Aranauan, Saravá, Axé!
Antes de me dirigir ao Saraceni, gostaria de colocar algumas palavras aos irmãos dos fóruns na internet. Não vou e nem posso tratar esta troca de emails com o Cumino e agora com o Saraceni como algo pessoal. Busco no diálogo uma forma lógica e espiritualizada que permite estabelecer uma relação saudável com todos que batem cabeça no Congá, que louvam os Orixás e as Entidades Espirituais.
Se estamos discutindo os fatos que este texto irá tratar, isto se deve a coerência e vivência que adquirimos no terreiro pelas mãos do meu Pai Espiritual, Pai Rivas. Esta coerência e vivência do Espiritual me estimula a defender as Escolas das Religiões Afro-brasileiras como um todo. Não só a minha, mas todas. Quando se propõe uma visão codificadora, uma obra ou conjunto de obras que todos devem se submeter ou a publicação de erros crassos da ciência elementar usando o nome da Sagrada Corrente Astral de Umbanda, precisamos e vamos nos posicionar.
Dito isto, me volto ao Saraceni para discutir publicamente os assuntos tratados em seu texto.
Saraceni, antes de qualquer coisa pedimos calma. Não adianta usar letras maiúsculas ou vermelhas para mudar o exposto. Tudo que foi escrito em livro, todas as ações que a justiça julgou e tudo que foi dito em programa de rádio está registrado. Vamos evocar estes registros e lidar os mesmos com lógica e bom senso. Reitero que busco aqui um diálogo calcado em uma lógica (com sentido, utilizando a razão) espiritualizada (buscando a verdade em respeito às Religiões Afro-brasileiras).
Sobre o direito de resposta. Acredito que você precisa direcionar estas palavras à instituição de ensino superior que é evocada no texto. Tudo que eu disse anteriormente, e digo agora falo por mim mesmo. Falo como um religioso que está convicto da importância de defender todas as Escolas que compõem as Religiões Afro-brasileiras. Porém quando se falta com a verdade e isto impacta esta harmonia entre as Escolas, precisamos assumir uma postura crítica.
Lendo o próprio documento que você publicou, lá está escrito que o Direito de Resposta já tinha sido concedido. Isto é muito importante ser frisado. O programa de rádio que você conduz já tinha transmitido o Direito de Resposta da instituição de ensino superior e ela apenas pediu para a justiça que o mesmo, já transmitido, pudesse ser repetido mais vezes. Não foi um processo judicial contra o Saraceni, foi um Direito de Resposta. A justiça achou por bem uma única transmissão do Direito de Resposta, a instituição de ensino superior acatou o entendimento e como o mesmo já tinha sido transmitido o assunto se deu por encerrado. O que enfatizo é a fonte da informação. Não precisei consultar nenhum outro documento que não o próprio apresentado pelo Saraceni.
Quanto à AUEESP. Esta é uma instituição fundada pelo Saraceni e, como afirmamos anteriormente, tem como um dos seus objetivos separar a Umbanda dos Cultos Afro-brasileiros. Isto está devidamente registrado no seu próprio estatuto que é público. Pois bem, a AUEESP entrou na justiça contra Pai Rivas pela opinião da Escola Esotérica que foi registrada em seu livro. Não se trata de erro científico ou religioso, apenas a opinião, a visão de uma Escola. O próprio juiz afirma em sua sentença que se fosse erro científico de fato precisaria atender o pleito, mas como opinião religiosa é um direito do autor. A questão pode ser exemplificada de forma simples. Uma coisa é emitir opinião sobre uma maçã outra coisa é afirmar equívocos sobre a sua estrutura, sobre os átomos que a compõe. O primeiro é opinião que precisa ser respeitada, o segundo é erro de conhecimento que pode ser facilmente refutado. Tanto é verdade que a sentença do juiz quando foi a favor do Pai Rivas pode ser acessada com detalhes no pronunciamento: http://www.ftu.edu.br/ftu/producoes-academicas/audio-visual/pronunciamentos/175-pronunciamentos-2009-041.html e reforça este argumento. Basta assistir e os irmãos verificarão os fatos como eles se estabeleceram.
Sobre o processo de um indivíduo que escreveu algo contra Saraceni na internet, temos pouco a dizer. Ele deve pedir explicação, indenização ou que julgar legítimo ao próprio. O único problema foi explicado pelo próprio Saraceni em seu pedido de desculpas enviado para as listas no ano de 2003, quando o próprio afirma ter sido um "lamentável equívoco" aceitando inclusive, o Saraceni, responder por isso em juízo.
Finalmente foi citado um trecho do livro Umbanda – A Proto-Síntese Cósmica. Sinceramente, não localizei o trecho ora afirmado. Ainda sim, sinto-me tranquilo para falar sobre o exposto. A codificação nos moldes descritos nas obras do Saraceni nunca foi tratada pelo meu Pai ou Avô de Santé (W. W. da Matta e Silva). Quando o meu Avô fala sobre codificação, trata das Ordens e Direitos que vem de cima para baixo, ou seja, dos Guias para os médiuns. Aliás, todos nós que vivenciamos o Sagrado na Umbanda, nas Religiões Afro-brasileiras compartilhamos deste espiritualizado pensamento. Quem quis codificar de forma ampla e irrestrita foi o Saraceni, sendo que estas ideias estão registradas em trechos literais dos seus próprios livros.
Diante do exposto, esperamos que tudo fique muito bem claro. O porquê de discutimos estes assuntos em lista, o porquê se faltou com a verdade e como apresentamos os argumentos baseados em documentos oferecidos pelo próprio Saraceni. O que ainda não foi explicado e precisa ser com celeridade é esta afirmação:
"De fato, os leitores e admiradores da obra de Pai Benedito têm do que se orgulharem, pois ela retirou a literatura umbandista de um patamar e a elevou a outro, muito mais elevado e fundamentador da religião Umbanda, patamar esse ainda não alcançado por nenhum outro autor umbandista (espiritual ou encarnado) (...)" (Livros que mudaram a visão sobre a Umbanda, pág. 30 e 31 in Jornal de Umbanda.com.br 4ªed.)
Este texto, Saraceni, foi escrito por você e publicado no primeiro dia do presente ano. O texto coloca todos os autores umbandistas, encarnados e também as próprias entidades de Umbanda, abaixo do "preto-velho" que você afirma psicografar. Mais do que isto, este "preto-velho" trouxe algo que seria "fundamentador" da religião de Umbanda, a última palavra sem direito de pergunta.
O problema é que esta entidade é a mesma que coordenou "O Livro das Energias" e, como bem vimos, lá estão erros que fez vários setores importantes da sociedade se posicionarem contra (vide o email do Aramaty que já encaminhamos para os fóruns). Depôs contra a Umbanda e os umbandistas. Não queremos brigar ou criar celeumas desnecessários, só não podemos nos calar diante do apresentado. Urge que o Saraceni se posicione sobre tudo isto, principalmente quando coloca o "preto-velho" dele acima de todas as entidades e todos os autores encarnados. Em nome da dignidade umbandista, peço que se posicione de forma clara e objetiva.
Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)
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