uma nova paidéia – construção de um novo homem e de uma nova cidadania pela via da educação – que contempla com a mesma isonomia de importância de todas as Escolas e, ao mesmo tempo, uma paradigmática síntese dos saberes que supera a dualidade entre religiosismo e cientificismo, que a muito tempo engessa a nossa cultura numa falsa polarização. Nesse sentido, entre outras iniciativas, a fundação da única Faculdade de Teologia Umbandista, cujas diretrizes e práticas pedagógicas unem de forma segura o saber popular ao saber acadêmico e religioso, além da transdisciplinaridade entre os diferentes saberes, são incontestes conquistas.
Estes avanços também reorientaram os nossos debates e atenções para aspectos mais significativos – nossas semelhanças -, pautados pelo respeito à diversidade, mas sem fazer concessões ao erro e aos desvios de caráter. Os progressos já se fazem sentir, inclusive no uso de um léxico de palavras que Pai Rivas deu projeção na rede social ou em outras mídias de nossa comunidade, sem mencionar as proposições e idéias que passaram a ser voz corrente entre nós: Escolas Umbandistas, respeito à diversidade, união pelas semelhanças, construção coletiva, não codificação, cultura de paz, etc..
Referendo as palavras de meu irmão Yabauara - Pai Rivas não precisa de apologia, os frutos do seu trabalho falam por si só.
Axé a todos!
Aratish
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)
Teólogo Umbandista
Em 17/01/2011 13:57, Aluizio M Veras Filho < aluizioveras@globo.com > escreveu:
Salve:
Achei muito interessante esse texto do nosso irmão Norberto Peixoto e repasso a vocês para reflexão.Saravá fraternoAluizio Veras
Em 17 de janeiro de 2011 13:51, Saravá <sarava@portoweb.com.br> escreveu:
Codificando a Umbanda!?
A Umbanda é uma religião absolutamente aberta que tem inúmeras diferenças de interpretação, que variam de região para região, de terreiro para terreiro, de sacerdote para sacerdote.A Umbanda não tem e nunca terá uma codificação ou um codificador. A Umbanda não tem uma bíblia, um livro sagrado, um poder central ou um Papa do saber.A Umbanda não tem uma instituição que prevaleça sobre as demais e que estabeleça normas ou formas de culto que engessem a liberdade ritual de cada terreiro e sacerdote.Especificamente a Umbanda que praticamos em nossa Choupana não é melhor do que qualquer outra prática umbandista dos milhares de terreiros deste Brasil.O nosso canal de vídeos, divulgando nossas palestras, que ocorrem antes das giras, o estudo sistematizado da Umbanda e demais preleções falando da religião, baseia-se em pontos de vistas particularizados em nossa prática ritual e não objetivam impor doutrinas, verdades, dogmas ou tabus. Temos por motivação atender às inúmeras solicitações que tivemos para que disponibilizássemos estes vídeos de forma acessível a todos. Nossa intenção não é e nunca será estabelecer fundamentos que engessem quem quer que seja tolhendo a sagrada liberdade propiciada pela nossa religião. Cada centro, cada terreiro, tem sua própria raiz, origem e fundamentação e em todos eles o Sagrado vibra igualmente.Entendemos a Umbanda enquanto religião estruturada do ponto de vista de nossa vivência ritual que atende a comunidade que simpatiza conosco, assim como acontece em todos os demais terreiros e com seus dirigentes e agrupamento de médiuns.
Não damos cursos pagos, não formamos sacerdotes e o nosso estudo sistematizado não emite quaisquer certificados ou imputa fundamentos à Umbanda.Respeitamos incondicionalmente a mediunidade e as diferenças de interpretações do Sagrado emitidas por todas as lideranças umbandistas da atualidade. Preconizamos uma Umbanda Ética, que preserva a natureza, respeita as diferenças, não objetiva quaisquer ganhos pessoais ou de instituições e fomenta o respeito, a concórdia, o amor e a fraternidade em favor da coletividade como um todo.Saravá fraternal,Norberto PeixotoMédium e dirigenteChoupana do Caboclo PeryGrupo Umbandista Triângulo da Fraternidade.
__._,_.___Umbanda: Uma forma inteligente e espiritualizada de se bem viver
por Pai Rivas
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