segunda-feira, 7 de março de 2011

A Iniciação passa pelo trabalho que visa Paz

Aranauan, Saravá, Axé!

 

Toda vez que entramos no canal do youtube do Pai Rivas para pegar o link do video "Na Umbanda, responsabilidade é preciso" ficamos muito felizes. Afinal não é um vídeo pequeno, cerca de cinquenta minutos, e visa discutir assuntos importantes que permeiam a comunidade umbandista. Desde já agradeço a todos pela grande audiência do canal, não para fazer número, mas por mostrar como um umbandista está cada vez mais interessado em conteúdo sério e de qualidade.

 

Para quem não assistiu o referido vídeo, passamos novamente o link: http://www.youtube.com/pairivas#p/u/3/RIrhKekICbY Vamos, conforme prometido, dar sequência à tematização.

 

Entre 34min 50seg e 35min 59seg Pai Rivas reitera que todos os irmãos são merecedores de carinho, respeito, amizade. Porém em algumas situações vemos que são exacerbadas certas coisas. As entidades que me assistem, continua dizendo Pai Rivas, que eu tenho a misericórdia de que me assistem, falaram para que eu coloque a paz. Se alguém se exacerbou neste episódio, certamente não foi por orientação Deles. As entidades que trabalham com Pai Rivas sempre estimulam que procuremos a paz. Se vêem inimizade, por favor, dizem Elas, lembre-se de Jesus. Nós estamos caminhando e não podemos esperar para resolver as questões amanhã. Se reconcilie hoje com o seu irmão. As pessoas não têm que botar lenha na fogueira, tem que estimular a paz. Se não como os outros vão nos levar, adeptos das Religiões Afro-brasileiras, a sério?

 

Eu sou prova viva disto. Foi no (re)encontro com meu Pai que percebi sentido em militar nas Religiões Afro-brasileiras buscando este ideal de Paz, algo possível de ser alcançado. Na verdade, mais do que isto: como o Sagrado está em tudo e, por este exato motivo, levar esta bandeira de paz e amor para outros setores da sociedade também, como a Academia.

 

Quando entrei na OICD (Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino), minha forma de pensar e agir mudou. Venho de uma formação acadêmica em ciências aplicadas ao raciocínio capitalista, caso da Administração com enfoque industrial, e vivia a Umbanda como uma parte importante do meu tempo. Sempre gostei dela, mas ela "ocupava" um espaço, não era ainda minha engrenagem psicológica.


O que fazer? Não vi outra solução que ouvir o meu pai espiritual. E aí ouvi, ouvi muito. Não só em conversas pessoais, mas em todas as horas que podia. Ao ler os Seus livros, Suas prédicas no terreiro, em conversas coletivas com vários filhos de santos. Enfim, ouvir, ouvir, ouvir. Num dado momento, percebi que minhas mudanças já começavam a acontecer para melhor "apenas" ouvindo-O. 


Depois de um tempo vi que isto não era suficiente. Que Iniciação é esta que só recebe? A Iniciação como claramente colocado pelo Mestre é dialógica. É o diálogo como terapia! Com o trabalho sempre sério, honesto e sem outros interesses que não a causa espiritual tive a felicidade de ficar mais próximo do Pai Rivas. Neste momento, além de inúmeros assuntos, percebi como comentava muito comigo questões ligadas à Academia. Teologia, Filosofia, Ciências Sociais, lembro-me de várias vezes recorrer aos livros para compreender melhor termos e conceitos que Pai Rivas trabalhava. Como sugestão do meu Mestre li Peter Berger, Compêndios de Psicologia, Max Weber, Habermas... Enfim, quando pisquei os olhos lá estava o Mestre orientando a buscar a Academia e, ouvindo-O, aceitei o desafio.


Um ano e meio depois estou com o mestrado conquistado e um projeto de Doutorado que foi fruto direto de Ouvir e Trabalhar com e pelo Mestre. Afinal Ele é para mim o que todo sacerdote é para os seus filhos, ou seja, o axis mundi, o Ancestral que retorna e nos mostra o caminho da paz, a realização Espiritual.

