terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Escolas e sua Diversidade: entendendo conceitos

Aranauan, Saravá, Axé,

Conversando com Pai Rivas ouvimos atentamente conceitos importantes que auxiliam a compreender com clareza a diversidade umbandista e sua relação direta com a cultura de paz.

Pai Rivas nos conta que estudos científicos atuais já concebem que nossa sociedade atual é oriunda de mil seres humanos aproximadamente, pois após o grande cataclismo apenas esta quantidade restara. A sobrevivência destes ancestrais se deu pela forma cooperativa de se tratarem sobrepujando o sentimento de disputa ou concorrência (conflito).

Caminhando no tempo-espaço e chegando ao Brasil colônia, encontramos um dos piores cenários que já vivenciamos enquanto sociedade brasileira: a escravidão. Neste período os senhores de engenho agrupavam vários escravos oriundos d'áfrica, dada a dificuldade de "domesticar" (sic) os nossos ancestrais da terra, os ameríndios. Não muito raro, a senzala destes engenhos recebiam africanos de várias tribos, algumas até mesmo rivais.

Sabedores deste fato, os senhores de engenho permitiam as celebrações na senzala e as mesmas propiciavam disputas internas entre as tribos então rivais. Neste contexto tão desigual e violento era impossível que os escravos se articulassem contra os seus opressores e o status quo era mantido pela concorrência, pelo domínio de elites político-econômicas sobre os escravos marginalizados, excluídos.

Pai Rivas evocando o velho adágio de que o homem sábio imita a natureza, demonstra como as religiões afro-brasileiras expressam a realidade natural quando em sua diversidade estimulam a harmonia de seus adeptos, de suas Escolas; neste mesmo espírito cooperativo que permitiu a manutenção da raça humana no planeta após o cataclismo. Já a disputa e a concorrência (conflito) geram situações das mais degradantes, vide o exemplo da escravidão.

A Umbanda é uma essência (ideia) que se manifesta em várias forma (linguagens). Sendo assim possui um núcleo comum: tradição oral, crença nos Orixás, crença nos Ancestrais, transe e não possuem dogmas. Isto se deve, pois dogma não se discute. Nas Religiões Afro-brasileiras seu conteúdo é uma unidade aberta. O religioso afro-brasileiro possui liberdade para pensar e praticar suas crenças e os seus valores.

Citamos as Escolas e as mesmas são visões específicas, enfim particularizadas da Espiritualidade. As Escolas não possuem objetivos diferentes, o que perderia a sua coesão como sistema religioso, mas unos em essência. Vide o exemplo do carro transmitido por Pai Rivas em vídeo-aulas. Imaginando vários observadores de um mesmo carro, cada um terá uma visão específica onde detalhes serão apercebidos de forma particular. Quem está de frente enxerga o farol do carro, quem está na lateral enxerga a porta do motorista e assim sucessivamente. No entanto, mesmo existindo visões diferentes o carro é o mesmo.

Outro exemplo interessante que Pai Rivas comentou conosco é a espécie humana – homo sapiens. Apesar de ser uma mesma espécie existem quatro características fenotípicas básicas: vermelho, amarelo, negro e branco, além das miscigenações ocorridas. Estas diferenças não representam outros seres humanos, expressa o ser humano de várias maneiras.

Sendo assim o conceito de Escolas não gera conflitos. O conflito perdura porque não querem seguir seu espírito cooperativo, mas o de conflito. Não querem imitar a sábia natureza, querem repetir a lógica do senhor de escravos.

Irmãos das religiões afro-brasileiras: somos livres! Não temos dogmas e não seguimos uma codificação. Seguimos a nossa Raiz e defendemos a diversidade que não tolera o erro e muito menos o crime. Somos nas palavras de Pai Rivas pela Cultura de Paz!

Ps: Uma Escola possui Epistemologia (corpo de conhecimento), Ética (interdependência) e Metodologia (linha de transmissão).



Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

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