Aranauan, Saravá, Axé,
Temos acompanhado todas as listas que participamos com atenção. Vários são os assuntos que tocam ora o cerne ora a periferia da nossa religião e isto é ótimo. Dentro desta diversidade que obviamente não nega a alteridade, vamos caminhando tendo a Espiritualidade como ponto comum.
O ponto de hoje observado no vídeo "Na Umbanda, responsabilidade é preciso..." que pode ser acessado neste link: http://www.youtube.com/pairivas#p/u/4/RIrhKekICbY é de alguma forma aporético, ou seja, promove um encontro da essência e aparência de forma paradoxal. Vamos a ele:
Pai Rivas entre 39min 16seg e 40min 29seg afirma que a FTU é importante no cenário da educação e religiosidade brasileira. Ainda assim, algumas pessoas que me disseram que o termo teologia foi primeiramente falado por este ou aquele e Pai Rivas afirma que deva ser verdade. Porém isto não pode ser tomado como domínio da Teologia. Da mesma forma meu Pai estimula o seguinte raciocínio: só porque Pai Rivas fundou a faculdade, foi o primeiro, quer dizer que ninguém mais vai lá? Só porque o Pai Rivas fundou? O Pai Rivas fundou, mas a faculdade é para todos. Várias pessoas a cursam, inclusive sacerdotes de outros terreiros, mas a faculdade não forma sacerdote.
Esta discussão é interessante e nos estimula compreender a relação entre religião (crença religiosa) e teologia (conhecimento religioso). Aliás, aproveitando o ensejo, sugiro a leitura atenta da publicação de hoje no Blog Espiritualidade e Ciência – "Aspectos Teológicos e Religiosos do Candomblé de Caboclo"
Este texto está disponível neste link: http://espiritualidadeciencia.wordpress.com e o vídeo que o acompanha é maravilhoso também.
Pois bem, enquanto se fala de "preto-velho" com aspa que comete erros, o que sinceramente não acho ser possível, Pai Rivas fala do Preto-Velho e sua portentosa valência seus valores religiosos que são fundamentais em uma sociedade tão fragmentada no conhecimento e nos aspectos éticos.
Ao citar o Candomblé de Caboclo, Pai Rivas nos lembra de como surgiu o Preto-velho carregando toda a simbologia do povo africano e que frequentemente os terreiros associam ao nego escravo. Esta é a famosa linha das almas cultuadas na maioria dos templos religiosos afro-brasileiros espalhados pelo Brasil e pelo mundo.
Neste momento onde a crença religiosa é legítima e importante para até mesmo os processos iniciáticos, Pai Rivas introduz um questionamento teológico: "Por que os espíritos de africanos são obrigatoriamente velhos? Não havia escravo evoluído que fosse jovem?".
O questionamento carrega uma lógica clara, válida e consistente. De fato muitos negros desencarnavam em idade adulta ou jovem, por que o Astral fixou nos terreiros a imagem e arquétipo do africano como ancião?
Sinceramente qualquer interpretação pessoal da resposta que li prejudicaria a mesma. Sendo assim, peço licença ao meu Pai e transcrevo do Blog novamente:
"Foi uma maneira inteligente e espiritualizante de integrar o culto aos mortos – em especial dos Babá Egun (cabeça de uma linhagem de Ancestrais), que são negros e velhos, portanto Pretos Velhos. Conciliação adequada e não hierarquizada, pois na Umbanda e no Candomblé de Caboclo apesar da supremacia do Caboclo, os Pretos Velhos tem igual importância, sendo muito queridos e requisitados nos conselhos e mandingas várias".
É com este "gostinho" de quero mais que convido todos os irmãos para lerem o blog no link: http://sacerdotemedico.blogspot.com/2011/03/aspectos-teologicos-e-religiosos-do.html e depois assistirem o vídeo neste link: http://www.youtube.com/user/pairivas#p/u/0/_3od39UGLPo
E deixa a Gira girar!
Aranauan, Saravá Fraternal,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)
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