 

Como este trabalho é serio mesmo e tem muitos frutos, não só eu passei por esta alegria, mas outros irmãos. Sendo assim, passo a pena para o Obashanan que faz poucos dias escreveu na lista um texto denominado "Nomes de iniciação: a marca da ética espiritual". Neste texto encontramos um importante alerta que ele comenta com as listas, por fruto direto do aprendizado que teve com Pai Rivas.

 

"Assim, a ética espiritual que nos diz que podemos ser livres para buscarmos novos caminhos, é a mesma que nos diz que devemos honrar o caminho que trilhamos em nosso passado, pois nada se perde.

 Sabemos que há muitos que renegam seus pais, iniciadores e as casas onde seus nomes foram recebidos e ainda assim continuam se utilizando de seus nomes iniciáticos para manter nada mais que status. Mas esse nome, quando utilizado sem a devida ligação com seus ancestrais encarnados não passa de um fantasma, de uma casa vazia, pois ele existe sem seu sustentáculo físico, pois ao negar sua ancestralidade, negou as evidências luminosas de sua própria alma.

 Pois em geral estes que abandonam suas tradições, que saem de suas casas espirituais, estes que não eram nada antes de conhecerem o pai espiritual que lhes revelou seus nomes e que os fez conhecerem seus mentores – pois nem isso sabiam antes de encontrarem seu antigo mestre - não vivem mais do que uma ilusão, pois querem enganar a outros enganando a si mesmos, imaginando que todas as pessoas são toscas como eles mesmos.

 Ai pergunto:

 1) Será que o verdadeiro astral acoberta estes que faltam com a ética e o respeito a seus iniciadores?

 2) Será que o trabalho destes que sequer conseguem ter coerência com seu passado – pois o vivem escondendo – deve ser levado em consideração, já que não passam de mentirosos e farsantes? Pois quem mente com seu espiritual, facilmente mente na própria vida e mente a seus supostos "filhos de santo".

 3) Que exemplo de história querem dar ao futuro estes que falsificam a própria história de suas vidas?"

 

Depois deste importante alerta, permanecemos a pena com o Obashanan para que ele externe a sua alegria e honra na reedição, a quarta para ser mais preciso, do livro "Exu – O Grande Arcano":

 

"A Ayom tem a honra de apresentar a público seu primeiro lançamento em forma de livro. Essa honra se deve ao fato de esta ser a obra mais importante da história da literatura afro-brasleira sobre o assunto. Imbatível em termos de ineditismo, conceito, autenticidade e verdade, este livro que está em suas mãos é um tesouro precioso, uma joia rara que é testemunha e corolário de uma tarefa raramente vista de entrega de um médium ao seu trabalho. 

Mestre Arhapiagha (F. Rivas Neto) representa a aurora viva de um novo tempo que se descortina para a compreensão da religiosidade genuinamente brasileira. (...)

Exu – O Grande Arcano é um bálsamo, uma possibilidade rara de reencontro com as afirmações precisas de um mentor (o Exu...) que se manifesta em seu médium portentoso trazendo revelações únicas e luminares sobre as trevas da compreensão estreita a respeito de nossas origens e destinos.

Por isso, aproveite cada palavra escrita nessas páginas, pois é raro, hoje, esse contato tão perfeito com um mundo astral que jamais desiste de nós, peregrinos nessa terra de tanta dor e sofrimento. Aproveite a verdade expressa em cada linha nos minutos preciosos de leitura. Mestre Arhapiagha (F. Rivas Neto) consegue, em simbiose com seus mentores, traduzir o incompreensível a tantos, concretizando, através deste livro, a sabedoria que nos falta para estarmos em unidade com o Universo integral, onde corpo, sentimento, mente e espírito são expressões esquecidas da paz tão almejada refletida na amizade que diminui a distância entre os "vivos" e os "mais vivos" e encerra as dúvidas irrefletidas sobre a vida e a morte".

Isto são duas vivências em formato de relatos que se multiplicam nas dependências da OICD. Tenho certeza que todas as casas espirituais sérias possuem casos parecidos, com sacerdotes e médiuns formados no terreiro respeitando a tradição da sua Escola e visando a tão propalada paz mundial.

 


Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

Nenhum comentário:

Postar um comentário