segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Desdobramento de um fórum de discussão da internet: Dialogando eticamente

---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Yabauara <yabauara@gmail.com>
Data: 17 de janeiro de 2011 20:03
Assunto: Re: [apometria_umbanda] Re: COMUNICADO IMPORTANTE
Para: apometria_umbanda@yahoogrupos.com.br



Aranauan, Saravá meus irmãos planetários,

Temos recebido muitos emails em pvt (privado) e comentários presenciais quando visitamos terreiros por esse Rio de Janeiro a fora sobre a importância do trabalho desenvolvido pela Faculdade de Teologia Umbandista considerando principalmente o conceito de Escolas e a impossibilidade teórico-prática da codificação sustentada pelo Pai Rivas.

O email ora encaminhado vem reforçar o exposto. Somos pelo diálogo e ele se realiza com transparência, com olhos nos olhos. Se não concordamos como uma ideia, podemos apresentar os nossos motivos no espaço público – por exemplo os fóruns de internet – e verificar qual o melhor argumento. Considerando apenas a lógica e bom senso conseguimos facilmente constatar qual visão mais se adéqua à nossa realidade de terreiro e exercitá-la na convivência pacífica.

Este certamente é o ponto alto do conceito de Escolas. Nosso pai espiritual o sustenta, pois com ele podemos exercitar uma harmoniosa convivência interna, dialogar com outros setores do conhecimento humano (Ciência, Arte e Filosofia), além de respeitarmos incondicionalmente as diferenças ao mesmo tempo em que neutraliza as desigualdades de ordem espiritual, cultural, social, política e econômica. Por quê?

Porque para ser uma Escola, a mesma precisa ter uma raiz, uma linha de transmissão que é passada por um pai ou mãe de santo no terreiro feito por outro em igual condição, com o senso ético apurado (interdependência) e um corpo de conhecimento sólido, plural na forma mas que em essência é o mesmo da Umbanda ou Religiões Afro-brasleiras. Se somos Unos em essência, não temos espaço para concorrermos, digladiarmos ou ficarmos em lados "opostos". Aliás, se existe mais de um lado nessa história , desde já me posiciono com meu Pai espiritual a favor de todas as Escolas das Religiões Afro-brasileiras.

Cito frequentemente meu pai espiritual, Pai Rivas, e não poderia ser diferente. Foi e é com Ele que aprendo e exercito o caminhar rumo ao Sagrado, à Espiritualidade. Tenho senso de responsabilidade e consciência do quanto é preciso trabalhar para retribuir tudo o que recebo individual, coletiva e, principalmente, espiritualmente Dele. Ressalto que não faço apologia ao Pai Rivas. Sinceramente porque não tenho competência para tanto e mais do que isso, não é necessário.

A apologia ao Pai Rivas é realizada pelos frutos do seu trabalho, para quem O conheceu pessoalmente e sabe como é destituído da tola vaidade e como exercita o tempo todo o diálogo e as construções estruturais que beneficiam a comunidade. Nunca cobrou nem permitiu que seus filhos cobrassem consultas com Caboclos e Pretos-Velhos, nunca fez da Umbanda balcão de negócios abrindo terreiros por interesses pecuniários. Todos os seus filhos que conduzem terreiros próprios ou são seus prepostos conquistaram e aceitaram sem pestanejar tal condição, pois foi fruto direto de anos de trabalho para a Banda, não foram feitos em cursos ou nomeados por motivos distantes da Iniciação verdadeira.

Quem já foi à FTU, à OICD, ao Centro de Cultura Viva das Tradições Afro-brasileiras ou ao seu consultório médico sabe bem do que estamos falando. Não poderia ser diferente, sacerdote há quase cinco décadas de uma religião de Tradição Oral, é pelo contato direto – "olho no olho" – que se vê, ou melhor, se vive este relacionamento.

Por falar em trabalho sério, gostaríamos de finalizar este texto sugerindo a todos a leitura atenta da publicação Escolas Umbandistas: As neutralizadoras do fundamentalismo endógeno. Mais uma publicação inédita, realmente paradigmática que chega para coroar um ano de publicações do blog. Publicações de simplicidade e profundidade crescente que são gratuitas por meio de fotos, textos e até mesmo em vídeos no canal Youtube.

Nelas e principalmente na última sentimos a força do conceito de Escolas que valoriza todas estas formas legítimas de contatar e compreender o Sagrado. Sem visões fundamentalistas, sem dogmas, sem codificação, sem revelações esdrúxulas. São manifestações dos nossos Ancestrais Divinos, são pela Inclusão total. Então, vamos dialogar?

E deixa a Gira girar!


Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)


Em 17 de janeiro de 2011 13:57, Aluizio M Veras Filho <aluizioveras@globo.com> escreveu:

 
Salve:
Achei muito interessante esse texto do nosso irmão Norberto Peixoto e repasso a vocês para reflexão.
Saravá fraterno
Aluizio Veras
Em 17 de janeiro de 2011 13:51, Saravá <sarava@portoweb.com.br> escreveu:
 

Codificando a Umbanda!?

A Umbanda é uma religião absolutamente aberta que tem inúmeras diferenças de interpretação, que variam de região para região, de terreiro para terreiro, de sacerdote para sacerdote.
A Umbanda não tem e nunca terá uma codificação ou um codificador. A Umbanda não tem uma bíblia, um livro sagrado, um poder central ou um Papa do saber.
A Umbanda não tem uma instituição que prevaleça sobre as demais e que estabeleça normas ou formas de culto que engessem a liberdade ritual de cada terreiro e sacerdote.
Especificamente a Umbanda que praticamos em nossa Choupana não é melhor do que qualquer outra prática umbandista dos milhares de terreiros deste Brasil.
O nosso canal de vídeos, divulgando nossas palestras, que ocorrem antes das giras, o estudo sistematizado da Umbanda e demais preleções falando da religião, baseia-se em pontos de vistas particularizados em nossa prática ritual e não objetivam impor doutrinas, verdades, dogmas ou tabus. Temos por motivação atender às inúmeras solicitações que tivemos para que disponibilizássemos estes vídeos de forma acessível a todos. Nossa intenção não é e nunca será estabelecer fundamentos que engessem quem quer que seja tolhendo a sagrada liberdade propiciada pela nossa religião. Cada centro, cada terreiro, tem sua própria raiz, origem e fundamentação e em todos eles o Sagrado vibra igualmente.
Entendemos a Umbanda enquanto religião estruturada do ponto de vista de nossa vivência ritual que atende a comunidade que simpatiza conosco, assim como acontece em todos os demais terreiros e com seus dirigentes e agrupamento de médiuns.
Não damos cursos pagos, não formamos sacerdotes e o nosso estudo sistematizado não emite quaisquer certificados ou imputa fundamentos à Umbanda.
Respeitamos incondicionalmente a mediunidade e as diferenças de interpretações do Sagrado emitidas por todas as lideranças umbandistas da atualidade. Preconizamos uma Umbanda Ética, que preserva a natureza, respeita as diferenças, não objetiva quaisquer ganhos pessoais ou de instituições e fomenta o respeito, a concórdia, o amor e a fraternidade em favor da coletividade como um todo.

Saravá fraternal,


Norberto Peixoto
Médium e dirigente
Choupana do Caboclo Pery
Grupo Umbandista Triângulo da Fraternidade.

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Atividade nos últimos dias:
Umbanda: Uma forma inteligente e espiritualizada de se bem viver
por Pai Rivas
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